Cidades

Hospitais particulares operam no limite de leitos para Covid-19

Alguns estão com quase 100% de ocupação, outros já não recebem novos pacientes por falta de espaço disponível

Por Lucas França com Tribuna Independente 12/05/2020 08h23
Hospitais particulares operam no limite de leitos para Covid-19
Reprodução - Foto: Assessoria
Com a pandemia do novo coronavírus - Covid-19, a demanda de pacientes tem sido intensa em hospitais particulares de Maceió que disponibilizam atendimento para a doença. Alguns já estão com sobrecarga de pacientes nos leitos disponíveis, outros com mais da metade de ocupação e até com reservas feitas. O Hospital Veredas, por exemplo, que também tem convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), disponibilizou 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), para pacientes provenientes da rede pública, e apenas dois estão livres. No sábado (9), foram abertos mais 10 leitos de UTI para Convênios e Particulares e, deste total, cinco já estavam ocupados até às 12h desta segunda-feira (11). De acordo com o diretor médico do hospital, Rodrigo Bomfim, a situação da equipe multidisciplinar do Hospital Veredas é de muito esforço. “Apelamos para as pessoas ficarem em casa ajudando no isolamento social”. Outro em que a situação está complicada é o Hospital do Coração de Alagoas. A unidade já está com suas UTIs 100% ocupadas. Com isso, precisou encerrar temporariamente o atendimento na emergência do Hospital. Já o Hospital Memorial Arthur Ramos (HMAR), que atende particular, registra sobrecarga nas UTIs destinadas aos pacientes graves de Covid-19. Segundo a direção, a unidade está próxima da sua capacidade máxima instalada. Dos 12 leitos de UTI geral para Covid-19, até esta segunda, tinha apenas um leito disponível. O hospital informa que os recursos disponíveis atualmente são suficientes apenas para garantir a assistência aos pacientes já internados, mas não para garantir aos novos pacientes infectados pelo vírus que demandem internação em UTI. PARCERIA O Hospital Unimed Maceió que atende exclusivamente pacientes particulares e convênios  informou em nota oficial que a instituição é porta aberta para atendimento de Covid-19 e não Covid de seus beneficiários, inclusive, com recepções e alas distintas para os dois casos. Mas que não há filas para demanda do coronavírus. No entanto, a direção não informou a quantidade de leitos destinados a pacientes do Covid-19 e nem quantos já estão ocupados. “Conforme as análises e projeções dos órgãos governamentais, a ocupação crescente de leitos é uma realidade da pandemia, cujos números mudam de forma dinâmica. O hospital Unimed está integrado às demais instituições hospitalares de sua rede credenciada, para garantir o atendimento aos beneficiários.” E o Hospital MedRadius firmou acordo com o Hospital Unimed para recebimento de pacientes internados tanto para UTI quanto para leito de apartamento e enfermaria. “Não possuímos setor de pronto atendimento e não realizamos triagem para pacientes com casos suspeitos ou confirmados, portanto a triagem e seleção dos pacientes transferidos é feita exclusivamente pelo Hospital Unimed’’, informa a assessoria de comunicação do MedRadius. A reportagem tentou contato também com o Hospital Hapvida Maceió e com o Hospital Sanatório através de suas assessorias de comunicação, para saber como está a situação nas unidades, mas até o fechamento do material não obteve retorno. Pacientes relatam demora na espera por atendimento   A técnica de enfermagem que trabalha em dois hospitais públicos, Nailma Rodrigues de Oliveira, procurou atendimento no Hospital Unimed, com suspeita do Covid-19, ela conta que demorou para ser atendida. “Fiz o exame dia 27 de abril na Unimed. Demorou demais o atendimento. Cheguei às 18h e saí 1h da manhã, apenas para fazer o teste. Ainda usei uma pulseira rosa por ser da saúde. Nesse mesmo dia fui atendida no Hospital do Coração às 12h40, fui direto para o isolamento com suspeita. Pressão muito alta, não tinham material para teste e me liberaram às 16h com atestado de 14 dias. Não me contive em levar o atestado para o trabalho sem realizar o teste e assim fui à Unimed. Recebi o resultado com 7 dias úteis e antes do resultado sair, me ligavam para saber como eu estava e meus familiares”, explica Nailma. Já a  engenheira de segurança do trabalho, Aline Lima Brandao Lou, procurou atendimento no Arthur Ramos, ela conta que o tempo de espera também foi longo. “Eu tive os primeiros sintomas no dia 30, mas febre não passava do 37,8. No dia 5, procurei a emergência. Cheguei ao hospital às 22h30 e consegui sair às 4h30 da madrugada. Descobri que à noite seria o melhor horário, mas foi demorado. Percebi que eles ainda estavam atendendo o pessoal que chegou à tarde. Quando consegui o atendimento, fiz o exame laboratorial e a tomografia - infelizmente eles não têm o teste que coleta amostra na garganta. A preferência do atendimento é de fato para o pessoal que está com o quadro grave. Mas eles me deram todos os requerimentos para o isolamento por conta das características, além de antibiótico, porque precisava ir para emergência para ser medicada, e estava sem diagnóstico – mas já tinha iniciado a falta de ar”, disse Aline.