Cidades

Imóveis desocupados são invadidos no Pinheiro e Mutange

Proprietários denunciam rotina de crimes em áreas dos bairros Pinheiro e Mutange, afetadas por afundamento de solo

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 07/04/2020 07h50
Imóveis desocupados são invadidos no Pinheiro e Mutange
Reprodução - Foto: Assessoria
Com um histórico de cinco invasões a casa de Rinaldo Januário, conhecida como “a casa rosa” do Pinheiro é uma das várias que vem sendo alvo de vandalismo e crimes. Portas, janelas, fios, telhas, caixas d’água e até canos são levados. Rinaldo questiona a presença da polícia na região, que segundo ele não vem inibindo as ações criminosas. “Já são cinco invasões, em plena luz do dia, um absurdo. Já registrei a ocorrência mas não adianta. A porta de entrada foi levada, a porta lateral também. Os caras entraram aqui, arrancaram pias do banheiro, sanitário, quebraram vidros, tiraram a porta de madeira de acesso a um dos quartos. É um descaso. Arrancaram três portas, foram arrancadas da parede. Levaram até a banheira. Destruíram e o que não levaram com certeza vão voltar para buscar. Hoje eu sou vítima da Braskem, dos vândalos, e do descaso do governo do Estado, do município, do descaso com a segurança pública”, detalha o proprietário do imóvel. Pelas ruas do Pinheiro os moradores que ainda residem confirmam a rotina de arrombamentos nos imóveis que estão fechados. Caixa d’água de prédios do Jardim Acácia já foram levadas, portas e janelas de outros imóveis, telhas. Até canos de água foram quebrados e levados deixando o vazamento. Segundo Sebastião Vasconcelos o clima é de insegurança. “Passe no Pinheiro e olhe os imóveis desocupados, não têm porta, janela. O bairro vai virar um cemitério. As rondas existem, mas são deficitárias. O bairro é muito perigoso pra andar nos dias de hoje principalmente depois das 17 horas. Os moradores que continuam infelizmente vão sofrer muito. Não vai existir segurança pra os moradores. Basta dar uma passadinha no bairro depois das 17h. Se passar depois das 20h é de espantar. Infelizmente uma empresa acabou com quatro bairros e os nossos governantes calados”, reclama Sebastião. Constância dos Santos Tenório foi moradora do Pinheiro por 15 anos. Para ela, segurança no local não existe. Segundo constância a reclamação é generalizada “muitas pessoas falam, e quando invadem uma casa invadem outras também. As pessoas ficam receosas quando tem invasão porque sabem que acontece com todo mundo”, diz “Há um mês atrás nossa casa foi invadida por vândalos. Saímos ano passado, alugamos uma casa e voltamos para lá. Invadiram e ‘pintaram o sete’ levaram o motor, deixaram o portão solto, a porta de entrada. A minha casa lá é muito grande, a casa que eu aluguei é menor e faltou levar algumas coisas, então ficaram coisas lá e levaram, fizeram um ‘cata’ devem ter ido por vários dias porque foi muita coisa levada. Está muito ruim, infelizmente não tem segurança, hoje [segunda-feira, 6] eu fiquei sabendo que entraram na casa do meu vizinho. Tentei agendar com a Braskem o caminhão de mudança para fazer a retirada, mas não consegui, como foram suspensas as atividades da Central do Morador, só quando voltar para fazer o agendamento. Estou aguardando voltar para fazer a mudança. Tomaram até bebida que deixamos”, acrescenta. Não é apenas no Pinheiro que a situação vem ocorrendo. O líder comunitário do bairro do Mutange, Arnaldo Manoel afirma que diversas situações vêm sendo relatadas pelos poucos moradores que ainda estão por lá. Ele afirma que até casas ocupadas estão sofrendo furtos. “Tudo o que você imagina está acontecendo. À medida que as casas vão ficando vazias, isso vai aumentando. A gente lamenta, porque já são 96% de casas vazias aqui no Mutange, e ficaram umas 20 e poucas casas lá, continuam lá, e não estão dentro do processo de realocação, e para essas pessoas como vai ser? Tem casas que tem moradores ainda, e os invasores não respeitam, tiram telhado de casas com as pessoas dentro. Eles tiram tudo, só fica a estrutura de tijolo. Eu encaminhei um ofício à SSP, a viatura passa, retorna e pronto. Não aborda ninguém, não investiga nada”. Procurada pela reportagem a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AL) afirma que há policiamento ostensivo no local desde o início das desocupações, no ano passado. No entanto, não há números disponível sobre as ocorrências nas regiões citadas na matéria. A Braskem informou que iniciou no último dia 3 uma ação de “apoio comunitário” nas regiões em desocupação. Segundo a empresa o objetivo é fiscalizar “irregularidades” inclusive arrombamentos e furtos. “A proposta, já apresentada para a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, foi construída em conjunto com a área de Segurança Corporativa da Braskem e líderes comunitários dos bairros, que sugeriram que a fiscalização fosse feita por pessoas conhecidas no local e que já conhecem a vizinhança. São duas equipes de 26 pessoas, num total de 52 contratados formalmente por uma empresa especializada em segurança patrimonial, que já estão realizando a capacitação para o trabalho em uma série de treinamentos sobre a dinâmica de atuação, que é bem específica e tem regras claras, além de aspectos conceituais, comportamentais, de saúde e segurança pessoal” informou a empresa.