Cidades

Ufal utiliza metodologia inédita para monitorar processo de desertificação no Brasil

Segundo da dados do Laboratório da Ufal, Alagoas possui 32,8% de áreas em desertificação

Por Ascom Ufal 02/07/2019 08h47
Ufal utiliza metodologia inédita para monitorar processo de desertificação no Brasil
Reprodução - Foto: Assessoria

 núcleos são caracterizados por instituição e com variados critérios, não havendo uma uniformização dos dados”. O pesquisador faz um alerta de que é importante “chamar atenção para isso porque a homogeneidade dos dados, com metodologia unificada, é fundamental para a busca de soluções para problemas ambientais complexos, como a desertificação, bem como para a definição de políticas públicas para conter o processo”.

Metodologia inédita do Lapis Ufal monitora processo de desertificação

Com uma trajetória profissional dedicada ao trabalho com os fenômenos da seca e desertificação, o professor conta que, “ao evidenciar o desencontro das informações, o Lapis desenvolveu uma metodologia inédita, com dados de satélites, para monitorar as áreas em processo de desertificação no Semiárido, sendo hoje a informação mais precisa quanto o nível de degradação dos solos nos estados do Nordeste”.

“Estando à frente atualmente do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas [IPCC], desenvolvemos uma metodologia única para monitorar essas áreas degradadas. O mapa do Lapis é inédito”, informa Humberto Barbosa. “Hoje dispomos das informações e dos dados da desertificação no Semiárido brasileiro. Esse avanço está disponível e pode servir de subsídio para políticas públicas de combate à desertificação, mas é necessário que os governos priorizem a busca de soluções para conter o avanço desse grave problema ambiental”, indica.

Diferenças entre o processo de desertificação e deserto

Humberto Barbosa esclarece que o “processo de desertificação não faz referência aos desertos existentes”. Este, explica o pesquisador, “é uma região natural estéril ou não propícia à vida, devido à baixa pluviosidade. Por definição, os desertos são áreas onde a precipitação média anual não excede 250 milímetros ou em locais onde a quantidade de água perdida pela transpiração ou evaporação excede o previsto pelas chuvas”.

Já a desertificação, continua o docente, “deve-se à vulnerabilidade dos ecossistemas de zonas secas que cobrem um terço da superfície do Planeta, à superexploração e ao uso inadequado da terra. A pobreza, a instabilidade política, o desflorestamento, o sobrepastoreio e as más práticas de manejo afetam negativamente a produtividade do solo”, afirma. “Em resumo, o deserto é uma condição natural de uma região ou paisagem árida ou semiárida, enquanto o processo de desertificação, além das características naturais secas, é condicionado pelas ações antrópicas. Assim, a área perde, progressivamente, sua produtividade a ponto de não conseguir mais se recuperar”.

O pesquisador alerta que o “processo de desertificação é irreversível”. Ele explica que “o solo atinge um nível de degradação grave ou muito grave, de modo que há o empobrecimento das espécies vegetais do local, predominando apenas poucas espécies mais resistentes, até o ponto que o solo se torna improdutivo. Dessa forma, ameaça o desaparecimento de espécies nativas da Caatinga, daí a importância das unidades de conservação para garantir a preservação do patrimônio da biodiversidade”, justifica.

Para impedir esse processo tão devastador, que tem um dia mundial de combate celebrado no dia 17 de junho, o coordenador do Lapis argumenta que “omeio mais efetivo é barrar o avanço, pois é muito custoso tentar recuperar áreas degradadas”. Ainda de acordo com o docente, “políticas públicas ou ações de educação ambiental e de sensibilização das comunidades podem levar à adoção de práticas menos predatórias em relação à Caatinga, além de monitorar a perda da cobertura vegetal, evitar o desmatamento, adotar práticas de manejo que contenham o avanço da erosão são os primeiros passos”.

Ele defende que é preciso “uma mudança de mentalidade, uma complexa mudança de hábitos, que requer oferecer os meios necessários para que a comunidade tenha condições de adotar novas formas de relacionamento com a natureza”. E reforça que “é possível continuar utilizando os recursos naturais da Caatinga, mas de forma sustentável, com o manejo adequado. Mas isso somente será possível se for reduzida a vulnerabilidade do conhecimento dessas comunidades”.