Cidades

Número de ataques com escorpião em Alagoas cai 23% no 1º semestre

Segundo a Sesau, registros de ataques de serpentes também tiveram redução em comparação com mesmo período de 2019

Por Tribuna Independente 18/09/2020 08h56
Número de ataques com escorpião em Alagoas cai 23% no 1º semestre
Reprodução - Foto: Assessoria

Os registros de incidentes com escorpiões em Alagoas caíram mais de 23% no primeiro semestre deste ano comparado com o mesmo período de 2019. Segundo dados tabulados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), de janeiro a junho de 2020, foram registrados 4.247 ataques. Já no mesmo período do ano anterior foram 5.523 acidentes. Em todo o ano de 2019, os registros apontam 10.548 ataques.

Ainda de acordo com a Sesau também ocorreu queda no número de ataques de serpentes. A redução foi de pouco mais de 16%. No primeiro semestre de 2020, foram contabilizados 195 incidentes envolvendo cobras. Já no mesmo período do ano passado foram 233 registros. Em todo o ano de 2019, 428 ataques de serpentes foram registrados no estado. Segundo a Sesau nos registros oficiais não há mortes. No ano passado, uma pessoa morreu na Barra de Santo Antônio após ser picada por um escorpião.

A secretaria também disponibilizou à reportagem os registros gerais de ataques de animais peçonhentos em Alagoas. De acordo com o panorama disponibilizado, de janeiro a junho são 4.853 ataques de peçonhentos. No grupo se enquadram: abelhas, cobras, escorpiões, lagartas, vespas e animais marinhos. Do total, 4.247 foram os ataques de escorpião, o mais comum acontecer segundo os especialistas. Em 2019, de janeiro a junho foram 6.535 ataques neste grupo. E em todo o ano, os registros apontam 12.528.

A estudante Lilian Vivian, 19 anos, residente no bairro Santos Dumont, parte alta de Maceió, foi vítima de ataque de escorpião em junho deste ano, em casa. Ela relata que o incidente aconteceu por volta das 23h30.

“Fui picada no início do mês passado. Na hora não tive reação porque pensei que tinha sido aquele ‘formigão’,  estava em casa e fui na cozinha descalça e estava escuro, quando acendi a lâmpada não vi nada pensei que era besteira. Porém, depois minha perna paralisou e a dor não estava só onde levei a picada, tinha subido para perna toda. A picada foi no calcanhar, só que como já tinha levado picada de escorpião anteriormente, percebi não poderia ser uma formiga. Procurei, e o escorpião estava debaixo da mesa ‘armado’. Matei, tirei foto e fui a UPA [Unidade de Pronto Atendimento]. Como tive reação a picada, fui atendida rápido. Lá tomei três injeções - ainda tive alergia a uma. Cheguei lá perguntaram se eu tinha tomado leite eu disse que não, aí eles explicaram dizendo que não pode tomar leite quando se é picado por algo venenoso porque o leite ajuda a espalhar mais rápido o veneno’’, relata a estudante.

O médico veterinário Isaac Albuquerque, diretor da SOS Selvagens, especialista em animais selvagens e perito em animais peçonhentos, diz que durante todo o ano há registro de ataques deste tipo de animais. No entanto, no verão tem maior incidência. “Escorpiões lideram o número de incidentes, seguidos por aranhas e serpentes. Estes registros são mais comuns com a chegada do Verão. E a incidência maior é na Zona Urbana’’, ressalta, acrescentando que no estado, o escorpião mais comum é o Tityus Stigmuros (conhecido como escorpião marrom). Mas, segundo ele, todas as espécies são perigosas. “A sensibilidade da vítima é que define a gravidade do incidente’’.

O especialista ressalta que quem sofrer o ataque desses animais não deve usar receitas caseiras. “A vítima deve ficar calma, elevar a área afetada e procurar um hospital de referência. Para evitar ser vítima de um animal destes é preciso frequentar ambientes naturais usando o EPI [Equipamento de Proteção Individual], não acumular lixo, entulhos e restos de construções’’.

Ataque de jararaca é responsável por 45% dos atendimentos no Helvio Auto

O Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), unidade assistencial da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), como referência para tratamento de acidentes ofídicos no estado, recebeu do início do ano até o dia 16 de junho, 105 casos de picadas de serpentes. Os dados apontam o município de Marechal Deodoro como o primeiro em número de ataques.

Os casos mais comuns são por picadas de jararaca, com 48 casos em 2020. As cobras não peçonhentas vêm em segundo lugar em número de ataques com 37 casos. A cascavel aparece em terceiro lugar com 15 casos, seguida da coral-verdadeira com quatro ataques. A surucucu foi responsável por uma única picada de acordo com os dados da unidade.

Este ano, Marechal Deodoro desponta como o município com maior número de casos atendidos pelo Hospital Helvio Auto, com 13 ataques de cobras venenosas, 11 deles causados por jararaca. A cidade de São Miguel dos Campos está em segundo lugar, com sete casos; seis pessoas picadas por jararaca e uma por serpente não peçonhenta. Já Maragogi aparece como o município com o maior número de ataques de Cascavel, com três casos.

A infectologista Luciana Pacheco explica que, ao ser picado por qualquer cobra, é imprescindível procurar socorro médico imediatamente. “As pessoas que são acometidas por ataques de serpentes não devem recorrer a crenças populares como passar fumo, espremer, utilizar torniquetes e outros. Devem procurar o serviço médico de saúde mais próximo, para administração do soro correspondente o quanto antes”.

O Hospital Helvio Auto dispõe de quatro tipos de soros diferentes para administração em pacientes de acordo com a espécie de serpentes, que são as mais comuns da fauna na região: jararaca, cascavel, coral-verdadeira e surucucu. Além do Hospital Escola Dr. Helvio Auto, por uma questão de rapidez e logística, outras unidades no interior do estado também recebem pacientes vítimas de animais peçonhentos. Segundo a Sesau, estão aptos a receber pacientes: Hospital de Emergência do Agreste, em   Arapiraca; Hospital Antenor Serpa, em Delmiro Gouveia; UPA de Palmeira dos Índios; Unidade Mista Dr. Djalma dos Anjos, em Pão de Açúcar; Unidade Mista Enfermeiro Antônio de Jesus, em Penedo; Hospital Senador Arnon de Melo, em Piranhas; e Hospital Clodolfo Rodrigues em Santana do Ipanema.