Cidades

GGAL contabiliza 78 denúncias de ataques contra população LGBT

Segundo representante do movimento, número aponta o quanto homofobia ainda é crescente no Estado de Alagoas

Por Daniele Soares com Tribuna Independente 27/06/2019 09h07
GGAL contabiliza 78 denúncias de ataques contra população LGBT
Reprodução - Foto: Assessoria
Somente este ano, 78 denúncias por agressões físicas e morais à comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Drag queens, Assexuais, Pansexuais e Transexuais (LGBT) foram contabilizados pelo Grupo Gay de Alagoas (GGAL), além de três assassinatos e três suicídios. A entidade precursora e fundadora do Movimento LGBT de Alagoas monitora e registra número de casos relacionados à homofobia no estado. De acordo com Nildo Correia, líder do GGAL, o poder público precisa se voltar mais a essa realidade, pois ainda é um número alarmante. “A educação familiar é uma base de princípios. Princípios esses que, levados para o lado de uma cultura preconceituosa, podem sim contribuir no fortalecimento de ações de preconceito, entre elas a homofobia. É necessário que se tenha mais engajamento do poder público”, afirma. No último dia 13, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passa a ser considerada crime. Conforme Ricardo Moraes, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL), essa novidade não impactará no comportamento homofóbico com tanta veemência. “Além de toda discussão da ingerência do judiciário e legislativo, não é garantido que haja uma diminuição dos casos, talvez haja até um aumento dos casos porque as ações fáticas podem se revelar a partir do momento que há uma tipificação de crime. Mas posteriormente, de acordo com as ações judiciais, no futuro pode ser que haja uma diminuição. Mas atualmente eu não acredito que haja”, enfatiza. Em contrapartida, o advogado Alan Sá, é otimista e vê mudança positiva com a criminalização da homofobia. “Pelo temor de sofrer as consequências da lei, acredito que a tendência é diminuir o número dos casos, porque as pessoas vão pensar duas vezes antes de falar ou cometer qualquer coisa. Até brincadeiras e atitudes corriqueiras possivelmente serão repensadas”, acredita. Direitos Humanos da OAB não registrou casos este ano   Segundo Daniel Gueiros, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, este ano a comissão não recebeu denúncias e nem foi contatada por vítimas ou familiares. [caption id="attachment_309767" align="alignleft" width="300"] Daniel Gueiros destaca que crescimento das redes sociais intensificou a proliferação do discurso de ódio (Foto: Acervo pessoal)[/caption] “A Comissão de Direitos Humanos da OAB trabalha monitorando as autoridades em relação a casos de homofobia e transfobia. A gente faz cobranças sobre as investigações e sobre a conclusão dos casos para saber se a autoria foi identificada, etc. E caso não tenha acontecido nós tomamos as providências cabíveis acionando o Ministério Público. Para isso, é necessário que a Comissão seja contatada pela pessoa ou pela família e até agora nenhuma denúncia passou por nossa mesa, mas estamos abertos e prontos a atuar em defesa de todos”, afirmou Gueiros. Ao ser questionado sobre o que motiva esse número crescente, mesmo diante de inúmeras ações de conscientização, Daniel ainda afirma: “A proliferação do discurso de ódio é algo que se intensificou após o crescimento das redes sociais e as pessoas não se importam em fazer ofensas. Esse com certeza é um motivo forte.” Outra Comissão da OAB que está aberta para esse atendimento, em especial, acolhimento da família ou da vítima, é a Comissão Especial da Diversidade Sexual e Gênero, presidida atualmente pela advogada Raquel Pinto. Procurada pela reportagem, a advogada informou que a cada dois meses acontece uma reunião com comitês de defesa ao grupo LGBT, mas que este ano ainda não ocorreu devido a fatores relacionados ao novo governo.