Cidades

Por que os jornalistas alagoanos deverão aderir maciçamente à greve

Tentativa de reduzir o piso salarial é o combustível que poderá levar à adesão

Por Redação 23/06/2019 19h08
Por que os jornalistas alagoanos deverão aderir maciçamente à greve
Reprodução - Foto: Assessoria
A indisfarçável arapuca armada por trás da perversa tentativa de reduzir o piso salarial é, por certo, o combustível que poderá levar à adesão à greve geral dos jornalistas marcada para esta terça-feira (25): a substituição de quem ganha o piso nos valores atuais por outros profissionais que se disponham a receber o valor que os empresários de comunicação querem – 40% a menos. Na lábia, os prepostos dos donos dos órgãos de comunicação juram de pés juntos que se a redução do piso salarial for aprovada não vão demitir nem tampouco forçar a barra para reduzir a remuneração de nenhum jornalista, e que o novo valor do piso reduzido, valerá apenas “para futuras contratações”. É essa pretensiosa argumentação de manobra que salta à vista de todos. Quem trabalha em uma redação de jornal, TV ou site sabe perfeitamente que se trata de “conversa mole” e que na primeira oportunidade seriam demitidos. E pior: ao tentar vaga em outro órgão de comunicação, a remuneração oferecida seria... o piso reduzido em 40%. Melhor, então, ser demitido por não aceitar a redução do piso salarial e, ao tentar vaga em outro órgão, ter como norte o piso no mesmo valor atual. Então, ir à luta pelo piso assume uma importância muito maior que tão somente manter um valor. É garantir também que haverá outras alternativas onde poderá obter a mesma remuneração digna – ou menos distante disso. E, diga-se de passagem, se não for paga, há para o jornalista o recurso do que ainda restou da Justiça do Trabalho. Para qualquer lado que se observe, não há como a categoria obter qualquer ganho com a redução do piso. Apoiar essa proposta patronal ou ignorá-la, não é um tiro no pé – é um tiro que transpassa o bolso e atinge a alma, aniquilando qualquer pretensão de tornar a profissão minimamente honrada do ponto de vista remuneratório. Os empresários da comunicação não se importam que isso provoque evasão de valores para outras áreas e apenas profissionais menos qualificados se sujeitem às redações, derrubando para baixo do tapete a qualidade do trabalho. Mostram que não estão nem aí... Vários segmentos sociais e políticos já perceberam isso. Não à toa vimos o governador Renan Filho condenar a redução de salários em quaisquer circunstâncias, e o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar, manifestar solidariedade aos jornalistas. Inúmeras entidades de trabalhadores também externaram apoio aos jornalistas. Todos sabem que a perda com o que pretende a classe patronal da área de comunicação não é apenas para os jornalistas. Perde também toda a sociedade alagoana.