Cidades

Pandemia do novo coronavírus tem afetado saúde mental

Procura por atendimento psicológico cresce durante o período; maioria das pessoas com queixas de ansiedade são as mulheres

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 11/06/2020 12h10
Pandemia do novo coronavírus tem afetado saúde mental
Reprodução - Foto: Assessoria
O isolamento social durante a pandemia tem afetado a saúde mental de muita gente. Ansiedade e depressão estão entre os transtornos psicológicos mais diagnosticados pelos profissionais que atendem pacientes em meio ao novo coronavírus. Conforme a psicóloga, Ana Kilvia Cavalcante, do Centro de Amor a Vida (Cavida), em Maceió, o número de pessoas que têm procurado atendimento neste período cresceu se comparado com o antes da pandemia. De acordo com ela, a maioria das pessoas são mulheres com queixas de ansiedade ou com comorbidades relacionadas a outros problemas, como a depressão. “Muitas ligam porque não estão conseguindo sair de casa com medo de contrair o vírus, outras porque estão confinadas há muito tempo. Um relato comum também é sobre o ambiente familiar não favorável neste momento”, contou. A psicóloga explica que o atendimento começa por telefone por meio da ligação ou mensagem de WhatsApp pelo número (82) 98879-2710. Sendo iniciado o apoio com a escuta terapêutica que tem duração de 30 minutos; posteriormente dependendo do caso, são realizadas mais três sessões que podem acontecer também por chamada de vídeo. Vinte seis psicólogos atendem de forma voluntária no Cavida, além de contar com mais seis acolhedores, que são estudantes de psicologia. PESQUISA Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, de 16 países, indicou que o Brasil é o que mais tem pessoas que sofrem com ansiedade por causa da pandemia, são 41%. O segundo lugar é ocupado pelo México (35%) e o terceiro lugar pela Rússia (32%). As mulheres são as mais afetadas: 49% se declaram ansiosas, enquanto que 33% dos homens estão lidando com o sintoma no momento. Onze por cento dos brasileiros afirmaram ter sintomas de depressão por causa da pandemia. “As declarações divididas por gênero revelam um impacto predominantemente feminino: 14% são mulheres e 7% são homens”, afirma a pesquisa. Vinte e seis por cento dos brasileiros têm enfrentado dificuldades para dormir na pandemia. Mais uma vez, o impacto é mais alto entre o sexo feminino: são 33%, contra 19%, mostra o relatório. Prevenção: servidores da Ufal recebem atendimento Psicólogos do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass/CQVT/Progep) iniciaram atendimento on-line para tirar dúvidas de servidores em relação a sofrimentos psíquicos ou com dúvidas sobre o atual cenário de pandemia. A ação é destinada aos servidores públicos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O serviço tem caráter preventivo, informativo e de orientação individual, buscando melhor clarificação e organização da situação de crise. O atendimento é on-line e a interação não acontece em tempo real. Os servidores que estiverem se sentindo emocionalmente vulneráveis devem preencher o cadastro no link e aguardar atendimento. As informações produzidas durante o atendimento psicológico serão mantidas em sigilo, respeitando o que assevera o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Da mesma forma, a equipe se propõe a oferecer serviços psicológicos de qualidade, baseados em princípios, técnicas e conhecimentos psicológicos, e respeitando a legislação vigente. Os servidores podem enviar e-mails durante toda a semana e em qualquer horário. Porém, os profissionais responderão as mensagens às segundas, quartas e sextas-feiras, durante horário comercial, e seguindo a ordem de chegada na caixa de entrada do e-mail da Psicologia. O psicólogo André Israel Werneck Miranda, do Subsistema Integrado de atenção à Saúde do Servidor, explica que uma das formas de passar por essa pandemia com menos danos é focar onde se pode ter a sensação de controle, mesmo mínima. “Porque é a sensação de controle que traz sensação de segurança. Focar no que pode ser controlado, perceber que está atuando em algo de forma ativa, e não passiva. A luta agora é desigual porque somos ameaçados enquanto sociedade, enquanto fragilidade do corpo e as relações de apoio distantes”, observou. “Ainda estamos passando pela fase de adoecimento, agravamento de fragilidades emocionais anteriores a pandemia. Caso ocorra agravamento da situação, os adoecidos poderão descambar para formas mais grave de adoecimento mental, como a depressão ou até suicídio”, frisou. Para completar, o psicólogo ressaltou que a intensidade do sofrimento que alguém pode vir a ter nessa época, depende da personalidade do sujeito, das experiências que ele já teve em situações parecidas, das habilidades que ele tem e principalmente da autoestima.