Cidades

Pinto da Madrugada desfila hoje na orla de Pajuçara

Chegando aos 21 anos de fundação, bloco promete arrastar uma multidão ao som do frevo e de velhas marchinhas

Por João Dionisio Soares com Tribuna Independente 15/02/2020 08h45
Pinto da Madrugada desfila hoje na orla de Pajuçara
Reprodução - Foto: Assessoria
Vai longe o ano em que quatro amigos Braga Lira, Eduardo Lira, Maciel Lima e Marcos Davi, amantes do carnaval, sentindo falta da folia em Maceió, tiveram a ideia de montar um bloco e desafiar quem acreditasse que Maceió não é cidade para os festejos de momo. Isso foi em 1999 e o projeto era fazer uma brincadeira, se divertir e ter uma para comemorar. Amantes do frevo pernambucano, eles batizaram o bloco de Pinto da Madrugada. Provavelmente, eles não tinham ideia, mas estava nascendo ali uma das tradições mais alegres e festejadas da capital alagoana. Duas décadas depois o bloco, que no primeiro desfile contava apenas como uma orquestra e reuniu cinco mil pessoas (para espanto de seus fundadores) na orla da Pajuçara virou arrasta uma multidão de mais de 200 mil pessoas, tem 18 orquestras e virou Patrimônio Imaterial de Alagoas. O objetivo dos seus fundadores ultrapassou qualquer expectativa, já que de uma brincadeira o desfile do Pinto da Madrugada passou a ser um marco na cultura carnavalesca de alagoas. E para este ano o bloco está preparando uma homenagem aos mestres da cultura popular de Alagoas. Com o tema “Alagoas, um mar de cultura”, o bloco vai destacar as principais manifestações culturais alagoanas em todo o desfile. Segundo os diretores do Pinto da madrugada   o tema nasceu do objetivo de exaltar a diversidade alagoana. “Quando os fundadores se afastaram e nos, os filhos, assumimos, pensamos em manter a mesma essência. O nosso slogan era o mesmo sentimento e uma nova geração. O Pinto só se tornou o que é por que os quatro fundadores criaram algo extremamente conceitual, coma filosofia alicerçada na cultura local. Mantivemos os objetivos de resgatar o carnaval de rua e o frevo, mas com inovação. A ideia é mostrar que Alagoas é uma terra rica culturalmente, que Maceió é mais que um lugar com um mar bonito. Por isso, exaltar a cultura, mostrar que temos raízes culturais e reafirmar isso é importante. Por isso, por exemplo, quando refizemos nossa marca, o mascote ganhou um chapéu de guerreiro”, conta Hermann Braga, diretor do Pinto da Madrugada. O bloco cresceu tanto, que agora é importante para a economia local nos dias que ficaram consagrados como as prévias carnavalescas de Maceió. Hermann Braga  ressalta que um estudo recente feito pelo Observatório da Economia Criativa e da Economia do Turismo do Estado de Alagoas (OBECT), sob a responsabilidade do professor doutor Elder P. Maia Alves, mostrou que dos R$ 148 milhões que as prévias carnavalescas de Maceió movimentaram em 2019, 80,4% ou R$ 119 milhões estão diretamente ligados ao Pinto da Madrugada. Esse montante representa cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Maceió em valores atualizados. “A economia criativa é uma realidade em nosso Estado e o Pinto da Madrugada é um propulsor desse movimento. Precisamos, junto com o poder público, valorizar e fortalecer isso. O bloco Pinto da Madrugada é de todos os alagoanos. Nos mesmo criamos vários eventos, fortalecemos o Mungunzá do Pinto, fizemos o pinto na pracinha, o bloquinho em um shopping, uma, lojinha com produtos do Pinto e hoje temos dez eventos além do desfile principal”, afirma Braga. Com o apego à cultura de sua terra, o bloco sempre teve como meta resgatar a autenticidade dos festejos, à base de muito frevo e com a efetiva participação popular. E alguns foliões acreditam que é justamente por isso que o Pinto faz tanto sucesso. “Um dos grandes diferenciais do Pinto é contar com foliões de todas as idades. Famílias inteiras se encontram na avenida, em um sentimento de paz e brincadeira, sem brigas, sem violência. É um dos blocos mais bonito do País, que leva o nome de Alagoas para todo Brasil. Por isso, reúne pessoas que passam o não pensando no bloco e veem brincar em paz”, diz Hermann O casal Lucas Horta e Fernanda Moraes não perdem um desfile do Pinto desde sua fundação, sempre fantasiados eles dizem que os filhos também acompanham essa tradição familiar. “Já fizemos fantasias completas para toda família, de protesto contra situação política. Só faltamos dois anos por motivo de doença na família, mas acompanhamos na TV.  O Pinto é mais que um desfile, é um acontecimento”, disse Fernanda. Lucas ainda completou: “passamos uns quatro meses entre pensar a fantasia e confeccionar. Na verdade, às vezes mais por que saímos de um desfile já pensando no próximo. E o pinto da madrugada é isso, família, união, carnaval como só que meus pais falavam que era na infância dele. Não existe mais Maceió sem o pinto da Madrugada”, disse.