Cidades

Quinze doses fora da validade da vacina AstraZeneca foram aplicadas em Alagoas

Por Redação com site Metrópoles 24/04/2021 19h04
Quinze doses fora da validade da vacina AstraZeneca foram aplicadas em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Quinze pessoas de Alagoas podem ter tomado a vacina da Oxford/AstraZeneca com data de validade vencida. Os dados foram colhidos pelo portal Tribuna Hoje, a partir de uma reportagem do site Metrópoles, de Brasília, postada na tarde deste sábado, ao revelar que 160 cidades em 23 estados aplicaram vacinas vencidas contra a Covid-19 na população, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. Uma tabela com as cidades apontadas, inclui casos  de aplicação do imunizante fora da validade nos municípios de  Arapiraca (7 casos), Delmiro Gouveia (2), Flexeiras(1) Maceió (2), Paripueira (2) e Viçosa (1). Os microdados de vacinação compilados pela pasta apontam que 1.254 pessoas em todo o país foram inoculadas com doses de lotes do imunizante da Oxford/AstraZeneca cuja data de expiração já tinha passado. Acesse tabela com as 160 cidades onde foram aplicadas as doses vencidas Para chegar à informação, o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do  SITE Metrópoles, cruzou as informações oficiais sobre vacinas aplicadas com os registros de envios de imunizantes para as unidades da federação, onde constam a data de vencimento para cada lote. Segundo o portal de notícias, o problema envolve  as doses de três lotes de vacinas produzidas pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford fabricadas na Índia e importadas prontas pelo Brasil, os lotes 4120Z001, 4120Z004 e 4120Z005. São grupos de imunizantes cuja data de validade, de seis meses, já expirou. Os lotes foram produzidos em outubro do ano passado. O que ocorreu Os lotes questionados estão envoltos àquela confusão sobre idas e vindas de um voo brasileiro à Índia para buscar os primeiros lotes de vacina produzidos pelo Instituto Serum daquele país. Em 31 de dezembro do ano passado a FioCruz obteve a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para importar 2 milhões de doses. No dia 14 de janeiro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello prometeu enviar um avião da empresa Azul, adesivado pela equipe de Marketing do governo, mas a viagem foi cancelada pois a Índia ainda não havia  liberado os imunizantes. As vacinas comente chegaram ao Brasil no dia 22 de janeiro e começaram a ser distribuídas aos estados no dia seguinte. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção da Covishield no Brasil, apontou que os três lotes envolvidos vieram justamente nesse voo.  Segundo a bula da vacina no site da Anvisa, a validade do imunizante é de seis meses a partir da data de fabricação, e o produto não deve ser usado após o prazo previsto. “Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original”, diz o documento oficial. De acordo com o registro no Ministério da Saúde, o lote 4120z001 foi autorizado para ser distribuído em 24 de fevereiro e se  vencia em 29 de março deste ano. A maior parte dos casos de aplicação de vacinas vencidas mapeados pela reportagem do site Metrópoles se refere a esse lote. Foram 869 casos identificados em cinco estados. Já os lotes 4120Z004 – com 108 casos em cinco estados – e 4120Z005 – 277 casos em 17 Unidades da Federação – foram autorizados em 22 de janeiro e venceram em 13 e 14 de abril, respectivamente. A epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde entre 2011 e 2019, afirmou em entrevista ao site Metrópoles que a aplicação de vacinas fora da data de validade “é um erro de procedimento, cuja responsabilidade é de quem está na ponta: o município, a sala de vacina”. Segundo ela, o sistema público tinha por norma não enviar ao entes federativos vacinas com menos de 3 meses de validade. “Numa situação especial, como agora, pode-se flexibilizar para um mês, mas precisa haver agilidade”. “Não há autorização ou previsão para a aplicação fora da validade, as vencidas têm que ser desprezadas”, acrescentou. A especialista afirma ainda que há casos em que pode ser pedido à Anvisa a revalidação de datas de validade, mas que a decisão precisa ser baseada em critérios técnicos. Procurada, a agência informou não ter recebido nenhum pedido nesse sentido e reforçou que “as condições de conservação, armazenamento e prazo de validade descritos em bula são baseados nos estudos de estabilidade e devem ser seguidos para garantir a qualidade de vacinas e medicamentos”.