Cidades

Tubarão cabeça chata é capturado e morto na Lagoa Mundaú

Especialista afirma que animal tem hábitos costeiros e sua pesca deveria ser monitorada

Por Thayanne Magalhães 27/07/2020 12h52
Tubarão cabeça chata é capturado e morto na Lagoa Mundaú
Reprodução - Foto: Assessoria
Personagem de filmes assustadores, o tubarão é um animal de desperta medo em muitas pessoas, porém, o especialista no assunto e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cláudio Sampaio, afirma que o animal é que carece de proteção contra o ser humano. O assunto veio à tona depois que as imagens de uma fêmea de tubarão cabeça chata, bicho de hábitos costeiros, foi capturado nesta segunda-feira (27), por pescadores da Barra Nova, povoado de Marechal Deodoro, Litoral Sul de Alagoas. Em um vídeo que circula nas redes sociais, os pescadores afirmam que o animal foi capturado e morto dentro da Lagoa Mundaú, próximo a uma marina, onde banhistas costumam frequentar. “Você que gosta de tomar banho na lagoa, venha com traje de ferro”, diz o narrador do vídeo que circula nas redes sociais. Os pescadores afirmam ainda que esse é o terceiro tubarão capturado por eles na Lagoa Mundaú. Áudios de moradores locais circulam nas redes sociais afirmando que o animal foi pescado em alto mar, e não dentro da lagoa como afirmam os pescadores do vídeo citado. Porém, a presença da espécie em água doce não é incomum. Cláudio Sampaio explica que o tubarão cabeça chata pode chegar a 3 metros de cumprimento e costuma frequentar grandes rios. “Já capturaram tubarões dessa espécie dentro do Rio Amazonas, a mais de mil quilômetros de distância do mar”, afirma o especialista. O professor explica ainda que a pesca de tubarões de todas as espécies deveria ser realizada com manejo. “Os tubarões demoram muito para atingir a maturidade sexual. A espécie cabeça chata, por exemplo, demora dez anos para chegar à fase reprodutiva e pare poucos indivíduos, de cinco a seis filhotes depois de uma gestação que pode durar cerca de um ano”, explicou. “Então a pesca desses animais necessita de um controle, um monitoramento preciso, o que não existe. Isso é muito ruim porque não temos uma estatística pesqueira. A gente não sabe o quanto é pescado e comercializado e isso não é exclusividade do litoral alagoano. O Brasil carece há mais de uma década de um programa oficial de estatística pesqueira”, continuou Sampaio. Qualidade ambiental Alagoas não apresenta registros de incidentes com tubarões no seu litoral, a não ser quando pescadores tentam capturá-los e sofrem algum tipo de lesão. Cláudio Sampaio explica que a presença desses peixes no litoral alagoano representa a qualidade ambiental da região. "Costumo dizer que os tubarões estão presentes no litoral de Alagoas pelos recifes e grandes estuários como o Rio São Francisco e as lagoas, que fornecem alimentos para esses peixes. Então, a presença desses animais é um indicativo de qualidade ambiental", afirma o especialista. O professor afirma ainda que os banhistas, surfistas e outros frequentadores das praias de Alagoas, correm muito mais riscos de se acidentar com lixo, como latas enferrujadas e cacos de vidros, ou de contrair doenças por conta da poluição causada pelo esgoto in natura que é lançado nas praias de Alagoas, do que sofrer um incidente com tubarões. [caption id="attachment_389526" align="aligncenter" width="600"] (Foto: Reprodução/Redes sociais)[/caption]