Cidades

Cresce busca por imóveis maiores durante a pandemia

Mercado imobiliário no estado tem notado mudança de comportamento e hábito por parte dos alagoanos

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 15/08/2020 11h00
Cresce busca por imóveis maiores durante a pandemia
Reprodução - Foto: Assessoria
A pandemia no novo coronavírus fez aumentar a procura por imóveis residenciais maiores em Maceió. Quem ‘morava no trabalho e passeava em casa’ passou a ter mais interesse pelo ambiente onde mora durante a quarentena por permanecer mais tempo em casa por conta do isolamento social. Com o surgimento da necessidade do home office e mais tempo com os filhos estudando em casa, a população precisou investir em residências maiores e melhores. Foi o caso da arquiteta Andréia Lopes, uma das brasileiras que optou por alugar um imóvel maior durante a pandemia. Ela contou que morava em um apartamento de 60m² e mudou para uma casa com quintal, piscina e um terreno razoável no Litoral Norte de Alagoas para garantir uma comodidade e lazer para os dois filhos de 3 e 10 anos. “Aluguei a casa em Paripueira por dois meses, era grande com piscina e um campo no terreno, mas já voltei para o apartamento. Mas pretende mudar mais para frente para um imóvel maior”, disse. “Estou em negociação de um terreno para construir uma casa. Aluguei a casa pelo período em que estive home office que foi até agosto. Optei pela casa para ter mais comodidade e espaço maior para lazer das crianças, foi mais por elas. Foi mais pelo lazer das crianças, se tivesse sem crianças não teria problema em ficar no meu apartamento”, destacou. Patrícia Lima, assistente jurídico, também quer se mudar pelo mesmo motivo da Andréia. “Penso que em uma casa seria melhor porque tenho criança, mas no momento não temos como ir”, salientou. Ela atualmente do mesmo modo que muitos trabalhadores estão exercendo suas atividades laborais de casa. Segundo o corretor de imóveis, Helder Pita, todas as classes estão buscando uma melhor adaptação na pós-pandemia. “Tem pessoas que não estão em condições de mudar e se adaptam melhorando o local onde estão trabalhando o home oficce, mas também tem aqueles que preferem mais espaço e escolhem sair de um apartamento para uma casa mesmo que não seja de alto padrão, por exemplo”, ressaltou. Ainda de acordo com Helder Pita, de uma forma geral todo o mercado começa a se envolver com essa tendência, ele mencionou que quem pode, está procurando também investir num lote e construir o imóvel ao seu modo. Forma de morar nos grandes centros urbanos se redesenha Edilson Brasileiro, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci/AL), observou que a pandemia do novo coronavírus está mudando comportamentos e hábitos. E a forma de morar nos grandes centros é uma das tendências que começa a se redesenhar. “Desde o início da quarentena, para combater a disseminação do coronavírus aumentou a procura por casas ou apartamentos maiores, com cômodos mais definidos e espaços para home Office”. “Nos últimos anos, as taxas para financiar imóvel caíram pela metade acompanhando a queda dos juros básicos que, depois de vários cortes seguidos, estão hoje no menor patamar da história. Isso tem encorajado muita gente a sair do aluguel para comprar a casa própria”, mencionou Edilson Brasileiro. O corretor Helder Pita ressaltou que todas as classes sociais estão buscando se adaptar melhor. E aqueles que não podem, fazem reformas, mesmo que sejam simples, principalmente os que passaram a trabalhar home office. “Existem aqueles que querem mais espaços e optam por sair de um apartamento e ir para uma casa, mesmo um imóvel que não seja de alto padrão, outros que preferem um terreno e construir uma casa ao seu modo, o tipo do imóvel varia de acordo com a renda”, ressaltou. “Todo o mercado começa a se envolver nesta tendência”, afirmou. Para Jubson Uchôa, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-AL), ainda é cedo avaliar o comportamento do comprador, mas é fato que a procura por imóveis maiores está acontecendo pelo aumento das vendas. “Estamos vivendo o momento da pandemia, quando tudo passar é que teremos a certeza do que o comprador vai procurar”, observou. “Sabemos que essa procura está acontecendo, mas nem sempre é possível conciliar preço com aumento de área, talvez a solução seja aproveitar mais os espaços com móveis mais adequados”, pontuou. “Observamos uma procura maior por imóveis, as vendas aumentaram, quem tem investimento em dinheiro está mudando, essa é a realidade”, destacou. “Precisamos de mais praças e parques” Para aqueles que no momento não têm condições de se mudar o que fazer? Zaíra Mendonça destacou que o poder público tem uma importância fundamental neste sentido. “Mais do que nunca observamos a necessidade de espaços de convivência coletivos, precisamos de praças, parques que possibilitem saúde mental”, ponderou. “O estar na natureza também deve ser mais apreciado. A pandemia nos fez compreender que somos parte de um todo. Do mesmo modo que estabelecer momentos de interação é importante mesmo dentro de casa entre adultos, adolescentes e crianças, num ambiente pequeno é possível fazer coisas legais, por exemplo, assistir programas infantis, usar jogos de tabuleiro e eletrônicos, criar atividades compartilhadas em alguns momentos e em outros se respeite a necessidade de introspecção de cada membro, inclusive das crianças”, concluiu. Espaços menores afetam a saúde mental Zaíra Mendonça fez uma reflexão sobre o momento em que o mundo vive e explicou que atualmente existem questões envolvendo casa e lar onde todos foram afetados e a depender da condição não somente econômica como também de organização de rotina. “Nós enquanto sociedade, estamos morando em espaços cada vez menores, e isso acaba afetando nossa saúde mental, embora houvesse um ritmo de trabalho grande com dois ou três horários, aquele ambiente doméstico de antes era de certa maneira satisfatório já que passávamos pouco tempo dentro do nosso ‘lar’. Ouço muito a expressão: moro dentro do carro e passeio em casa ou moro no trabalho e passeio em casa, e ai veio essa pandemia para inverter essas noções”, avaliou. Conforme a psicóloga, muitas pessoas já se mudaram para ambientes maiores ou tem a pretensão de morar numa casa/lar porque viram que o contexto pode favorecer o sentimento de sanidade mental ou de estresse. Ela enfatizou que o lar que era refúgio e passou a não ser mais, principalmente para famílias que têm uma quantidade grande de membros no mesmo ambiente físico onde se perdeu a privacidade. “Hoje há mais convívio, mais contato. Apesar de sermos uma espécie que precisa de contato com o outro, necessitamos de momentos solitários, de elaboração, de crescimento, de trabalho, de relaxamento, e tudo isso está mexido, alterado. Certamente sairemos diferentes nesta pandemia observando mais quais são as nossas prioridades, a importância de está consigo mesmo e com o outro, quem são os outros essenciais, o que é família, e quem são as pessoas importantes, tudo isso tem a ver com o ambiente em que moramos”, observou. De acordo com Zaíra Mendonça, as pessoas passaram a querer mais contato com a natureza, a colocar plantas dentro de casa, porque, segundo ela, há uma procura por prazer e bem-estar neste ambiente. “Quem tem uma situação financeira melhor vão certamente fazer essa mudança de casa e já estão fazendo”. A pandemia na visão da psicóloga mudou o cenário e fez observar que todos precisam de momentos de interação e introspecção. “Sabe aquele momento ‘perdido’ no trânsito a sós, refletindo, escutando uma música? Ganhávamos em outra dimensão e isso acabou no momento crucial da pandemia de um momento com a gente mesmo”, lembrou. De acordo com a psicóloga, ter um espaço físico que facilite a introspecção é importante quando adultos, e criança é sabido pela área de psicologia que apartamentos pequenos influenciavam na saúde mental delas. “O diagnóstico de a infância ter TDH, imperatividade não é bem isso, é que as crianças estão vivendo em ambientes inapropriados para o seu desenvolvimento e necessidade motora e psicomotora, e acho que agora os pais sentiram na pele”, explicou.