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Maceió pode decretar situação de emergência

Cerca de 300 pessoas estão desabrigadas na capital alagoana; choveu 80% a mais do que a média mensal esperada para abril

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 17/04/2021 10h12
Maceió pode decretar situação de emergência
Reprodução - Foto: Assessoria
Devido às fortes chuvas que caem na capital alagoana desde o último dia 10 de abril, a Prefeitura Municipal de Maceió, pode decretar situação de emergência na cidade. Até o momento são cerca de 300 pessoas desabrigadas, principalmente, moradores de grotas localizadas em áreas de risco, como no Antares, Benedito Bentes, Bom Parto, Chã da Jaqueira, Clima Bom, entre outros bairros. Nos municípios alagoanos houve registros de alagamentos, mas sem a necessidade de medidas de contenções, até o momento somente Palmeira dos Índios está em estado de alerta. De acordo com o coordenador operacional da Defesa Civil Estadual em Alagoas, capitão Allan Cavalcante, a maioria dos desalojados estão em abrigos da prefeitura. “Possivelmente Maceió vai decretar situação de emergência, nós fomos à prefeitura nos últimos dias para orientá-los quanto ao assunto”, avisou. A Prefeitura de Maceió disse por meio da assessoria de comunicação que ainda não tem informações sobre se o decreto vai ocorrer. “A situação de emergência é decretada para que venham verbas públicas destinadas no apoio às vítimas no que diz respeito à normalidade social, a exemplo, de cestas básicas, colchões, cobertores, materiais de higiene e limpeza”, explicou. Em Maceió, conforme o capitão, a Defesa Civil Estadual recebeu inúmeras ocorrências de deslizamentos de barreiras com diversos estragos materiais com algumas residências destruídas, porém sem vítima fatal. “O Corpo de Bombeiros atendeu vários chamados, não temos um número exato, mas algumas famílias precisaram sair de suas casas devido ao risco de desabamento, mas a depender do nível de estrago quando acaba a chuva e até o solo se fixa, elas retornam para sua residência porque não houve destruição total”, salientou coordenador operacional. [caption id="attachment_441535" align="aligncenter" width="1200"] Moradores tentavam recuperar pertences e reutilizar madeira das casas destruídas (Foto: Edilson Omena)[/caption] A ladeira de Fernão Velho precisou ser interditada por conta de deslizamento de terra no local e queda de árvores e só deve ser liberada após obras de contenção das encostas. Na Chã de Bebedouro, uma barreira deslizou e atingiu uma casa. Cinco pessoas estavam no imóvel, mas ninguém ficou ferido. “Foi umas 6 horas da manhã. Estava cozinhando para a minha filha comer e a barreira caiu. A perna da minha filha ficou enterrada no barro, eu consegui puxar ela e pedir ajuda. Perdi meus móveis e documentos, a casa toda que construí”, disse José. A esposa dele conseguiu sair com as outras crianças. “Eu estava em pé e quando vi a barreira caindo, peguei a pequena que estava dormindo”, contou ela. Casas construídas embaixo de barreiras em risco O coordenador operacional da Defesa Civil Estadual em Alagoas, capitão Allan Cavalcante, explicou que muitas vezes as pessoas constroem casas embaixo de barreiras, então existe o risco iminente quando chove por se tratar de locais inadequados para moradia. “Os dias 10, 11 e 14 foram os que mais registraram chuvas este mês de abril, somente na capital alagoana choveu 80% a mais do que a média mensal”, observou o capitão Allan. [caption id="attachment_441159" align="aligncenter" width="1200"] Alguns bairros ficaram tomados por lama (Foto: Edilson Omena)[/caption] “Foram quase 400 milímetros a mais do que o previsto, já no litoral, a exemplo de Paripueira e São Luiz do Quitunde, também choveu bastante cerca de 50%”, disse. “As Defesas Civis de cada município toma as medidas de contenção, mas no interior não há gente desabrigada, então não solicitaram apoio da Defesa Civil Estadual e nem da Nacional”, pontuou. MONITORAMENTO O oficial militar ressaltou que o monitoramento das chuvas é feito em tempo real com a Defesa Civil Municipal e a Sala de Alerta da Secretaria do Meio Ambiente e Dos Recursos Hídricos (Semarh), linkados com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais em São Paulo, Defesa Civil Nacional em Brasília e a Apac - Agência Pernambucana de Águas e Clima. [caption id="attachment_441062" align="aligncenter" width="1200"] Rio Mundaú sobe em União dos Palmares devido às chuvas fortes[/caption] “Estamos com informações dos rios Mundaú, Paraíba, Jacuípe e Ipanema, estes que vem de Pernambuco, então antecipadamente sabemos da elevação ou não. Choveu muito também em Pernambuco, mas todos os rios se encontram na calha, ou seja, não há risco de transbordamento”, destacou o coordenador operacional. “Inclusive os rios baixaram e estão em situação normal”, frisou. Segundo o capitão, apenas uma ponte que passa pelo Rio Meirim, teve um pequeno dano no bairro Saúde, em Riacho Doce, no litoral Norte, mas não há risco de desabamento. 16 famílias foram abrigadas na Casa de Ranquines Na sexta-feira (16), 36 famílias foram encaminhadas para atendimento no Centro de Atendimento Socioassistencial (Casa), para avaliar se estão no perfil para receber o Aluguel Social ou outros benefícios socioassistenciais. Ao todo, 16 famílias foram encaminhadas para a Casa de Ranquines, que é um abrigo conveniado à Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas). A Semas também ficou responsável pela organização e logística dos três abrigos provisórios, nas escolas Maria José Carrascosa no Poço, Frei Damião, no Benedito Bentes e Kátia Assunção no Jacintinho, que estão já prontos para receber famílias desabrigadas. No último fim de semana, 24 famílias foram encaminhadas pela Defesa Civil, e atendidas no Centro de Atendimento Socioassistencial da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas). [caption id="attachment_441622" align="aligncenter" width="1200"] Escolas estão prontas para atender desabrigados (Foto: Ascom Semas)[/caption] Do total, 12 famílias estão no perfil e já foram inseridas no Aluguel Social e cinco ainda estão com pendências no cadastro, devendo retornar à unidade com toda a documentação necessária para regularizar sua situação. “Sete famílias não atendem aos critérios para receber o benefício, pois sua renda ultrapassa o perfil estipulado ou já são amparadas por algum programa socioassistencial”, disse o órgão. Em uma das ocorrências no domingo (10), foi atendida uma mãe com oito crianças, que estavam em uma casa com risco de desabamento, no bairro do Benedito Bentes. A família foi acolhida pelo Projeto Cantinho da Graça, e encaminhada para o Aluguel Social. Somente essa família foi para o abrigo. As demais famílias foram para casa de parentes e estão sendo acompanhadas pela secretaria. Em casos de alagamentos e deslizamentos de encostas, a população deve entrar em contato com o 199 da Defesa Civil.