Cidades

Novo mapa inclui parte do bairro do Farol em zona de risco

Imóveis antes sob investigação agora estão classificados na área de monitoramento; escalada do fenômeno preocupa MPF

Por Texto: Evellyn Pimentel, com assessoria com Tribuna Independente 12/12/2020 09h51
Novo mapa inclui parte do bairro do Farol em zona de risco
Reprodução - Foto: Assessoria
O novo mapa de risco da região que sofre com afundamento – divulgado na última sexta-feira (11) pela Defesa Civil de Maceió -, trouxe a constatação que as rachaduras “chegaram” em partes do bairro do Farol. Além disso, o mapa trouxe a inclusão de mais 1.417 imóveis que agora passam a integrar a zona de risco e monitoramento, destes 580 serão desocupados no Pinheiro e Gruta do Padre e outros seis imóveis no Farol. “A área ampliada, que passa a ter um monitoramento constante, foi inserida no mapa levando em consideração as evidências constatadas através de trabalho de campo com mapeamento de feições e de danos em edificações – danos estes semelhantes ao já mapeados no bairro do Pinheiro – e dos dados da interferometria (via satélite) que apontam movimentação de solo em evolução nestas regiões. Ao todo, foram inseridos no Mapa 1.417 novos lotes dos bairros de Bebedouro (áreas do Flexal de Cima e Flexal de Baixo), Bom Parto e do Farol, em área de monitoramento. Já a realocação de 586 lotes está concentrada em área já monitorada pelos órgãos de Defesa Civil, exceto seis lotes que se encontram no bairro do Farol”, explicou a Defesa Civil. Em setembro deste ano, moradores da Rua Tenente Antônio de Oliveira, no Farol, denunciaram o aparecimento e intensificação de rachaduras, segundo os moradores, o problema tem piorado desde maio deste ano. Desde então a região passou por investigação dos técnicos da Defesa Civil. O Ministério Público Federal (MPF) vê com preocupação a expansão do processo de afundamento para o bairro do Farol. A Força-Tarefa do MPF para o Caso Pinheiro – que abrange também os bairros Mutange, Bebedouro e Bom Parto –  é formada pelas procuradoras da República Niedja Kaspary, Roberta Bomfim, Júlia Cadete e Juliana Câmara. “A Força-Tarefa acompanha com preocupação todos os desdobramentos do Caso Pinheiro. O aumento da área abrangida pelo novo mapa corresponde ao que era esperado em razão do intenso monitoramento do fenômeno pela Defesa Civil, que está habilitada a fazer a gestão do risco. A inclusão de área no Farol é fruto desse intenso monitoramento”, pontua o órgão federal. Agora, segundo o MPF, começarão as tratativas para incluir esses imóveis no Programa de Compensação e Realocação da Braskem. EDÍFICIO AVEIRO Um dos imóveis que serão realocados no bairro do Pinheiro é o Edifício Aveiro. Durante a semana, a Tribuna adiantou que os moradores do prédio estavam à espera de uma resolução uma vez que o edifício apresenta rachaduras e estaria “ilhado” após a desocupação das adjacências. O síndico do Edifício Aveiro, Demétrio Torres fala em um misto de tristeza e alívio, com a notícia da desocupação. Agora, segundo ele, começarão os trâmites para reunir documentação e aguardar o posicionamento da Braskem para as tratativas de mudança e indenização. “A maioria dos moradores não pode sair agora. Vai ser preciso esperar, porque, apesar do medo em permanecer, muitos possuem financiamento em curso e não podem arcar com um aluguel ainda pagando as prestações”, enfatiza. Em nota, a Braskem afirmou que tomou conhecimento da atualização e que tem priorizado a segurança dos moradores. “A Braskem tomou conhecimento da atualização do Mapa de Linhas de Ações Prioritárias, entregue formalmente pela Defesa Civil aos signatários do Termo de Acordo para apoio à desocupação dos bairros em Maceió. A empresa informa que está em contato com as autoridades que fazem parte desse acordo, assinado em janeiro, para discutir as medidas conjuntas a serem adotadas. A prioridade da Braskem é a segurança dos moradores dos bairros afetados pelo fenômeno geológico, propondo e executando todas as ações necessárias para isso”. Áreas deixam de ter cores diferenciadas A nova versão do mapa foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF) um dia antes do prazo dado pelo órgão à Defesa Civil. O MPF solicitou, na semana passada, uma atualização do monitoramento da região considerando que as atualizações feitas até então diziam respeito a partes do mapa e não de toda a área. Com as informações divulgadas nessa sexta-feira, as áreas deixam de ter cores diferenciadas e passam a ter apenas a cor verde com a diferença da criticidade 00 verde cítrico com indicação de realocação; e verde escuro criticidade 01 para monitoramento. “O Mapa tem como finalidade identificar regiões que estão sofrendo danos e que há necessidade de realocação e, ao mesmo tempo, se antecipar em verificar regiões que podem vir a apresentar algum tipo de dano no futuro. O acréscimo de áreas se deve ao monitoramento contínuo da região e o refinamento no entendimento dos efeitos da subsidência e seus possíveis danos na área. Esse monitoramento e refinamento é um compilado de várias informações, entre dados de campo obtidos pela Defesa Civil Municipal, dados obtidos de maneira remota através de equipamentos como DGPS ou interferometria e também relatórios publicados por institutos e universidades nacionais e internacionais que nos informam sobre situação de risco. Todas estas informações são levadas em consideração para que seja feita uma tomada de decisões conjuntas e, assim, publicada a atualização do mapa”, explicou Victor Azevedo, engenheiro civil do Centro Integrado de Monitoramento e Alerta de Defesa Civil (Cimadec), um dos envolvidos na atualização do Mapa.