Cidades

Corpo de Bombeiros registra três casos de acidentes envolvendo elevador este ano

Em 2018 foram 14 ocorrências; apesar dos números serem baixos, a manutenção do equipamento é essencial para evitar acidentes

Por Tribuna Hoje 13/07/2019 11h35
Corpo de Bombeiros registra três casos de acidentes envolvendo elevador este ano
Reprodução - Foto: Assessoria

Apesar de ser considerado o meio de transporte mais seguro e confiável do mundo, o elevador não é imune a acidentes. No entanto, geralmente eles ocorrem quando é utilizado de modo indevido ou manipulado por pessoas que não tem o conhecimento na utilização do equipamento. Em Alagoas, segundo o Corpo de Bombeiros Militar (CBM/AL), de janeiro até o momento foram registrados apenas três casos de acidentes com elevador. E em todo o ano de 2018, 14 acionamentos ao CBM/AL.

Mesmo sendo baixo o número de registros, o Corpo de Bombeiros ressalta que a fiscalização e manutenção são essenciais para evitar transtornos. “Quando o prédio solicita a vistoria para aprovação do projeto contra incêndio e emergência ao Corpo de Bombeiros Militar, a equipe técnica de vistoria testa o funcionamento dos elevadores, principalmente no tocante ao funcionamento do sistema de alarme e comunicação (interfone). No entanto, a fiscalização do CBM/AL é restrita a aprovação dos projetos contra incêndio e emergência, quando a equipe de vistoria visita o imóvel realiza os testes já citados, e caso o elevador não funcione fica a cargo dos proprietários buscar as empresas especializadas para realizar a manutenção necessária”.

De acordo com o site Síndico NET, os acidentes mais comuns com elevadores estão associados ao “uso da chave de abertura emergencial de portas, por pessoas leigas, e posterior não travamento da porta, além do uso inadequado do equipamento, brincadeiras dentro da cabine e resgate inadequado de passageiros”. As portas não travadas, por exemplo, são responsáveis por 50% dos acidentes com vítimas fatais, pois a pessoa não percebe que o elevador está fora do andar, abre a porta e cai no poço.

TREINAMENTO

Para melhorar ainda mais as ações dos agentes do Corpo de Bombeiros em salvamentos de vítimas em elevador, foi realizado no  dia 28 de março, uma palestra com o engenheiro Carlos Alberto Antunes, Diretor de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho da Thyssenkrupp Elevadores para o Brasil e América Latina, que tem mais de 25 anos de experiência na área.

Antunes falou com os agentes sobre a maneira de agir em caso de passageiro preso. Em um dos questionamentos a pergunta é: Vamos supor que você está saindo de casa para ir trabalhar e o elevador do condomínio onde você mora para de repente. Você está sozinho e nunca esteve numa situação como essa antes. Qual é a melhor atitude a tomar? A maioria das pessoas não sabe e não tem obrigação de saber. Mas, o desconhecimento sobre como o elevador funciona pode levar as pessoas a tomarem decisões erradas, colocando em risco a sua segurança.

 “É comum os usuários ficarem assustados, acharem que vai faltar ar na cabina, mas não há motivos para pânico. O elevador é um dos transportes mais seguros do mundo e não representa nenhum perigo para quem o utiliza. O equipamento é projetado para deixar o passageiro retido e em segurança”, afirma Carlos Alberto Antunes.

 Segundo o engenheiro, para o usuário, a orientação mais importante para a pessoa presa no elevador é não tentar sair sozinha ou aceitar a ajuda de pessoas não habilitadas. ‘’As estatísticas comprovam que a maior incidência de acidentes com elevador está relacionada a atitudes incorretas no resgate de passageiros ou na precipitação do usuário em forçar a saída sem o auxílio de pessoal especializado’’, comenta Antunes.

Mais de 50 agentes participaram de instrução

O CBM/AL explica  houve uma instrução teórica acerca da atuação em caso de emergência com elevadores e escadas rolantes, onde foi abordado: o funcionamento, os acidentes mais comuns nos equipamentos e como devem ser operados esses equipamentos durante as ocorrências, sempre levando em consideração as variações existentes entre os diversos tipos de equipamentos, mas que em seguida  haveria a instrução prática.

“A ideia foi mostrar aos bombeiros sobre os procedimentos básicos que devem ser feitos durante um salvamento e dos riscos – não pode ser qualquer pessoa a fazer. Além disso, falamos também dos incidentes com escadas rolantes. E mostramos os comportamentos que levam a esses acidentes. Mostramos como a gente pode realizar o salvamento de forma segura, com a orientação do conhecimento de pessoas que conhecem o equipamento, que são os fiscais de elevador. Então, a palestrar é mostrar como utilizar as técnicas de salvamento dentro do procedimento que é feito com técnico em procedimento de resgate. Nossa premissa é orientar. Neste momento participaram mais de 50 agentes”, explica Carlos Antunes.

O engenheiro disse que apesar de não ter dados concretos de quantas pessoas ficam presas em elevadores, ‘existem várias situações, como o uso indevido (sobrecarga), blakout, uso excessivo – até fatores ambientais, como calor excessivo, refrigeração adequada. São vários fatores que influenciam’.

ABNT

De acordo com a Norma Técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o resgate de pessoas presas no elevador só pode ser feito por técnicos habilitados ou pelo Corpo de Bombeiros. Ou seja, zeladores, porteiros ou outras pessoas que trabalham no condomínio não estão autorizadas a mexer no elevador, muito menos quando há passageiros retidos.

Caso aconteça, algum procedimento errado, o síndico poderá ser responsabilizado criminalmente, pois é ele que responde legalmente pelo condomínio. “Como o elevador continua ligado na energia, caso ele volte a funcionar, como no caso de falta de energia, a pessoa corre risco de acidente grave”, alerta Antunes.  Também não há risco de falta de ar na cabina porque ela possui aberturas de ventilação que garantem a renovação do ar. Além disso, a estrutura é feita de painéis metálicos de aço carbono ou inoxidável, materiais que não propagam fogo.

Outro equivoco é afirmar que o elevador “despencou” ou “caiu”, como muita gente pensa. O sistema possui diversas redundâncias justamente para atuar e evitar um deslizamento da cabina. “A segurança é garantida por vários dispositivos, como o regulador de velocidade, que aciona o freio caso o elevador exceda o limite de peso permitido e o freio de segurança que, em casos extremos, para o elevador, garantindo a segurança do usuário e evitando danos ao equipamento”, explica o engenheiro.

Antunes dá algumas dicas de segurança em caso de passageiro preso no elevador. Entre as dicas estão, manter a calma; pedir ajuda pelo alarme ou interfone, para que a empresa de manutenção seja chamada para efetuar o resgate; identificar em qual piso o elevador está parado; não tentar sair sozinho do elevador - porque o equipamento pode voltar a funcionar no momento em que você estiver saindo; evitar encostar ou apoiar nas portas do elevador e não tentar forçar a abertura da porta e em situações graves, fora de controle, acione o Corpo de Bombeiros.