Cidades

Alagoanas são as mais prudentes no trânsito, aponta relatório

De acordo com levantamento, em 2018 apenas 19% dos seguros DPVAT pagos no estado foram para elas, enquanto 81% para os homens

Por Lucas França com Tribuna Independente 21/05/2019 09h14
Alagoanas são as mais prudentes no trânsito, aponta relatório
Reprodução - Foto: Assessoria
Ainda é comum ouvir que mulher e direção não combinam. Muita gente acredita que as mulheres são menos aptas a dirigir do que os homens. Mas não é o que as estatísticas apontam. De acordo com dados do Relatório Anual da Seguradora Líder, elas são mais cuidadosas no trânsito. E ainda segundo os dados, as motoristas alagoanas são as mais prudentes. Apenas 19% se envolveram em acidentes em 2018 contra 81% dos condutores masculinos. Vanessa Lima, assessora jurídica acredita que o cuidado está relacionado ao temperamento. “Somos mais cuidadosas, porque temos um temperamento menos explosivo que a maioria dos homens. Além disso, nos preocupamos mais com a família. Muitas vezes algumas estão carregando os filhos no carro. Temos mais atenção ao trânsito de modo geral”, comenta. Ainda para Vanessa, as mulheres são mais atentas com as regras do trânsito. “Procuramos seguir tudo certo. Acredito que a questão de consciência de tempo [horário] nos ajuda bastante. Procuramos sair mais cedo para não nos atrasar ou precisar correr. Eu nunca me envolvi em um acidente. Sei que temos nossas dificuldades, nossos medos, mas são as mesmas dificuldades e medos dos homens. A diferença é que nos planejamos mais. Então esse lance de ‘mulher no volante perigo constante’ é puro machismo”. A servidora pública Daniela Moraes segue a mesma linha que Vanessa. O planejamento de horários está relacionado à consciência de educação no trânsito. “Sempre saio mais cedo para não me atrasar e não ter que correr. Meu esposo anda no limite. Eu sou bem precavida - dirijo devagar mesmo. Trabalho viajando e prestando atenção no trânsito – não por medo de provocar um acidente, mas que alguém provoque um acidente que me envolva. Acredito que o medo me faz ser ainda mais prudente. Temos família, temos tarefas, nossos compromissos, então seguir a lei, as regras são importantes para continuarmos nas boas estatísticas”. A diretora de Educação para o Trânsito da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) Juliana Normande avalia que os números estão mais relacionados à questão cultural, apesar do índice do envolvimento em acidentes ser maior. “Tanto os homens quanto as mulheres já são pressupostos a sofrerem acidentes da mesma forma. Mas homens já são criados com essa ideia de competitividade. E isso também reflete no trânsito. Alguns homens não gostam de serem ultrapassados e para mostrar acabam fazendo a competição. Já as mulheres são mais atentas às leis”. Normande acredita que a maternidade não  é um fator que contribua para menos acidentes com as mulheres. “Não sou especialista em psicologia, mas nas ações de educação no trânsito que realizamos, vejo que as mulheres quanto os homens ficam a desejar em relação ao uso da cadeirinha. Então, se fosse relação, elas se atentavam a isso, como também não atenderia celular quando estão com os filhos no carro. Essa ideia maternal não é tão forte”. Brasil: mulheres lideram índice de menos envolvimento em acidentes   E em todos os estados do país, o relatório aponta que elas se envolvem menos em acidentes. Das mais de 328 mil indenizações pagas pelo Seguro DPVAT no ano passado, apenas 25% foram para vítimas do sexo feminino. Além disso, entre os motoristas indenizados em 2018, 15% eram mulheres. Ao analisar somente os pagamentos destinados às mulheres, os números também mostram que elas são mais atingidas quando estão na condição de passageiro e pedestre – as duas categorias concentraram mais da metade das ocorrências indenizadas com vítimas do sexo feminino em todo o Brasil. Já entre os homens, mais de 78% dos beneficiários eram motoristas. Os dados reforçam, portanto, o maior índice de imprudência entre os homens no comando da direção. Mas, apesar da baixa participação das mulheres em acidentes de trânsito, as jovens de 18 a 34 anos são as mais atingidas quando as colisões acontecem no país. A faixa etária, considerada a população economicamente ativa, concentrou 47% dos pagamentos destinados às vítimas mulheres. O segundo grupo de idade mais afetado é o de 45 a 64 anos (22%). Na avaliação dos números por estado, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e São Paulo lideram os índices de ocorrências no trânsito com mulheres. Já os últimos lugares são ocupados por Paraíba, Pernambuco e Alagoas, respectivamente. REGIÕES O Centro-Oeste teve o maior número de indenizações pagas por acidentes envolvendo mulheres no ano passado, com 28% do total de pagamentos por ocorrências com o sexo feminino. Na sequência, estão Sul e Norte com 27%, Sudeste (26%) e Nordeste (21%). Em relação ao período do dia, o anoitecer (17h às 19h59) foi responsável por cerca de 24% das ocorrências que tiveram benefícios pagos às vítimas do sexo feminino. Já a madrugada (0h às 5h59) concentrou o menor número de sinistros, com apenas 9% dos pagamentos. O superintendente de Operações da Seguradora Líder, Arthur Froes, lembra que, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a falta de atenção do condutor foi a principal causa das ocorrências. Para ele, o cenário comprova a maior imprudência do homem ao volante. “As mulheres recebem, em média, apenas ¼ das indenizações. Assim, proporcionalmente, se envolvem menos em acidentes de trânsito. Isso acontece porque costumam estar mais atentas às normas, como o uso do cinto de segurança e da cadeira infantil quando há crianças no veículo. Além disso, também são mais prudentes quanto à legislação, respeitando o limite máximo de velocidade das vias”, ressalta Arthur Froes. (Com assessoria)