Cidades

Nafri/Cesmac fala sobre os riscos da Covid-19 para a população indígena

Antropólogo Jorge Vieira atribui o crescimento de casos a falta de articulação da Sesai com as secretarias municipais e estaduais de saúde

Por Assessoria 22/06/2020 13h18
Nafri/Cesmac fala sobre os riscos da Covid-19 para a população indígena
Reprodução - Foto: Assessoria
Alagoas tem apontado crescimento no número de índios infectados pela Covid-19, segundo boletim divulgado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. De acordo com os dados, o número de casos avançou, sendo necessário o emprego de medidas para evitar uma maior contaminação dos índios, como a instalação de barreiras sanitárias nas aldeias alagoanas. O avanço no número de contaminados em aldeias fez com que o Ministério Público Federal recomendasse à Fundação Nacional do Índio (Funai), Distrito Sanitário Especial Indígena (Disei) de Alagoas e Sergipe e às secretarias municipais e estadual de Saúde a instalação de barreira sanitárias em todas as tribos espalhadas por onze municípios alagoanos. Ainda de acordo com as informações divulgadas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), atualmente, fora o aumento de 116,6%, que atingiu 13 índios, há outros 11 casos suspeitos e uma morte, ocorrida no início de maio, na aldeia Kariri-Xocó, no município de Porto Real do Colégio. O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Celso “Xucuru Cariri” Celestino, conta que, as barreiras sanitárias já estão sendo realizadas visando diminuir o número de casos da COVID-19 entre os índios. “Na nossa parceria com a Sesai, que é responsável pela prevenção da saúde indígena, e com algumas secretarias municipais, já estamos realizando as barreiras sanitárias, como a de Porto Real do Colégio, mas precisamos que os demais municípios participem e nos deem suporte para isso”, contou. De acordo com o coordenador do Núcleo Acadêmico Afro e Indígena (NAFRI/CESMAC), que também é antropólogo, Prof. Dr. Jorge Vieira, a situação está complicada por falta de uma política eficiente no combate ao coronavírus. “A situação está complicada por conta da falta de articulação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) com as secretarias municipais de saúde. Infelizmente o atual governo federal não tem uma política efetiva contra a COVID-19 e vemos o resultado no aumento de casos da doença entre os indígenas”, explica. O coordenador disse ainda, “esperamos que essa recomendação do Ministério Público Federal seja efetivada permanente até quando durar o risco de contaminação. E essas ações devem ser tomadas em todas as aldeias indígenas alagoanas, porque já foram tomadas algumas ações, porém, pelas próprias lideranças indígenas, que não possuem formação adequada para isso. Essa ação tem que ser feita com profissionais de saúde e segurança, que têm competência para realizar”, finalizou Jorge Vieira. NAFRI/CESMAC  O Núcleo Acadêmico Afro e Indígena foi criado em novembro de 2017 pelo Centro Universitário CESMAC. A iniciativa tem o objetivo de promover a articulação da temática de relações ético-raciais no ambiente acadêmico, no sentido de orientar as atividades que visem ao desenvolvimento de pesquisas e extensão voltadas no âmbito de suas respectivas áreas do conhecimento. Além disso, divulgar a influência e a importância das culturas negra e indígena na formação do povo brasileiro e as repercussões, além de realizar atividades de extensão como cursos, seminários, palestras, conferências e atividades artístico-culturais. Além de organizar encontros com reflexão e capacitação de servidores em educação para o conhecimento e valorização da história dos povos africanos, da cultura afro-brasileira e indígena e da diversidade na construção histórica e cultural do país, o espaço também celebrou os 200 anos de Alagoas, reforçando a importância desses povos e culturas no Estado.