Cidades

Número de acidentes de trânsito pode cair 29% em Alagoas

Dados no estado refletem pandemia, fiscalização e duplicação de rodovias

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 30/09/2020 08h42
Número de acidentes de trânsito pode cair 29% em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria

Segundo um estudo realizado pela Seguradora Líder, administradora do consórcio que gere o Seguro DPVAT, haverá uma redução de quase 20% no número de acidentes de trânsito em todo o Brasil, porém em Alagoas este índice será ainda maior, na casa dos 29%.

A pandemia do novo coronavírus, a fiscalização nas vias, a duplicação de rodovias, a maior segurança nos carros são algumas das atribuições apontadas no estado para esta redução. No ano de 2019 foram registrados 3.082 acidentes de trânsito em Alagoas, diferente deste ano com 2.194.  Esses números fazem parte de projeções inéditas de acidentes até o final de 2020.

O levantamento prevê uma queda de 19% no número de ocorrências no país, considerando o período de isolamento social por conta da pandemia da Covid-19. A estimativa é que 229.646 vítimas sejam indenizadas pelo seguro em acidentes ocorridos neste ano.

Para o coordenador da Operação Lei Seca em Alagoas, Sérgio Ronaldo, a fiscalização mais intensa aliada à pandemia, duplicação de rodovias, além de mais segurança nos veículos são vetores importantes para a previsão de redução no número de acidentes este ano.

“Os acidentes reduziram, porém foram mais violentos por conta da ausência de veículos nas ruas, sobretudo no período da noite quando os condutores de motos saem para fazer entregas em geral e ‘voam’ nas pistas. Basta parar no semáforo que se percebe a quantidade dessas motos nas vias, sabe-se que grande parte dos acidentados são motociclistas”, frisou.

“Houve uma migração de empregos para os aplicativos, tenho pessoas na minha família, por exemplo, que ficaram sem trabalhar e compraram moto, vejo gente de classe média do mesmo jeito. Então o que ocorre é isso, aumento da fiscalização, pandemia, entre outros já citados”, ressaltou Sérgio Ronaldo.

Ele acredita que essa previsão se mantenha e não haja redução ainda maior daqui para o fim deste ano. “Com a flexibilização, estamos vendo mais carros nas ruas, nos fins de semana mesmo parece mais período de Carnaval com as praias lotadas, por isso, refuto novamente que a redução dos acidentes no trânsito tenha a ver com o isolamento social e o aumento da fiscalização da operação Lei Seca todos os dias nas ruas e o pessoal com receio”, ponderou o coordenador.

Sobre o índice, Sérgio Ronaldo afirmou ser bastante significativa: “É impressionante este número, pretendo me debruçar neles”. De acordo com ele, é fato que os acidentes voltaram a crescer, comentando que no Hospital Geral do Estado (HGE) é frequente o número de acidentados pilotando motocicleta e a causa é o excesso de velocidade durante a noite.

“Tem também a inexperiência do habilitado, sabemos que tem muita gente que tinha carro e passou a conduzir motos ou tinha CNH, mas não tinha moto. Tem concessionária que zerou o estoque de motos”, afirmou.

Mais de 140 mil das ocorrências previstas são relacionadas à invalidez permanente

Do total de ocorrências previstas pelo estudo até o final de dezembro, 143.842 estão relacionadas a coberturas por invalidez permanente, 56.408 a indenizações para despesas médicas e 29.396 a casos de morte. Os motoristas lideram o ranking das vítimas com participação em 144.225 das ocorrências, 62% do total. Já quando considerada a faixa etária mais sujeita a acidentes de trânsito, pessoas com idades entre 25 a 34 anos são as principais vítimas, presentes em 61.602 das ocorrências, 27% do universo projetado para este ano.

Quanto ao perfil dos veículos, as motocicletas seguirão sendo as responsáveis pela maior parte dos acidentes indenizados. A previsão é que 180.597 vítimas recebam o Seguro DPVAT por conta de ocorrências envolvendo motos, ou seja, 79% do total. Na média por 100 mil habitantes, das 14 mortes registradas por ano, sete são causadas pelo veículo.

Ao observar o mapa do Brasil em 2020, São Paulo (29.477), Minas Gerais (28.107), Santa Catarina (16.938) e Goiás (13.401) são os estados com previsão de maior quantidade de acidentes de trânsito a serem indenizados pelo seguro.

As maiores reduções de acidentes destacam-se nos estados do Ceará (35% de redução), Maranhão (37%), Sergipe (38%) e Acre (38%).

Apesar da redução, dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) indicam, que o Brasil permanece com uma média de 30 mil mortes causadas por acidentes e cumpriu, até 2019, 30% da meta da Década de Ação pela Segurança no Trânsito da Organização das Nações Unidas (ONU). Com o acordo, esperava-se que, até 2020, houvesse uma redução de 50% no número de mortes. Segundo o Departamento, em nove anos, o Brasil saiu da marca de 43.256 mil mortos no trânsito em 2011 para 30.371 mil mortos em 2019.