Cidades

Moradores apontam falta de clareza no mapa de risco divulgado

Famílias prejudicadas no Pinheiro, Mutange e Bebedouro exigem ações emergenciais e vão protestar em frente à Braskem

Por Texto: Daniele Soares – Colaboradora com Tribuna Independente 08/06/2019 16h32
Moradores apontam falta de clareza no mapa de risco divulgado
Reprodução - Foto: Assessoria
A Prefeitura de Maceió divulgou na sexta-feira (7), o Mapa de Setorização de Danos e de Linhas de Ações Prioritárias, que abrange áreas dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro. O documento elaborado por técnicos da Defesa Civil Nacional e da Defesa Civil de Maceió, feito para orientar a população, não teve aprovação de lideranças dos bairros envolvidos, e moradores continuam aguardando ações mais efetivas do poder público. Maurício Mendes, líder da Associação dos Moradores do Conjunto Divaldo Suruagy, do bairro Pinheiro, não ficou satisfeito com o Mapa de Setorização de Danos. Para ele, além de não ter clareza, o mapa não respondeu às dúvidas dos moradores. “Nossa expectativa permanece a mesma. Nós nos enquadramos no mapa de feições na parte verde-claro, mas isso não muda em nada. E o plano de ação? Queremos saber o que será feito em nosso bairro. Domingo, às 9h estaremos fazendo uma grande concentração em frente à Braskem com todos os bairros envolvidos e suas respectivas associações e moradores, em busca de respostas. Vamos fechar a avenida; queremos que eles deem uma solução. Eles foram os causadores, então eles têm que resolver. Augusto Cícero da Silva, líder da Associação Comunitário do Bebedouro, também não ficou satisfeito com o Mapa e disse que o resultado em nada colaborou para acalmar os moradores. “O povo do Bebedouro não tem ideia do que está acontecendo porque esse mapa só veio pra nos confundir, ele não está falando nossa língua. Não demonstra soluções. As ruas que esperávamos que estivessem na área de risco não foram citadas, e algumas ruas que sabemos que foram atingidas não constam no mapa. Precisamos de alguém que venha aqui nos esclarecer do que realmente está acontecendo e como devemos proceder. Estamos simplesmente deixados de lado pelo poder público”, lamentou. O presidente da Associação dos Moradores do bairro Mutange, Arnaldo Emanuel, bairro que segundo o Mapa de Setorização de Danos, corre riscos elevados, diz que não se surpreendeu com a situação apresentada no mapa e que sente o bairro esquecido pelos poderes nas três esferas. “Toda encosta está em perigo e nós já sabíamos disso. Agora com essa confirmação, a preocupação dos moradores aumentou ainda mais. Iremos realizar uma assembleia geral com a comunidade para definir nossas próximas ações. Mas posso adiantar que nos sentimos esquecidos pelos poderes municipal, estadual e federal, pois, até agora nenhuma providência foi tomada, mesmo sabendo da real situação do Mutange, mas não podemos esperar que o pior aconteça. Domingo levaremos para o ato em frente à Braskem 40 cruzes simbolizando as 40 mil famílias que estão hoje nessa situação de risco, vamos ver se eles se sensibilizam”, informou Arnaldo. Plano de ações depende de conclusão dos governos A Tribuna Independente, ao questionar a Defesa Civil Municipal sobre a falta de compreensão da população, obteve a informação de que algumas das respostas só poderão ser dadas após a conclusão do Plano de Ações Integradas que está sendo desenvolvido pelos governos Municipal, Estadual e Federal. A publicidade do Mapa foi uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a fim de deixar a população ciente das ações desenvolvidas para as áreas afetadas. Informou ainda que o Mapa de Setorização de Danos faz parte de um plano estratégico para minimização de danos e constitui um documento dinâmico, que não apresenta respostas definitivas, mas apresenta um cenário sujeito a alterações. Sobre ações emergenciais, o órgão destaca que trabalha na atualização do Plano de Contingência, ampliação da área de monitoramento e que já solicitou a inclusão na ajuda humanitária das famílias das áreas com maiores danos do Mutange e Bebedouro ao Governo Federal. O canal oficial do Ministério Público Federal, informou que, considerando a situação do subsolo da região afetada, ajuizou ação civil pública – após anúncio da necessidade de que empresa suspendesse suas operações em Maceió – para que a Braskem adotasse as providências necessárias para a realização de todos os estudos antes de qualquer fechamento de poço, bem como que tais fechamentos se dessem respeitando as normas técnicas de segurança, para evitar o agravamento das condições do solo. Disse também que quanto às demais áreas apontadas pelo mapa, as informações ainda estão sendo consolidadas e o MPF vem acompanhando cada novo rumo e medida adotada, com o intuito de que o plano de ação em elaboração seja finalizado com a maior brevidade possível, sendo eficiente e capaz de salvaguardar vidas e preservar o meio ambiente. De acordo com Ministério Público Estadual (MPE), o órgão se pronunciará somente após reunião com Defesa Civil, que acontecerá próxima semana.