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Abaixo-assinado tenta barrar reajuste na tarifa de ônibus em Maceió

Manifestações estão marcadas para segunda (6), na intenção de impedir que tarifa do transporte público na capital alagoana aumente

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 03/01/2020 09h26
Abaixo-assinado tenta barrar reajuste na tarifa de ônibus em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
Há dois anos, a capital alagoana não registra aumento na passagem do transporte coletivo, já considerada abusiva no atual valor de R$ 3,65. Por isto, diante da aprovação do reajuste para R$ 4,10 por parte do Conselho Municipal de Transporte de Maceió, manifestantes contra o valor da tarifa promovem ações desde a semana passada para impedir o acréscimo. A primeira delas está sendo o recolhimento de assinaturas para impedir o acréscimo. Antônio Sabino, diretor de Educação e Formação Comunitária da Federação das Associações de Moradores e Entidades Comunitárias de Alagoas (Famecal), explicou que membros da entidade passaram pela Rua do Comércio, principal via de acesso aos ônibus em Maceió, coletando assinaturas do abaixo-assinado, junto à população. “Mas não parou por lá, a intenção é na próxima segunda-feira, dia 6, fecharmos vários pontos de acesso do transporte coletivo para chamar a atenção dos passageiros e sociedade em geral contra o aumento da passagem”, avisou Sabino. Segundo ele, o documento coletivo será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE), ao Ministério Público de Contas de Alagoas (MPC/AL), Câmara Municipal de Maceió, Defensoria Pública e ao Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas (TJ/AL), solicitando que as autoridades impeçam o aumento considerado ‘abusivo’ da passagem de ônibus da cidade de Maceió. PONTOS DE BLOQUEIO A população maceioense deve ficar atenta quanto aos pontos de bloqueio na próxima segunda-feira (6), diante do protesto que tem previsão para começar às 7h. O Terminal de Ônibus do Benedito Bentes estará fechado. Como também a Avenida Durval de Góes Monteiro, nas imediações da Bomba do Gonzaga, em frente à Escola Rotary. Outro local que será bloqueado é a Avenida Major Cícero de Góes Monteiro, no Mutange, em frente ao Campo de CSA. Também o Terminal de Ônibus do Conjunto Residencial Graciliano Ramos também. Além da Avenida principal do Clima Bom 2, a rodovia AL-101 Norte estará interditada nas imediações da Garça Torta e entrada do Alto de Ipioca. A avenida principal de acesso ao Aterro Sanitário de Maceió, no Conjunto 1° de Junho, próximo ao Conjunto Carminha, no Benedito Bentes II, também ficará interditada. Para Antônio Rodrigo Fecci, o valor cobrado é considerado alto para a realidade de Maceió, tendo em vista o tempo curto do percurso e a má qualidade dos ônibus ofertados para os cidadãos. “A frota não traz nenhum conforto, sem falar no tempo que se passa aguardando o transporte. Para falar a verdade, para se ter um valor justo teria que trabalhar na qualidade dos serviços, além da Prefeitura de Maceió cair em campo para fiscalizar os clandestinos e lotação”, pontuou. “Não preciso tanto andar de ônibus, porque trabalho em dias alternados, mas quem precisa de ônibus todos os dias, sofre bastante com o descaso e acaba recorrendo ao transporte ilegal”, opinou. Yara Costa também concorda com Antônio. Embora ela seja estudante e só pague meia passagem, diz que acha cara e concorda com a permanência em R$ 3,65. “O trabalhador sofre, porque não é somente passagem, são muitas despesas, muitos vivem de aluguel, tem alimentação, escola de filhos, saúde, tudo isso encarece no orçamento. Para se cobrar por um transporte caro é mais digno primeiro investir em qualidade das estradas e do transporte”, colocou. Aumento representaria um índice de 12% no valor atual [caption id="attachment_348184" align="alignleft" width="245"] Yara Costa também avalia que o valor atual da passagem é alto e concorda com o não reajuste (Foto: Edilson Omena)[/caption] No dia 26 de dezembro passado, o Conselho de Transporte Municipal aprovou os cálculos da nova tabela paramétrica realizada por uma empresa de consultoria contratada pela Prefeitura de Maceió, que sugere o aumento de R$ 3,65 para 4,10 no preço da passagem de ônibus na capital, representando um reajuste de 12,16% no valor que é cobrado atualmente. Foram dez votos favoráveis e três contrários ao aumento. Durante a reunião extraordinária, as entidades favoráveis ao aumento citaram a diminuição do número de passageiros e o aumento das gratuidades como fatores importantes para a elevação no preço da passagem. Para eles, o custo deveria ser subsidiado entre estado, município e sociedade. O presidente da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), Antônio Moura, falou na ocasião que o aumento só ocorreria se a frota de ônibus fosse renovada em 2020, a partir deste mês de janeiro. Duas mil assinaturas foram contabilizadas até esta quinta (2)   O diretor da Famecal disse que foram contabilizadas até o momento cerca de duas mil assinaturas, mas a coleta segue na próxima semana. “Segunda-feira, faremos um grande ato pelas ruas do Comércio da capital e em vários bairros da cidade, a exemplo do Conjunto Graciliano Ramos, Grota do ‘Andraújo’ e Conjunto 1° de junho, no Clima Bom 2. Várias comunidades vão buscar assinaturas”, mencionou Antônio Sabino. Para ele, embora o número já seja bastante expressivo, a quantidade de assinaturas deve ser significativa para a Câmara de Vereadores de Maceió e para o Tribunal de Justiça. [caption id="attachment_348186" align="aligncenter" width="640"] Movimento colhe assinatura de usuários do transporte coletivo (Foto: cortesia)[/caption] “Queremos juntar o máximo possível de assinaturas para protocolar na Câmara de Vereadores de Maceió. Caso o prefeito Rui Palmeira dê o aumento, a Famecal vai entrar com uma ação na Justiça”, emendou. O representante da Famecal frisou ainda que os advogados da Federação já estão trabalhando na causa. No entanto, a luta continua nas ruas e nos locais de moradias, sobretudo em toda periferia de Maceió, onde os cidadãos mais precisam de condução para o seu deslocamento. A Famecal defende a manutenção do atual valor da tarifa de transporte coletivo de Maceió, em R$ 3,65 e conta com o apoio da Confederação Brasileira das Federações de Associações de Moradores e Entidades Comunitárias (Confamec). Em alguns momentos a Federação trava luta conjuntamente com o Movimento Estudantil que compõem o Comitê Pela Redução da Passagem de ônibus de Maceió. A Prefeitura Municipal de Maceió por meio da assessoria de comunicação informou que o prefeito Rui Palmeira ainda não tomou a decisão acerca do reajuste, bem como não disse qual seria a previsão para sancionar o reajuste da passagem.