Cidades

Sal misterioso surge em paredes de casas no Bom Parto

CPRM deve ir ao local esta semana para avaliar a situação; Defesa Civil de Maceió também enviará equipe ao bairro

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 27/11/2019 08h49
Sal misterioso surge em paredes de casas no Bom Parto
Reprodução - Foto: Assessoria
O aparecimento de sal em paredes de imóveis tem chamado a atenção de moradores do bairro do Bom Parto, em Maceió. O bairro é listado como um dos quatro afetados pelo processo de subsidência relacionada à extração de sal-gema. Os moradores temem que haja alguma relação com o problema do afundamento. Técnicos do Serviço Geológico do Brasil devem ir ao local esta semana. O vereador Francisco Sales esteve num dos imóveis e divulgou um vídeo em que um morador aparece retirando sal das paredes. Para ele é preciso providências para assistência à comunidade. “Esses imóveis estão a 2 ou 3km do último poço, instalado no Sinteal. E agora está aparecendo sal nas residência principalmente na região mais próxima da lagoa. Falei com o Thalles da CPRM ontem e ele disse que irá mandar técnicos ao local até quinta-feira. Já cobrei posicionamento da Defesa Civil porque os moradores estão em pânico. Para se ter ideia, eu cheguei na residência e tinha criança passando a mão no sal e colocando a mão na boca, um material que não se tem ideia de onde está vindo”, detalha o vereador. O Bom Parto foi incluído recentemente na lista de bairros em situação de calamidade. Em agosto deste ano os moradores começaram a denunciar o aparecimento de rachaduras em imóveis. Segundo a Defesa Civil de Maceió, a solicitação já foi feita pelos moradores e uma equipe deve ser encaminhada ao local ainda esta semana. “A Defesa Civil foi acionada na semana passada, mas ainda não conseguiu ir por causa da disponibilidade do solicitante. Mas irá está semana”, informou o órgão. O líder comunitário do bairro, Fernando Lima esteve reunido com representantes da Prefeitura de Maceió na tarde de ontem (26) para discutir a situação do bairro. Até agora, já são mais de 400 imóveis com rachaduras. “Começamos a verificar que os moradores estavam encontrando rachaduras, de uns três meses ou mais para cá. Inicialmente em 33 casas, com laudo da Defesa Civil. Hoje já chega a quase 400 casas. Foram identificadas rachaduras atípicas ao que é comum na região da Lagoa. Porque grande parte de rachaduras lá é devido ao solo, ao aterro da lagoa. Só que nesse momento, temos percebido uma rachadura em específico que tem uma extensão de mais ou menos 300 a 400 metros. Ela se estende desde a parede, ao piso e segue em linha reta”, afirmou Fernando. O Serviço Geológico do Brasil, em audiência pública realizada no início do mês em Brasília, confirmou que o aparecimento de rachaduras em casas no Bom Parto está relacionada ao processo de subsidência. “O fenômeno que está acontecendo nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e provavelmente no Bom Parto é resultado da desestabilização das cavidades de sal, que provocou halocinese [movimentação] algumas cavidades estão completamente fora da camada de sal. Eu não sei qual será o resultado dos demais sonares, mas a gente tem um histórico e verifica claramente que a nossa tese está completamente coerente, existem exemplos no mundo inteiro. A subsidência é provocada pela desestabilização das cavidade de sal. Não temos nenhuma dúvida disso”, disse o coordenador da CPRM Thales Sampaio à época. Consultado pela reportagem, o pesquisador Abel Galindo descarta a relação com as minas de sal-gema. Ele afirma que o material é sal, no entanto, é resultante de reações nos materiais de construção utilizados nos imóveis. “É sal, mas não tem nada a ver com as minas de sal-gema. O que está acontecendo é uma transpiração do sal do tijolo e da argamassa. Foi tijolo feito com areia salgada, misturada com barro. Se você pegar areia do canal da lagoa tem uma taxa de sal alta aí mistura com barro para fazer tijolo, tem determinadas areias com salinidade alta. Aí mistura areia com barro para fazer tijolo e depois de algum tempo transpira sal, a argamassa também”, garantiu Abel Galindo.