Cidades

Sintufal adere à paralisação nacional de 48h em defesa da educação pública

Servidores e estudantes são contra o Programa Federal Future-se e defendem soberania nacional na educação

Por Daniele Soares com Tribuna Hoje 02/10/2019 13h09
Sintufal adere à paralisação nacional de 48h em defesa da educação pública
Reprodução - Foto: Assessoria
Frentes educacionais de diversas universidades do Brasil iniciaram a manhã de hoje (02) aderindo ao Dia Nacional de Paralisação em Defesa da Educação e da Soberania Nacional. A greve de 48h que deve durar até esta quinta-feira (03), tem como foco a luta contra os cortes na educação, bem como a defesa pela autonomia das universidades. No Campus A.C Simões da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), servidores e estudantes se reuniram logo cedo em um café da manhã com o objetivo de esclarecer a comunidade acadêmica sobre as ações do governo e as consequências da adesão ao Programa Federal Future-se, que quer financiar parte do ensino nas universidades públicas e regulamentar a gestão das instituições com participações de OSs (Organizações Sociais). De acordo com Jailton Lira, presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (ADUFAL), a educação pública está sofrendo um ataque com uma inversão de prioridades vindas do Ministério da Educação (MEC). “Estamos passando por um processo muito difícil na educação pública. O que o MEC estabeleceu para o setor privado é uma falta de respeito. Na nossa avaliação o programa Future-se compromete o sentido público da universidade. Esse esvaziamento que durará 48h é resultado da nossa mobilização, pois nós pedimos que todos envolvidos na comunidade acadêmica aderissem à paralisação em prol dos nossos direitos que devem ser resguardados”, informou Jailton que ainda deixou claro quais serão as próximas ações. “Até agora o MEC não recebeu os sindicatos nacionais de educação e isso é muito ruim, pois temos pautas acumuladas ao longo dos anos e é preciso que eles abram um canal de diálogo, mas se o governo federal não recuar na pauta que vem apresentado com o contingenciamento de recursos e de criminalização dos seguimentos educacionais, iremos acumular forças para pensar em ações mais enérgicas, como uma greve geral”, afirma o presidente. Paulo Jorge, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Alagoas (Sindufal), reafirma a importância da autonomia da educação pública e fala dos malefícios em aderir ao programa Future-se. “Com o Future-se o Estado deixa de ter anuência e obrigação de bancar seus servidores e isso fará com que dependamos de empresas privadas. Com o passar do tempo, as universidades não poderão andar com os próprios pés e se tornarão privatizadas, isso é retroceder. Nosso interesse é mostrar que não estamos dormindo num berço esplêndido. Não aceitamos a forma como o governo está tratando as universidades. Queremos viabilizar melhorias dentro do campus, com o acompanhamento do Estado. Nós não aprovamos esse programa e essa é a nossa luta”, enfatiza Paulo Jorge. O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes Quilombo dos Palmares, Thiago di Lucas também se posicionou a respeito das ações do governo federal voltadas às universidades. “O Future-se faz parte da agenda antinacional e antipovo, pois retira da universidade, retira na verdade, do povo brasileiro, a sua autonomia para utilizar a Universidade Pública como instrumento do desenvolvimento econômico e social do Brasil. A universidade pública, como nós a conhecemos, tem uma função de aproveitar as potencialidades do povo brasileiro em função do desenvolvimento econômico, científico, cultural, artístico, além de também servir para combater as desigualdades; que são as mazelas da nossa sociedade", informa Thiago que faz questão de enfatizar o descontentamento em relação ao Programa Federal. "O Future-se significa o desinvestimento na universidade e isso causa a extinção ou mesmo a restrição de algumas ações como a Extensão, que faz parte do tripé universitário, ou mesmo cursos de licenciatura, com pouca visibilidade mercadológica. A universidade pública já mantém relações, agora equilibradas, com as empresas, mas o Future-se desequilibra essa relação, por causa do financiamento exclusivamente privado. Nós, do DCE da UFAL, somos contrários ao Future-se e estamos trabalhando para que a comunidade acadêmica negue esse projeto de privatização e precarização da universidade”, conclui. O término do Dia Nacional de Paralisação está previsto para amanhã. Até lá vários atos ainda irão acontecer. Acompanhe a programação: [caption id="attachment_330767" align="aligncenter" width="720"] Programação - Paralisação em Defesa da Educação Pública[/caption]