Saúde

Aproximadamente 700 pessoas vivem com a doença falciforme em Alagoas

Ao TH Entrevista, representante de pessoas com a patologia no Estado fala sobre sintomas e tratamentos

Por Texto - Lucas França com Tribuna Independente 25/06/2019 08h18
Aproximadamente 700 pessoas vivem com a doença falciforme em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Cerca de 700 pessoas em Alagoas  tem a doença falciforme - patologia ainda pouco conhecida, mas existente há anos. A enfermidade provoca anemia crônica e episódios frequentes de dor severa, decorrentes da má circulação sanguínea. O TH Entrevista desta semana conversa com o presidente da Associação Alagoana de Pessoas com Doença Falciforme, Sidney Santos. Ao TH Entrevista, Sidney conta que a doença é causada pela hemoglobina anormal que pode causar obstruções vasculares. “As dores acontecem quando há falta de oxigênio na hemoglobina, alterando a forma da hemácia que passa a assumir uma forma de foice. Dificultando a passagem do sangue. É uma doença de caraterística genética, o individuo nasce com ela e vai viver com ela a vida inteira”, explica. A doença é diagnosticada ainda quando o bebê nasce, a partir do teste do pezinho. Caso não seja identificado nos primeiros dias de vida, alguns sintomas podem ser observados. “A criança vai apresentar dores articulares, infecção repetidas entre outras”, ressalta Santos. Sidney relata ainda que fatores como, por exemplo, febre, infecção, desidratação, exercício físico intenso, problemas emocionais e exposição ao frio podem precipitar as crises de dor. “As pessoas com doença falciforme não têm limitação para atividade. Na verdade, ela precisa seguir alguns cuidados. Para ter as crises de dores, ela precisa estar fragiliza, com imunidade baixa. Ela pode fazer exercícios, porém deve estar com exames e medicamentos em dia”, diz. Segundo Santos, a doença existe há mais de 100 anos, mas em Alagoas só a partir de 2006 os testes do pezinho começaram a diagnosticar os portadores. “Esse crescente número começou há pouco mais de 10 anos, porém a ciência conhece a doença em média há mais de 100 anos. Antes não existiam políticas públicas de saúde que fizesse um trabalho mais abrangente. Por isso, acredito que ainda tenham mais indivíduos com a doença”. A doença falciforme pode causar problemas em todo o organismo, como problemas de coração, figado, AVC, entre outras. “A dor é apenas um dos processos da doença. Portadores de falciforme têm mais riscos que outro individuo”, afirma Sidney. TRATAMENTO Sidney disse que quando o paciente tem um crise de dor, geralmente ele está em casa. Então, um dos processos é tomar o medicamento, aquecer as extremidades onde está a dor e tomar água para hidratar. “E em seguida deve levar ao hospital imediatamente”. Tratamento diminui número de crises Atualmente o medicamento hydrea (Hidroxiureia) é considerado pelos portadores um verdadeiro milagre, já que aumenta a hemoglobina e diminui o número de crises. “O comprimido é tomado por via oral. O remédio realmente faz a diferença na qualidade de vida dos falcêmicos, mas existem outros medicamentos que são distribuídos pelos SUS [Sistema Único de Saúde]. Vale ressaltar que todos devem ser tomados com a orientação dos médicos”. Os centros de hematologia são os locais onde os falcêmicos fazem o tratamento como Hemoal, o Hemoar e o Hospital Universitário. “Os portadores fazem um cadastrado e são encaminhados pela equipe multidisciplinar para um desses locais que vão dá o suporte para o tratamento”, lembra Santos. HISTÓRICO A doença falciforme é causada por uma alteração genética da hemoglobina, pigmento que dá cor vermelha ao sangue e transporta o oxigênio dos pulmões para os diversos tecidos do organismo. Quando a quantidade de oxigênio no sangue diminui, os glóbulos vermelhos das pessoas com doença falciforme perdem a forma arredondada e a elasticidade e adquirem a forma de foice. Por isso, o nome falciforme. Nas pessoas com doença falciforme, os glóbulos vermelhos ficam mais rígidos e com maior dificuldade de fluir pelos vasos sanguíneos de pequeno calibre, formando aglomerados que impedem a oxigenação dos tecidos. A enfermidade é mais comum em indivíduos da raça negra. No Brasil, representam cerca de 8% dos negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, entre 25 mil a 50 mil brasileiros vivem hoje com doença falciforme, o que a faz ser um dos distúrbios genéticos e hereditários mais comuns no País. A entrevista completa pode ser conferida no portal Tribuna (Youtube). https://www.youtube.com/watch?v=3oBVaZ02bno