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Colapso: Rachaduras aumentam em blocos do Jardim Acácia

Blocos 10, 14, 16 e 17 também apresentam degradação; Defesa Civil ainda não tem previsão para demolição

Por Texto: Lucas França com Tribuna Independente 27/06/2020 08h53
Colapso: Rachaduras aumentam em blocos do Jardim Acácia
Reprodução - Foto: Assessoria
Atualmente outros blocos do residencial Jardim Acácia, no Pinheiro, apresentam evolução nas rachaduras. Representantes do bairro e ex-moradores acreditam que devem ser demolidos, assim como aconteceu com quatros blocos em abril. A Defesa Civil Municipal também avalia a situação, mas ainda não há data para isto ocorrer. De acordo com o representante dos moradores e coordenador do Núcleo Comunitário de Defesa Civil do Jardim Acácia (Nudec), Márcio Rocha, outros blocos vêm apresentando problemas. “Assim como os primeiros quatro blocos demolidos, outros também tiveram evolução nas fissuras.  Na época não estavam oferecendo risco de desabamento. Passaram poucos meses, creio que outros quatro blocos, 10, 14, 16 e 17, começaram a mesma falha que os demais. Apresentam os mesmos riscos e agora serão demolidos. Já estavam previstos isto. A data da demolição foi suspensa até que a maior parte dos moradores sejam informados. Lembrando que já se passaram dois meses e ainda têm moradores aguardando a indenização dos que já foram ao chão’’, explica Rocha. Sebastião Vasconcelos, do Nudec e representante do Movimento Sou do Pinheiro, também afirma evolução nas fissuras em prédios do bairro. “Basta a gente avaliar os novos estudos feitos pela CPRM [Serviço Geológico do Brasil] e da própria Braskem. Eles apontam isso, e a tendência é aumentar. O bairro vai virar um ‘Iraque’, ‘cemitério’. Os problemas vão continuar’’. SOS PINHEIRO “Não tanto quanto as afetações nos blocos 7, 8, 9 e 15 (demolidos), mas as rachaduras nos demais blocos do Jardim Acácia continuam em evolução gradativa, assim como previsto desde o início dos estudos da CPRM. As rachaduras aumentaram em função do desequilíbrio ocasionado pela tração do solo em movimentos milimétricos, mas que tem sido monitorado’’, conta Geraldo Vasconcelos, representante do Movimento SOS Pinheiro. DEFESA CIVIL A Coordenadoria Especial Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) explica que atualmente quatro blocos do Jardim Acácia (10, 14, 16 e 17) se encontram com estrutura colapsada, segundo laudo de inspeção predial, e com indicação de demolição, mas não há previsão para esta ação uma vez que em acompanhamento com os órgãos de controle signatários do Termo de Acordo para Apoio na Desocupação das Áreas de Risco – celebrado entre os Ministérios Públicos Federal e Estadual (MPF, MPE) e Defensorias Públicas (DPU, DPE) e a Braskem -, a Defesa Civil de Maceió aguarda evolução nos atendimentos dos proprietários destes apartamentos no Programa de Compensação da Braskem para dar os encaminhamentos necessários. O órgão ressalta que os proprietários dos apartamentos foram previamente informados pelos síndicos, sobre o colapso da estrutura e a necessidade de isolamento do entorno. Não há pessoas residindo nestas unidades.  Eles começaram a ser isolados na sexta-feira (12). O entorno dos blocos será fechado com tapume em uma distância que mantenha a segurança de quem passa pela região. “Conjunto Divaldo Suruagy também é afetado” No Conjunto Divaldo Suruagy também há riscos de desabamento e prédios precisam demolidos. “No bloco 7, que inclusive uma tia minha tem um apartamento lá, a porta já não abre mais. Esse precisa ser demolido. As rachaduras aumentaram. A certeza que temos é esse aumento nas fissuras. Outros devem apresentar. Nesse bloco que foi o primeiro a surgir o problema, a situação piora.  o problema é sério e os órgãos responsáveis sabem disso. Mas, com a pandemia do Covid-19, estão postergando essa demolição nos que precisam’’, conta Sebastião. Geraldo Vasconcelos também ressalta que os blocos do Conjunto Divaldo Suruagy apresentam problemas, especialmente os blocos 4, 5, 6 e 7. E que havia um morador com dificuldades de fazer a realocação por conta da gravidade da enfermidade da sua esposa que se encontrava em home care, mas não pode afirmar se esse morador já conseguiu efetivar a mudança. COLAPSO Segundo Geraldo Vasconcelos, não houve nenhum colapso de estruturas no bairro do Pinheiro. Ele explica que alguns blocos estão mais afetados que outros. “’Mas nenhum prédio ou casa veio ao chão, exceto os que foram demolidos’’. Apesar disso, ele acredita que alguns blocos do Divaldo Suruagy estão muito afetados. “Não recebemos informações precisas quanto aos laudos das análises das estruturas prediais que a Defesa Civil efetua, mas os blocos mencionados estão bem afetados. Acreditamos que se nada for feito para o preenchimento das minas, que já deveria ter sido iniciado, o processo de tração continuará a ampliar os recalques nessas estruturas. Mas frisamos que esses imóveis estão sendo adquiridos pela Braskem, e possivelmente serão objeto de algum mega projeto imobiliário. Mas os órgãos de controle não se preocuparam em definir essa situação no Termo de Acordo, e até o momento não sabemos qual projeto será executado em tão grande extensão de área urbana. O que sabemos é que qualquer que seja o projeto impactará nos bairros vizinhos, como Pitanguinha, Farol e Gruta de Lourdes’’, comenta. A Compdec  diz que aguarda emissão de laudo de inspeção predial do bloco 7, realizada por empresa especializada através de Termo de Cooperação Técnica com a Braskem, para obter informações sobre a estrutura da edificação. E informa aos proprietários de apartamentos deste residencial que têm recomendação de realocação no Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias foram inseridos no benefício federal de Ajuda Humanitária para se manterem fora da área de riscos e tiveram seus cadastros migrados para o Programa de Compensação Financeira da Braskem, como prevê o Termo de Acordo firmado na Justiça Federal, sendo atendidos atualmente pela mineradora.