Cidades

Moradores: “só saímos com indenização na mão”

Bosque do Mundaú é um dos pontos de desocupação previsto no mapa da Braskem

Por Evellyn Pimentel 06/12/2019 10h11
Moradores: “só saímos com indenização na mão”
Reprodução - Foto: Assessoria
Após a Braskem divulgar o perímetro de resguardo que realocará 400 imóveis, moradores aguardam o início das tratativas para definir o “futuro”. No Residencial Bosque do Mundaú, no Mutange, 14 moradores aguardam definição de indenização. Segundo a síndica, Sandra Ramos, dos 34 imóveis do condomínio, apenas 14 estão atualmente ocupados. Ela diz que o clima é de tensão entre os moradores. “Todo mundo tem a mesma fala. De tentar minimizar, ser ressarcido em pelo menos alguma coisa. Porque está horrível. O pessoal não dorme, está aquela agonia, sem saber o que fazer, com medo. Hoje são 14 imóveis com moradores, eram 34, o restante já saiu com medo”, comenta. Morador há mais de três décadas do condomínio, seu José Cícero dos Santos afirma que aguarda “há seis meses” negociação para sair de seu imóvel. “Os que ficaram só saem com indenização. Sem indenização ninguém sai. Não vou para aluguel social. Para sair e deixar a minha casa a toa eu não saio. A gente tem que sair, mas depois de negociar. Só saio daqui quando resolver. Esse pessoal diz uma coisa de manha e a tarde é outra. Estamos há seis meses esperando negociação. Quem tinha condições já saiu, mas eu não tenho, minhas filhas é que já me ajudam. Sair daqui pra alugar uma casa em outro canto eu vou. Fazer o que?”, diz José Cícero dos Santos, que mora há 35 anos no condomínio. Para os moradores também há outra preocupação: depredação e furtos nos imóveis. Nas casas do entorno, desocupadas há alguns meses, os furtos vão desde fios elétricos até telhas, a exemplo do que vem ocorrendo no bairro do Pinheiro. “A gente está se preparando. Sabe que sai e não volta mais. Mas sabemos que é saindo e duas horas depois invadirem, destruírem, roubarem as coisas das casas. E como vai ser? Porque segurança pública não tem. Basta olhar a situação do Pinheiro. Casas da principal que os moradores saíram já foram depredadas. Dá 16h e os bandidos já começam a levar as coisas, quebrar tudo, até contador de energia e fios levam”, afirma a síndica. Os efeitos do afundamento já são percebido no condomínio. A quadra localizada ao fundos enche de água da Lagoa Mundaú durante a maré cheia. A água estaria vindo por tubulações de esgoto. “Aqui no condomínio tem um muro de dois metros, nunca tivemos problema com água. Como a água está vindo mais, ela enche a caixa de esgoto que tem na quadra e fica com água lá com a maré cheia. Depende da maré”, fala o morador José Cícero. Sandra conta que também há registro de fissuras em alguns imóveis. “Na minha casa tem uma rachadura há uns cinco anos, ela já abriu um pouco. E na casa em frente os moradores saíram assustados depois que apareceu uma rachadura. O muro não tem amarração, mas eles ficaram com medo porque afastou. Também percebo algumas rachaduras que não tinham antes”, detalha a síndica. Negociações devem começar na próxima segunda-feira Segundo informações divulgadas pela Braskem no início da manhã de ontem (5) as negociações já têm calendário definido. “A Braskem irá iniciar na segunda-feira, 9 de dezembro, as ações do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação dos moradores que estão dentro da área de resguardo em torno dos poços. O Programa de Compensação inclui indenização aos moradores da área de resguardo em torno dos poços e apoio durante todo o processo. O Programa terá critérios para garantir o mesmo tratamento a todos os moradores. Ainda segundo a petroquímica, as ações devem começar na próxima semana com visitas aos imóveis, elaboração de censo e reuniões com os moradores. “A primeira ação do Programa será uma visita de técnicos sociais à área, na qual será feito o registro de cada imóvel e do número de pessoas que nele vivem. A Braskem instalará, nos próximos 15 dias, uma Central do Morador, que irá concentrar serviços e informações às famílias e no qual as pessoas poderão tratar sobre compensação e apoio à sua realocação”, diz a empresa. Ajuda humanitária: parcela do lote 11 está disponível  Os beneficiários do lote 11 da Ajuda Humanitária do Governo Federal poderão sacar a terceira parcela do benefício a partir desta sexta-feira (6). A informação é da Prefeitura de Maceió. O saque pode ser realizado em qualquer agência do Banco do Brasil ou nos caixas de autoatendimento com o Cartão Saque. Segundo informações da Secretaria Municipal de Economia (Semec), a previsão era de que o saque estivesse liberado ontem (5), mas um problema na operação bancária atrasou o procedimento. O valor vai poder ser retirado a partir de hoje. O saque deve ser feito em um prazo de até 30 dias para evitar o bloqueio automático do valor pelo sistema de pagamento, havendo necessidade de nova autorização de crédito para liberação da Ajuda Humanitária. O cronograma de pagamento do mês de dezembro, divulgado pela Semec, segue com a liberação dos lotes 10 e 5, com novas parcelas disponíveis também hoje. 3º LOTE Também já está disponível para saque a décima parcela do lote 3 da Ajuda Humanitária do Governo Federal para moradores do Pinheiro. A ajuda humanitária é voltada para os moradores dos bairros atingidos por rachaduras em virtude do fenômeno geológico causado pela mineração e que precisaram deixar suas casas sob orientação da Defesa Civil Municipal, porque apresentavam risco. A orientação da Coordenadoria Municipal Especial de Proteção e Defesa Civil (Compdec) é para que, em caso de dúvidas sobre o pagamento da ajuda humanitária, o cidadão entre em contato com o órgão pelo telefone 0800 030 6205, com a informação do nome e número do CPF.