Cidades

Ufal: pandemia segue “em descontrole”

Segundo observatório, apesar de dados apontarem estabilidade, busca por hospitais e elevação de casos denota evolução

Por Texto: Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 11/02/2021 09h26
Ufal: pandemia segue “em descontrole”
Reprodução - Foto: Assessoria
O boletim Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 referente a 53ª semana epidemiológica indica redução na incidência de casos, acompanhada pela queda no número de óbitos. Entretanto, apenas tais dados não são considerados suficientes para determinar a situação da doença no estado. De acordo com os pesquisadores, a pandemia segue em descontrole por fatores como aumento na taxa de ocupação hospitalar, por exemplo. Enquanto estatisticamente os casos seguem em decréscimo em relação a semana anterior, a taxa de ocupação hospitalar para Covid-19 subiu 10% em apenas uma semana. De acordo com o boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) divulgado ontem (10) a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no estado é de 58%, acima da margem de segurança estipulada pelo Comitê de combate à Covid-19 no Nordeste.. Além disso, o número de casos suspeitos ou em investigação passa dos 7 mil. Tais fatores, segundo o pesquisador Gabriel Badue justificam a situação de descontrole que poderá ser percebida nas próximas semanas, principalmente por conta dos dias de Carnaval. Apesar de não haver festas liberadas para o período há uma preocupação, inclusive do poder público, que ocorram aglomerações e festas clandestinas. “Após um período de quase três meses de tendência de alta, tivemos uma sinalização de controle na última semana representada pela queda na incidência de casos e óbitos, em relação à semana anterior. No entanto, o aumento na demanda por hospitais e o alto número de casos suspeitos são evidências de descontrole Considerando a fragilidade no nosso processo de testagem, Alagoas é o segundo pior estado nesse quesito, devemos aguardar o resultado das próximas semanas para confirmar essa tendência. Em especial, por conta do Carnaval”. A possibilidade de avanço severo da doença não é descartada pelo pesquisador. A exemplo de outros estados, Alagoas pode passar por um período crítico caso o descontrole na transmissão de Covid-19 permaneça. “Essa hipótese não é descartada já que atualmente as estimativas do número reprodutivo (que mede a transmissão) continuam apontando para um aumento do número de casos”. O pesquisador defende um maior controle da doença no estado que só pode ser feito através de políticas de prevenção. Na avaliação de Badue, apenas abertura de leitos não resolvem a complexidade do problema. “Políticas de prevenção. Rastreio de cadeias de contágio. Qual o limite do governo em aumentar os leitos? Mais leitos geram outras demandas como por suprimentos e profissionais de saúde, por exemplo. Nesse sentido, entendemos que a atenção que tem sido dado ao tratamento é importante, mas que ela não pode ser realizada em detrimento das estratégias de prevenção. Essas políticas [de rastreio] são fundamentais para o controle da transmissão enquanto não temos a imunidade coletiva”, detalha. Questionada sobre a situação da ocupação de leitos no estado, a Sesau afirmou que neste momento não há risco de colapso na rede hospitalar. “Está tudo sendo monitorado e a ocupação nesse momento não apresenta nenhum tipo de risco de colapso”.