Cidades

Cágados surgem mortos em Jequiá da Praia

Pesquisador registrou 22 animais sem vida; 16 deles serão analisados em Viçosa e outros dois enviados à Brasília para necropsia

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 01/11/2019 08h54
Cágados surgem mortos em Jequiá da Praia
Reprodução - Foto: Assessoria
Vinte e dois quelônios, mais conhecidos como cágados, surgiram mortos na Lagoa de Jequiá da Praia, Litoral Sul de Alagoas. Os animais foram recolhidos e devem passar por análises no estado e também em Brasília para determinar a causa da morte. Ainda não é possível determinar se há relação com as manchas de óleo. O coordenador da força-tarefa de pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Emerson Soares, explica que outros fatores como poluição e presença de agrotóxicos podem ter provocado a mortandade por isso ainda é cedo para dizer o que causou. “Foram 22 quelônios, são cágados. Foram encontrados na Lagoa de Jequiá. Eu coletei água e estou com um deles aqui. A gente nãos sabe se é por causa do óleo. Pode ser por questão de poluição de agrotóxicos, esgoto, algum problema de poluentes. Não temos nada que confirme que seja o óleo, porque foi muito dentro da lagoa, Numa região de 3 ou 4km dentro da lagoa, a gente não tem. Só depois das análises que nós vamos fazer é que saberemos. O biólogo e coordenador do Instituto Biota Bruno Stefanis chama atenção para a situação considerada atípica. Segundo ele, os cágados são animais extremamente resistentes à poluição. “Cágado é muito resistente à poluição. Para você ter uma ideia tem uma comunidade que vive próximo ao riacho Salgadinho, ali na região do Ministério Público Estadual. Ou seja, os animais conseguem resistir à poluição do Salgadinho propriamente dita e estão morrendo do nada, em massa, em outras áreas que são consideradas equilibradas. Isso é preocupante demais e mostra que algo está muito errado. Coincidência ou não isso chega bem no momento em que estamos sendo acometidos pelo óleo. Não estamos fazendo nenhum link, os animais ainda serão analisados”, avaliou. Um vídeo que mostra os animais mortos boiando na lagoa circulou nas redes sociais. Segundo a coordenadora técnica da Secretaria do Meio Ambiente de Jequiá da Praia, Mariana Santiago, a própria comunidade relatou a ocorrência nesta quinta-feira (31). “Apareceram alguns cágados mortos na Lagoa num povoado distante do Centro de Jequiá e distante também do mar. Todos os animais apareceram hoje [quinta, 31], a comunidade fez o contato com o ICMbio e eles solicitaram nosso apoio. Como a situação ocorreu dentro da reserva extrativista marinha Lagoa de Jequiá, que é unidade de conservação gerida pelo ICMBio as ações estão sendo tocadas pelo próprio ICMBio. O que a gente fez hoje [quinta, 31] foi auxiliar no momento da coleta de alguns animais para posterior análise”, afirma. “Mortandade pode não ter ocorrido no local do encalhe”   A chefe da Reserva Extrativista (Resex) Marinha da Lagoa de Jequiá, Diana Alencar, detalha que não há como precisar a quantidade de animais mortos. O que se sabe é que houve o encalhe na região mostrada no vídeo, mas a mortandade pode não ter ocorrido no local. [caption id="attachment_337111" align="alignleft" width="300"] Para Emerson Soares, ainda é cedo para dizer o que causou mortes (Foto: Edilson Omena)[/caption] “A gente não tem a exatidão do número de animais. Nós coletamos 18 indivíduos mortos mais foi um pouco mais do que isso. A gente não tem a exatidão de onde aconteceu isso, recebemos a denúncia de onde eles encalharam. Por isso não posso precisar se houve mais porque ali foi a maior concentração de encalhe dos cágados. A gente já tinha passado por mortandade de peixes, mas de cágados não, é a primeira vez”, destaca. O Instituto Biota também esteve dando suporte na coleta dos animais. Segundo Bruno Stefanis, dois animais serão enviados à Brasília para necropsia na Polícia Federal, a exemplo do que ocorre com os golfinhos encontrados mortos esta semana. “O Biota foi em Jequiá, não temos informações de quantos morreram. A Prefeitura de Jequiá coletou 18 animais. 16 desses bichos vão ficar em Viçosa para passarem por necropsias em Viçosa e dois irão para análise da Polícia Federal em Brasília. Eu não sei o número de animais mortos, só sei o que a Prefeitura coletou. Não temos outros detalhes”, resumiu.