Cidades

Rachaduras aumentam no Pinheiro e prédio do Jardim Acácia ameaça desmoronar

Pesquisador Abel Galindo reforça que desabamento deve ocorrer a “médio prazo”

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 14/11/2019 09h06
Rachaduras aumentam no Pinheiro e prédio do Jardim Acácia ameaça desmoronar
Reprodução - Foto: Assessoria
O processo de deterioração de imóveis no bairro do Pinheiro continua em “rápida” evolução. No Jardim Acácia, por exemplo, os blocos 15, 8 e 7 estão “marcados para cair”, segundo avaliação do pesquisador Abel Galindo. Para os moradores, o pesadelo segue e o possível desabamento é tido como uma certeza para os que acompanham diariamente a situação. “Prédios no Jardim Acácia estão com sério risco de desabamento e há alguns dias atrás a Braskem se ofereceu para fazer um trabalho de escoramento, mas a gente disse que não. Que se tiver que cair, deixe cair, porque se escorar e estiver passando gente pode ser atingindo. Não podemos esconder o problema. O problema existe e é muito sério”, afirma o morador Sebastião Vasconcelos. Cássia Cordeiro é moradora de um dos blocos mais comprometidos. Ela e o marido, fazem registros periódicos que constatam o avanço. Um dos sinais mais evidentes do colapso, segundo ela, é a grade do pavimento térreo, que está “torta”. “Os [prédios] vizinhos também estão nessa situação. Acho que um engenheiro percebe de cara pelas fotos que o prédio entrou em colapso. Não é vandalismo, é que entortou mesmo a grade”, detalha a moradora. Ela afirma que a única certeza que os moradores desses blocos têm é que não poderão mais voltar. “A Defesa Civil tem feito o papel dela. Isolou aqueles prédios e estuda a possibilidade de demolição. Nós moradores estamos preocupados porque sabemos que não existe possibilidade de retorno, pelo menos para esses prédios. E não temos garantia de nada. Até quando esse aluguel social será pago? O primeiro lote já acaba a renovação em janeiro.” Sebastião Vasconcelos afirma que não sabe como ainda não houve desabamento de estruturas em alguns imóveis devido à situação crítica. “A casa do Joellinton está só o restinho e não caiu. Têm prédios que eu não sei como ainda estão de pé. Está esse marasmo todo e as pessoas sofrendo sem saber o que vai ser feito”, afirma. A casa citada por Sebastião é de Joellinton Barbosa e fica nas proximidades da Igreja Menino Jesus de Praga, uma das áreas mais afetadas após o tremor em março de 2018. Joellinton afirma que a situação do imóvel vem piorando. “Está muito pior. Tínhamos um buraco de 6 metros na garagem e já foi colocado terra umas 3 vezes pela Prefeitura. Aí vão colocar asfalto em cima e a terra vai comendo por baixo. A única certeza que temos é que a Braskem está ganhando tempo e a população cada vez mais tomando prejuízo. Essa obra que estão fazendo é só para enganar pois quando chove as águas estão por baixo da terra e vão fazer uma camada de asfalto para ninguém ver como está em baixo que deve durar alguns anos e colocar as vidas em risco pois em baixo estará vazia”, critica o morador. Blocos 7, 8 e 15 estão “marcados para desabar”, avalia pesquisador   Abel Galindo diz que o processo continua evoluindo de forma milimétrica, mas que isso é suficiente para causar estragos em superfície. “Seria o bloco 15 do Jardim Acácia, o bloco 8 e 7. Mas o que eu soube é que não querem que faça nada. Os moradores não querem que a Braskem escore. É possível demolir, porque está afetando uma parte. Mas os moradores, os donos não querem, querem que deixe lá. O que está acontecendo é que as casas continuam rachando e  não se sabe até quando. O bairro está muito comprometido, o estrago está feio, as casas continuam rachando, mais ruas poderão rachar, mais casas e prédios poderão rachar. Pode até ficar rachando e ficar inviável morar. Esses prédios, bloco 15, 7 e 8 são blocos que devem desmoronar aos pedaços. Em médio prazo, isso deve ocorrer. Está piorando e vai chegar ao ponto de que a estrutura não vai aguentar, mas não vai ser o bloco todo, vão ser partes”, diz o pesquisador. No início do mês a Defesa Civil Municipal havia divulgado que não descartava a demolição de blocos afetados. Procurado pela reportagem, o órgão diz que avalia quais medidas poderão ser adotadas. “A Coordenação Especial Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec) informa que as medidas a serem adotadas diante da evolução das rachaduras nos blocos do Conjunto Jardim Acácia estão sendo discutidas com os órgãos necessários e serão divulgadas assim que definidas. Enquanto isso, os prédios continuam isolados para evitar risco à população”, explicou em nota. Para morador Sebastião, a resolução do problema parece distante.  “Sinceramente, a única situação que realmente pode vir a impressionar o causador é se esses blocos caíssem. Se demolir, eu autorizar, por exemplo, quem vai me indenizar? Se a gente autorizar demolir, quem vai cobrir as indenizações? Essa é uma pergunta que nós moradores fazemos”. De acordo com os moradores, a Braskem ofertou o serviço de ancoragem nos prédios que estão em risco, no entanto a opção foi rejeitada. Segundo a empresa, o trabalho seria parte do acordo de cooperação técnica firmado entre órgãos públicos. “A Braskem assinou em abril o primeiro Termo de Cooperação com a Prefeitura de Maceió, Conselho Regional de Engenharia de Alagoas e Ministérios Público Estadual, Federal e do Trabalho. Entre as atividades previstas nas ações de apoio à comunidade, a Braskem se comprometeu com os custos da contratação dos serviços de inspeção dos imóveis prediais em algumas edificações no bairro do Pinheiro – edifícios e escolas. No relatório elaborado pela empresa YRM, consta a recomendação de um trabalho de ancoragem em algumas unidades do Jardim Acácia. O relatório dessas inspeções foi entregue a todos os participantes do Termo de Cooperação”, afirmou a Braskem em nota. Segundo o morador Márcio da Rocha, escorar o prédio não resolve a situação. “Não adianta escorar, pois não tem solo fixo. A Defesa Civil está vendo o que pode ser feito legalmente na Justiça. Não pode simplesmente derrubar. Avaliação já era, pois estão em colapso e não podem mais entrar. O problema é que fatores  burocráticos e Justiça lenta faz com que esperemos”, diz.