Cidades

Isolamento social: mudanças afetam estado emocional

Psicólogo explica importância em adotar hábitos mais saudáveis e organização dos espaços da casa para manter equilíbrio

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 08/04/2020 08h05
Isolamento social: mudanças afetam estado emocional
Reprodução - Foto: Assessoria
O distanciamento social utilizado como uma das medidas de prevenção ao Covid-19 está em vigor desde o dia 20 de março em Alagoas e de imediato produziu mudanças na rotina de muito alagoanos. A Tribuna Independente ouviu pessoas de diferentes segmentos para saber como elas têm lidado com a situação. A microempresária Carla Jéssica da Silva precisou suspender suas atividades comerciais devido as medidas de prevenção e conta que o tempo livre tem ajudado a colocar tarefas domésticas em dia. “A questão emocional relacionada ao trabalho está tranquila, pelo menos para mim que vivia correndo por conta do trabalho. Estou sentindo falta, mas não estou desesperada. Mas sinto falta de algumas pessoas. Tenho aproveitado para arrumar a casa, fazer faxina, arrumar o guarda-roupa, enfim colocar as coisas em ordem, não fiz tudo ainda que queria, mas está sendo bom para isso”, expõe. Quem também tem usado o tempo “a mais” para distrair a mente é Davi Gomes. Ele afirma que busca encarar as mudanças necessárias da forma mais “tranquila” possível. “[Lido] de forma tranquila, absorvendo as informações, descrente dos políticos, vendo algumas pessoas transitando nas ruas como se nada estivesse acontecendo ou seja, a seriedade do vírus não está incomodando algumas pessoas, principalmente na periferia da cidade”, conta. Davi comenta que uma das estratégias que ele vem utilizando para ficar bem é a saída das redes sociais. Ele avalia que o ambiente é muito propício a ansiedade, tensão e preocupação. E tem substituído o tempo que poderia ser utilizado no consumo de informações nas redes com outras atividades. “O emocional fica um pouco abalado devido ao momento de pânico que as pessoas estão colocando, mas procuro cultivar o pensamento positivo ouvindo música, vendo vídeos no YouTube que não sejam relacionados aos fatos de hoje. Procuro evitar nesse momento os jornais, mas não deixo de ver e procuro somente os sites oficiais. Redes Sociais (Facebook, Instagram...) deixei de seguir nesse momento devido a loucura das pessoas com informações desnecessárias”, detalha. PESO EMOCIONAL A operadora Elaine Silva diz que começou a trabalhar em sistema home office, mas tem sido difícil lidar com a pressão emocional. Segundo ela, 200 pessoas da empresa em que trabalha foram demitidas por não terem como se adequar ao método de trabalho. “Estou muito triste, isso tudo mexe muito com o psicológico da gente. Está sendo muito difícil, pois o lugar onde trabalho é cheio de pessoas de todos os tipos e idades. Além de ser difícil se afastar de todos, ainda ter que ver seus amigos sendo demitidos porque não tem um computador em casa para suprir as necessidades da empresa, é triste e desumano”, relata. Quando emoções fogem do controle é hora de buscar ajuda   Quando a carga emocional foge do controle e começa a atrapalhar o sono, a alimentação e até atividades do cotidiano é hora de procurar ajuda. “É uma situação que realmente modifica tudo. A rotina das pessoas está diferente. Ficar isolado. Mesmo aquela pessoa que tinha certo isolamento, precisava sair para algum lugar, mais ainda as pessoas com uma vida muito ativa. A fase de isolamento realmente mexe com as pessoas principalmente porque tem uma coisa chamada medo, medo da doença, medo de se contaminar, medo de morrer. Esse medo gera ansiedade, que leva a angústia, ao pânico e as pessoas começam a ter reações dentro de casa”, afirma o psicólogo Edberto Lessa. Edberto Lessa acrescenta que o momento, naturalmente, vai implicar em transtornos como o aumento da tensão, no entanto, é importante estar atento aos sinais de alerta. “É uma quebra de paradigmas. Até pacientes meus vêm relatando mudanças. Se a pessoa tem um nível de estresse alto durante uma situação dessas, completamente diferente, realmente a pessoa começa a não se sentir bem, a precisar de um suporte. Os sinais de alerta são o sono, a alimentação, pessoas que passam a comer demais. Cada família tem sua rotina, sua dinâmica, mas existem os casos que saem do controle e por isso é importante pedir ajuda”, avalia. As orientações para encarar de uma maneira mais “leve” são tentar manter uma rotina, além de hábitos saudáveis.