Cidades

Por risco, Sinteal vai se mudar de sede histórica

Direção da entidade localizada há mais de 30 anos no bairro do Mutange aguarda laudo técnico para transferência de endereço

Por Evellyn pimentel com Tribuna Independente 03/08/2019 08h57
Por risco, Sinteal vai se mudar de sede histórica
Reprodução - Foto: Assessoria
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) tem se preparado para mudança de sede. É que a entidade, sediada há mais de 30 anos no bairro do Mutange, em Maceió, está em uma zona considerada de monitoramento pela Defesa Civil Municipal e circundada pela encosta e Lagoa Mundaú. Segundo a direção, a situação tem preocupado os integrantes e faltaria apenas um laudo técnico para a transferência. A presidenta do Sinteal, Consuelo Correia afirma que o prédio tem apresentado sinais “preocupantes” e que já houve, inclusive, busca por prédios para locação e transferência. No entanto, a entidade aguarda um laudo técnico que ateste a necessidade de evacuação para definir a situação. “A gente precisa ter um laudo técnico dos órgãos competentes, não sei ainda se do CPRM. Defesa Civil já esteve conosco, disse que teríamos um prazo, que não tínhamos esse risco iminente. O risco para nós é essa barreira, que fica em frente ao nosso prédio, que se ela apresentar fissuras pode ocorrer infiltração, ela desabar e vir para cá. É o risco maior nesse momento. Vamos buscar laudos técnicos oficiais para que tenhamos a clareza das preocupações que devemos ter com o nosso prédio. Pesquisamos alguns imóveis para alugar no Farol, no Centro, mas são valores que fogem a nossa realidade, alugueis de R$ 20 mil, R$ 25 mil”, esclarece Consuelo. Desde que houve a comprovação de que áreas do bairro do Mutange precisariam ser evacuadas, num primeiro momento os imóveis residenciais, a dirigente afirma que foi surgindo uma sensação de dor e preocupação entre os integrantes da entidade. “É muito doloroso. A gente vê com muita preocupação. Estamos num quadro de muita dificuldade com o nosso prédio, problema causado pela Braskem, já foi comprovado pelos técnicos e geólogos. Nosso prédio além do valor econômico e patrimonial de tudo que investimos, que é a maior sede de todos os sindicatos construídos em Alagoas, tem um simbologia muito forte. Começamos nesse casarão ao lado desde 1965, com a Associação  dos Professores Primários e estamos até hoje. Nós temos uma história, quando dizemos que há uma possibilidade de sair daqui, porque ainda não é certeza, dá um sentimento de muita tristeza. Porque aqui foi o lugar onde construímos nossas lutas. É uma história de muitas conquistas e defesa dos trabalhadores e da educação de Alagoas”, lamenta. Para Consuelo, além do impacto econômico da mudança de espaço, há prejuízos também para o valor simbólico atrelado à sede. “Se tivermos que sair daqui o prejuízo é tamanho, porque não é qualquer coisa. Não é simplesmente o valor econômico, patrimonial, é o valor sentimental da nossa história, da história de luta dos educadores alagoanos, que começou aqui neste espaço”, diz Consuelo Correia. Acúmulo de água leva direção a desocupar uma das salas do prédio   Em uma das salas do prédio antigo a água está literalmente “minando”. A reportagem da Tribuna Independente esteve no local. A água sobe entre a divisão do piso, formando inclusive bolhas de ar. Segundo o assessor do Sinteal, Eduardo Baía, a sala está sendo desocupada porque o acúmulo de água é constante. A preocupação é de perda do acervo armazenado no local. [caption id="attachment_318072" align="aligncenter" width="640"] Água está minando pelo solo e pode causar perda de acervo (Foto: Edilson Omena)[/caption] “A água está minando, tenho dois anos trabalhando neste prédio e não tinha visto isso ocorrer da forma como está ocorrendo. A gente imagina que  a água esteja vindo das tubulações”, pontua o assessor. Consuelo afirma que eles irão buscar um especialista para avaliar as condições do prédio. “A gente não tem percebido a olho nu, mas quem pesquisa sabe que isso vem abaixando. Nós tínhamos alagamento naquele quarto durante chuvas intensas. Antes só quando chovia muito, forte, e vários dias seguidos aquele quarto minava água. Agora tem sido com frequência, todos os dias a nossa funcionária tira a água com o balde e mina novamente. Não sei o que está acontecendo ali. Vamos ver se conseguimos um técnico para avaliar o que está acontecendo com nosso prédio. Temos uma série de preocupações, não sabemos se é água da lagoa, se é um sumidouro que tá liberando água neste terreno”. Segundo Consuelo, há sinais também no prédio mais recente, o auditório do Sinteal, construído há cerca de dez anos. O rejunte do espaço está estourando com a salinidade. Ela conta ainda que uma reforma no local foi paralisada pela iminência de deixar o local. “Estávamos finalizando uma reforma no sistema de refrigeração do auditório e nós paramos. Porque ficamos preocupados em investir dinheiro da categoria e a qualquer hora a gente receber um laudo técnico de que não temos como ficar aqui”, ressalta. PROVIDÊNCIAS Além da mudança de sede, o Sinteal estuda medidas jurídicas que possam ser aplicadas no caso. “Nós conversamos com o escritório jurídico para ver a possibilidade de entrar com uma ação contra a Braskem, entretanto, precisamos desse laudo de um órgão oficial de governo dizendo que temos que sair, que o prédio não pode mais ser usado. Até então nós não temos, mas estamos buscando para que tenhamos essa definição. O que nós vamos fazer? Nós estamos buscando tudo isso para ter certeza de como encaminhar nesse momento”. Numa espécie de plano B, a entidade avalia também a mudança para um outro local pertencente ao patrimônio do Sindicato, entretanto, segundo Correia, não comportaria o funcionamento. A situação ainda é de indefinição. “Nós temos um prédio pequeno aqui na Cambona, estamos pensando, caso isso se reafirme e a gente tenha que sair, a princípio iriamos para lá. Porém o espaço não acomoda todo esse mobiliário, a gente tem que alugar outro espaço pelo menos para colocar cadeiras do auditório, mobiliários, a gente tem muita coisa. Estamos em busca desse laudo para saber quanto tempo temos, para nos organizar e ter algo mais contundente com relação a nossa situação”.