Cidades

Eventos expõem deficiência de serviços públicos na região Norte de Alagoas

Falta de água, esgoto a céu aberto e lixo espalhado pelas ruas e praias foram motivos de reclamações nas redes sociais

Por Claudio Bulgarelli com Tribuna Independente 03/01/2020 09h39
Eventos expõem deficiência de serviços públicos na região Norte de Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Os últimos três dias do ano de 2019 demonstraram, mais uma vez, a deficiência dos serviços básicos oferecidos à população e aos milhares de turistas que invadiram as cidades do Litoral Norte. A falta de água, que está se tornando um problema crônico, bem como os esgotos que correm a céu aberto, foram apenas dois dos problemas mais visíveis. Outro problema verificado foi em relação ao lixo, espalhado pelas ruas e praias. De Paripueira a Maragogi as reclamações foram tantas, que foram parar em centenas de comentários nas redes sociais. A defasagem histórica de dezenas de anos e a falta de infraestrutura, com a dependência quase que total de verbas federais para esses projetos, transformou as cidades do Litoral Norte numa espécie de paraíso tropical com esgotos a céu aberto e a falta de água. Em todas as cidades do Litoral Norte o que se percebe é que as cidades cresceram em ritmo acelerado, sem planejamento, onde bairros inteiros surgiram sem o mínimo de serviços básicos, como acesso á água potável. Na Barra de Camaragibe, povoado turístico do município de Passo de Camaragibe, que foi invadido por turistas nos últimos dois dias do ano, com ocupação total de pousadas e dezenas de alugueis de casa, a agua, que é distribuída por um serviço autônomo do município, onde ninguém paga pelo usufruto faltou já na segunda-feira pela manhã e até o fechamento desta reportagem não tinha voltado. Mas o problema mais visível do balneário é a total falta de saneamento básico, onde o esgoto corre pelas ruas e, sobretudo, na praia, onde centenas de casas descarregam diretamente na areia. Em São Miguel dos Milagres, Porto de Pedras, Japaratinga e Maragogi foram outros municípios que apresentaram claramente suas deficiências. Em São Miguel do Milagres, por exemplo, a cidade mais famosa da Rota Ecológica, com praias que estão entre as mais belas do Brasil e pousadas de charme com as tarifas mais caras, o problema silencioso, e agora bem visível, revela que somente 30% de uma população de quase 10 mil habitantes têm algum tipo de acesso a saneamento básico. Outro fator que contribui para o baixo número de residências com acesso ao saneamento básico é que o município não é atendido pela Companhia de Saneamento de Alagoas  (Casal). Mas mesmo Maragogi, o segundo mais importante destino turístico de Alagoas, onde vários povoados são atendidos pela Casal e que possui também um próprio sistema de distribuição de água através do Serviço de Água e Esgoto, que, no entanto não possui sistema de rede coletora, mostrou seus problemas durante esses dias. O saneamento básico está longe de ser uma das prioridades no Brasil. Apenas 45% da população brasileira que vive nos 5.570 municípios conta com sistema eficiente de esgotamento sanitário. Alagoas aparece neste cenário entre os que menos investem na melhoria em saneamento. Segundo a direção da Casal, apenas 20% da população alagoana conta hoje com sistema de recolhimento e tratamento adequado de esgoto nos 102 municípios. Essa realidade pode mudar nos próximos anos, já que existem projetos do Governo do Estado que também pretende sanear os municípios turísticos do Litoral Norte de Alagoas, como Maragogi, Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo de Camaragibe, que constituem o segundo polo turístico do Estado.