Cidades

GGAL registra mais de 500 denúncias de agressões

Casa de acolhimento é inaugurada em Maceió para dar suporte a vítimas

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 06/01/2021 08h34
GGAL registra mais de 500 denúncias de agressões
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais de 500 denúncias de violência contra o público LGBTI+ foram registradas pelo Grupo Gay de Alagoas (GGAL) durante o ano de 2020. O número é cerca de 80% maior do que o registrado no ano anterior, quando foram contabilizados 287 casos. Com o objetivo de dar suporte a essas vítimas, uma casa de acolhimento foi inaugurada nesta terça-feira (5) na parte alta da capital. O presidente do GGAL, Nildo Correia detalha que as mudanças provocadas pela pandemia fizeram “explodir” o número de denúncias. “Esse ano [2020] nesse processo de pandemia houve um aumento no número de denúncias. No relatório geral foram 513 denúncias de agressões física, moral, expulsões. Eu não sei dizer ao todo o número de expulsões, mas durante a pandemia o número de atendimentos aumentou e foi preciso buscar espaços para acolher, foi em torno de 40 pessoas. Pessoas que foram expulsas de casa, que não puderam se manter, toda essa problemática que teria sido mais fácil de atuar se houvesse o centro de acolhimento que nasce hoje [ontem]”, afirma. Na maioria dos casos, as vítimas sofrem agressões dos próprios familiares, realidade que foi escancarada durante o distanciamento social e a maior permanência das pessoas em convívio familiar. “Em 2019 foram 287 casos. Em 2020 são mais de 500 denúncias. A gente observa que houve um grande aumento e por incrível que pareça a grande maioria dessas agressões aconteceu no seio familiar. Onde quem durante essa pandemia deveria mais acolher, proteger foi quem mais agrediu”, revela. Espaço tem capacidade para acolher até 10 pessoas   Segundo Correia, o Centro de Acolhimento Ezequias Rocha Rego (CAERR) nasce com o objetivo de prestar assistência a LGBTIs que estejam em vulnerabilidade a exemplo dos que são expulsos de casa ou sofreram algum tipo de violência. “Quando chega uma situação assim precisamos procurar uma casa de passagem, abrigo municipal. Quando recebíamos uma ligação de um LGBT expulso de casa em pleno sábado à noite, como achar acolhimento? Precisávamos acionar grupos de WhatsApp para ver quem poderia receber. Então tendo o espaço para receber, a qualquer dia da semana e a qualquer hora teremos como acolher as pessoas. A parte de baixo da casa será para atendimento, assessoria jurídica, médica, psicológica, cursos profissionalizantes, aulas de libras, cursinhos preparatórios e o espaço de cima é para ao atendimento físico. Nós preparamos esse espaço para atender de 8 a 10 pessoas num acolhimento temporário. Não temos como acolher mais de dez pessoas porque o espaço é pequeno, gera custo e atualmente nós conseguimos manter através de uma rede de doações para custear água, luz, material de consumo e outros”, aponta. Mais de cem profissionais das mais diversas áreas de atuação devem trabalhar na casa de acolhimento. Além disso, o custeio da casa também é feito por meio de doações mensais. “É uma rede de mais de cem profissionais voluntários: Médicos, professores, assistentes sociais, psicólogos”. Exemplo disso é a psicóloga e voluntária da casa de acolhimento Edsangela Palmeira. Ela comemora a inauguração e afirma que o espaço preenche uma importante lacuna para o acesso e garantia de direitos do público LGBTI+ em Maceió. “Vai ser um espaço tanto de acolhimento como de emprego e geração de renda para essa população que é tão marginalizada. Vou atuar como voluntária, nesse acolhimento, atuando como psicóloga. São diversos outros voluntários, jornalistas, advogados, assistentes sociais. Sabemos que nosso país é extremamente preconceituoso e essa população sempre acaba sendo vítima de violência. A iniciativa busca garantir que pessoas em vulnerabilidade acessem seus direitos”, diz Edsangela Palmeira.