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Escolas privadas retomam aulas presenciais na capital alagoana

Colégios têm adaptação a novo modelo híbrido com aulas online e presenciais para este ano

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 02/02/2021 12h29
Escolas privadas retomam aulas presenciais na capital alagoana
Reprodução - Foto: Assessoria
Após quase um ano fora da sala de aula, na segunda-feira (1º), muitos alunos da rede privada de ensino na capital alagoana retornaram às aulas presenciais. As aulas presenciais estão liberadas desde o último dia 21 de janeiro, conforme determinação do decreto estadual do retorno gradual das atividades nas escolas, divulgado em dezembro do ano passado. As aulas presenciais foram suspensas em março de 2020 devido ao avanço da Covid-19 no estado e desde então os alunos começaram a estudar de suas casas por meio do recurso online. Isabel Almeida, mãe de um garoto de 13 anos, diz que se depender dela o filho vai continuar estudando de forma remota. Sua genitora tem 75 anos e é do grupo de risco, por isso ela ainda não se sente segura de enviar o filho para a escola. “Há quase um ano estamos isolados, meu filho não sai para praia, shopping, festinhas, entre outros, e ele é bem consciente quanto à situação, temos muito medo de minha mãe contrair o vírus”, ressaltou. “Meu filho vai continuar tendo as aulas pela internet. Sinceramente não sei como vai ser isso, se vai dar certo, até porque o professor vai estar na sala de aula com um bocado de aluno mesmo que seja em menor número, o aluno em sala deve demandar uma maior atenção e controle para que essas aulas sejam transmitidas ao vivo”, mencionou a mãe. Ela reforçou que quando se trata de criança ou adolescente é muito perigoso. “O meu tem 13 anos, uma hora se descuida apesar de ser muito consciente, morre de medo de acontecer alguma coisa com a avó, mas mesmo assim quando encontrar com os amigos que a tanto tempo não vê, imagine... Ele só vai quando minha mãe tomar a segunda dose da vacina”, destacou Isabel. Sindya Vicente, mãe de filhos de 11 e 15 anos, diz que eles estavam ansiosos para voltar a estudar e rever amigos e professores. “Eles ultimamente só falavam nisso.Eu vou mandá-los porque estudar online não deu muito certo, não tem a mesma eficiência do presencial. É claro que bate aquele receio, mas acredito nos protocolos da escola, já fui lá ver como estava sendo a preparação, e gostei da organização”, pontuou. No Colégio Marista, inicialmente a retomada foi considerada muito tranquila e segura. Segundo a direção, houve uma parceria das famílias e o empenho de toda comunidade educativa. “Realizamos reuniões com todos os pais apresentando o nosso protocolo de retorno, o que contribuiu muito para o esclarecimento de dúvidas e maior tranquilidade das famílias. Também preparamos um vídeo institucional mostrando toda nossa estrutura física devidamente sinalizada, e com o cumprimento de todas as determinações do protocolo de biossegurança. Além disso, toda nossa equipe administrativa e pedagógica passou por uma semana de formação antes do retorno às aulas presenciais”, explicou a vice-diretora Educacional, Elizabeth Cocentino. Por lá, o revezamento entre presencial e online começou ontem. “Mapeamos o desejo das famílias através do formulário de opinião e organizamos os agrupamentos necessários para atender com qualidade e eficácia a todos”, frisou. De acordo com a vice-diretora, apenas 15% das famílias optaram pelo sistema exclusivo on-line, devido terem pessoas do grupo de risco na convivência diária da criança e não se sentirem ainda confortáveis ao retorno. “Hoje vivemos uma realidade onde a maioria dos pais/responsáveis retornaram ao trabalho de forma presencial, demandando a necessidade do retorno da rotina escolar”, frisou. Elizabeth Cocentino explicou que as turmas serão divididas em Grupo A e Grupo B, que frequentarão as aulas presenciais no sistema de rodízio, obedecendo ao limite do quantitativo de alunos, de acordo com o decreto e tamanho de espaço da sala, com distanciamento de 1,5m entre as carteiras. “Os ares-condicionados serão mantidos desligados e a porta e janelas abertas”, afirmou. “Todas as crianças passaram por uma semana de formação e orientação para esse retorno. Orientamos que tragam o álcool em gel, mesmo com o display em todas as portas das salas. Criamos na rotina da sala de aula a lavagem das mãos nas pias ecológicas distribuídas nos nossos espaços, a troca de máscaras e a higienização dos objetos. O uso da garrafa de água é obrigatório, não sendo permitido tomar água nos bebedouros, que também foram adaptados com bicos invertidos para uso exclusivo do enchimento de garrafas. As mochilas não são guardadas mais dentro das salas, elas ficam organizadas em carrinhos nas entradas, e todas são higienizadas diariamente por nossa equipe de apoio e limpeza”, detalhou Elizabeth Cocentino. Segundo ela, os intervalos estão sendo em horários diferenciados e locais direcionados. Sempre com a orientação e monitoria da equipe pedagógica no direcionamento de atividades que não possibilitem a aglomeração e o contato físico. Professores temem demissão caso não retornem ao presencial Eduardo Almeida, presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas (Sinpro/AL), frisou que ainda é cedo para que os docentes avaliem o momento do retorno presencial das aulas em decorrência da existência de muitas informações desencontradas. Segundo Almeida, ainda há receio de alguns professores para esta retomada, principalmente aqueles que fazem parte do grupo de risco, que temem demissão se não voltarem a dar aulas presenciais. Uma mediação foi instaurada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) a pedido do Sinpro/AL, que afirmou não ter recebido o protocolo sanitário para o início das aulas do ano letivo de 2021. De acordo com a entidade, a medida ideal seria estabelecer um regramento para disciplinar o retorno às atividades no sistema híbrido. Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Alagoas, o protocolo sanitário solicitado pelos professores é o mesmo que já vinha sendo adotado para proteger os trabalhadores. Sobre os professores que integram o grupo de risco, o sindicato afirmou que não há intenção das escolas em promover a demissão desses profissionais. A entidade que representa as escolas particulares ainda explicou que o Conselho Estadual de Educação está tratando da regulamentação do ensino híbrido nos ensinos infantil, fundamental e médio. O presidente do Sinpro, acredita que até quinta-feira (4), deva ter um termômetro para avaliar todas as informações que estão chegando à entidade. Opção por ensino exclusivamente remoto Jhoseph Oliveira, diretor administrativo do Colégio Santíssimo Senhor, explicou que em relação ao número de alunos matriculados para 2021, cerca de 20% deles optaram pelo modelo exclusivamente remoto. “Nós acreditamos que são aqueles cujas famílias ainda podem manter o filho em casa e que, mesmo com todos os protocolos de segurança que estão sendo seguidos pelo colégio, ainda se sentem mais seguros com a criança assistindo às aulas de maneira on-line”, observou. [caption id="attachment_424793" align="aligncenter" width="1200"] Retomada das aulas em escolas de Maceió teve aferição de temperatura (Foto: Assessoria)[/caption] De acordo com o diretor, as aulas no Colégio Santíssimo Senhor retornaram ontem e na educação infantil foram ofertados aos pais os modelos: remoto com aulas 100% on-line e o presencial com aulas 100% presenciais. Já para as turmas do ensino fundamental ao ensino médio os modelos: remoto com aulas 100% on-line e o híbrido com aulas presenciais e aulas on-line. “No caso da educação infantil, só foi possível ofertar o modelo 100% presencial porque todas as turmas tiveram o número de vagas reduzidas em 50%”, frisou. Jhoseph Oliveira lembrou que desde quando os colégios foram autorizados a retomar as aulas de forma presencial, a direção do colégio está empenhada para seguir todos os protocolos de saúde determinados pelos órgãos competentes e tem mostrado aos pais que eles estão sendo seguidos. No entanto, algumas famílias ainda preferem deixar os filhos em casa. “Nós entendemos perfeitamente e adequamos nossa realidade para também atender a este público”, disse. SISTEMA HÍBRIDO No sistema híbrido, o Colégio Santíssimo Senhor trabalha com o escalonamento de grupos – Grupo A e Grupo B. Cada um deles vem um dia na semana. Enquanto os alunos estão no colégio, o outro está em casa assistindo à aula ao vivo. Ainda de acordo com o diretor Jhoseph Oliveira, na sala de aula está sendo respeitado o distanciamento mínimo. Em relação ao número de alunos, ele comentou que depende muito da capacidade do tamanho da sala. “Por exemplo, na educação infantil temos salas que comportam no máximo 10 alunos e outras 12. Já no ensino fundamental ao médio, a capacidade das salas varia de 15 a 25 alunos presencialmente”, explicou. [caption id="attachment_424795" align="aligncenter" width="1200"] Aula presencial com distanciamento e número reduzido de alunos por turma (Foto: Assessoria)[/caption] Sobre o ar-condicionado e os ventiladores, conforme o diretor, as salas permanecerão com eles ligados, no entanto portas e janelas ficarão entreabertas para garantir a circulação do ar. HIGIENIZAÇÃO No que diz respeito à higienização, Jhoseph Oliveira afirma que o estabelecimento de ensino está fazendo a lição da maneira mais correta. “Disponibilizamos tapetes sanitizantes, pias e totens de álcool em gel em todas as portarias, além de dispensers espalhados por vários locais do colégio. Todas as pessoas – alunos, familiares e colaboradores – só podem ter acesso ao nosso prédio depois que a temperatura é verificada e o uso da máscara é obrigatório. Estamos sanitizando nossos espaços a cada 15 dias, com uma empresa especializada. Diariamente, quando os alunos chegarem, antes de irem para a sala, mochilas e lancheiras também serão desinfetadas”. [caption id="attachment_424791" align="aligncenter" width="1200"] Higienização das mochilas na entrada da escola (Foto: Assessoria)[/caption] Em relação ao álcool em gel individual, ele mencionou que não é uma exigência do colégio, mas o aluno que trouxer pode utilizá-lo e os funcionários e colaboradores estão atentos para que nenhum incidente possa acontecer. “Já sobre o intervalo, os alunos permanecem em sala de aula. Quem precisa comprar o lanche vai até a cantina, busca o lanche e volta para sala. Para agilizar todo este processo, o colégio fez uma parceria com um aplicativo, onde o pai pode comprar o lanche da criança de onde ele estiver, inclusive no dia anterior à aula, e, na hora do recreio, o lanche já estará pronto”, concluiu Jhoseph Oliveira.