Cidades

Sinteal deve se mudar de seu prédio-sede na sexta-feira (3)

Imóvel que abriga entidade há 30 anos está em área de risco; direção critica tratamento recebido pela Braskem

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 02/04/2020 08h08
Sinteal deve se mudar de seu prédio-sede na sexta-feira (3)
Reprodução - Foto: Assessoria
A mudança de sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) adiantada pela Tribuna Independente em agosto do ano passado deve ocorrer nesta sexta-feira (3). O local, que abriga a entidade há 30 anos é um dos situados em área de risco geológico. A direção da entidade afirma que a data da mudança foi definida sem considerar as dificuldades para achar uma nova sede. A presidente do Sinteal, Consuelo Correia explica que as negociações para saída do prédio histórico e do anexo, construído há cerca de dez anos, começaram em dezembro do ano passado, mas demoraram a avançar. Este ano, a entidade encontrou dificuldades para achar uma sede que comportasse as atividades. “Nós encontramos o espaço, mas pediram 90 dias para a obra, mas a parte interna ficaria pronta em 35, 40 dias. Nesse período solicitamos alvará para a obra na Prefeitura, a própria Braskem ficou de nos ajudar, só que já completou 30 dias e não foi liberado. Ainda em fevereiro nós assinamos um documento que nós sairíamos dia 27 de março se a obra estivesse concluída e tivéssemos espaço administrativo para ficar. Resultado: não ficou pronto e na semana passada já vimos pela imprensa que a Avenida Major Cícero seria interditada e não teria mais passagem de veículos. Então fomos procurar a própria Braskem, porque eles deveriam ter o mínimo respeito em nos notificar, avisar que não poderia mais esse acesso. Eles informaram por telefone que na última terça-feira, 31 de março, eles interditariam o prédio do Sinteal”, detalha Consuelo. A líder sindical reclama da demora em conseguir respostas por parte da Braskem. “Eles demoraram muito para as ações. Até porque eles têm peso. Mas na verdade a gente percebe que eles não têm esse interesse todo, a maioria dos advogados não são daqui para resolver essas questões”, pontua. Consuelo diz ainda que a decisão de desocupar é considerada uma surpresa porque, segundo ela, a entidade vinha informando à petroquímica das dificuldades em localizar um prédio que atendesse as necessidades. “Eles sabiam das dificuldades porque o nosso advogado vinha provocando, expondo as dificuldades. Inclusive nossa assessoria jurídica não entrou com uma ação contra o município por conta do alvará devido a paralisação do coronavírus. Na segunda-feira estivemos lá desmontando móveis, estamos na correria. Porque oficialmente quando eles tomam posse você não tem mais acesso. Eles disseram que iam interditar dia 31, felizmente conseguimos um prazo até sexta, mas num momento de muita dificuldade, num momento de coronavírus. Fizemos um escalonamento para não ter aglomeração, mas é muito difícil”, diz Correia. Consuelo Correia lamenta saída da sede histórica da entidade   A desocupação do prédio do Sinteal é uma das várias medidas adotadas como prevenção nos quatros bairros que sofrem afundamento. “ABSURDO” Consuelo lamenta a saída da sede histórica. Ela afirma que o sofrimento alcança a todos os envolvidos na entidade. “Nossa sede é palco de nossas lutas, É um absurdo, resultado da ganância do capital. Como um ser permite que uma área urbana seja explorada para minério. As pessoas agora sendo expulsas de suas próprias casas, as pessoas da encosta que moram ali e trabalham no Centro vão ficar com a vida ainda mais difícil. Para nós é muito dolorido, é muito sofrimento ter que passar por isso”, avalia Consuelo Correia. A presidente do Sinteal acrescenta que a partir de agora a entidade deve se dividir em três endereços: um dedicado ao funcionamento administrativo, outro para reuniões e um terceiro para acomodação do mobiliário. “O prédio que a gente vai temporário não cabe todas as nossas coisas. O que nós combinamos com a Braskem é que eles ficariam pagando o aluguel do prédio que vai funcionar a parte administrativa e de uma sala que vai funcionar como mini auditório para fazermos reuniões. E para guardar os nossos móveis, que só de cadeiras do auditório são mil, foi alugado um galpão na Ponta Grossa”, informa a presidente do Sinteal. Procurada para comentar o assunto, a Braskem informou que a mudança ficou definida para sexta-feira e que segue dando suporte financeiro.