Cidades

Escada na Praia do Saco oferece riscos para os banhistas

Comerciantes relatam já ter presenciado vários acidentes no local devido à estrutura precária do acesso à faixa de areia

Por Tribuna Independente com Lucas França 09/03/2019 09h54
Escada na Praia do Saco oferece riscos para os banhistas
Reprodução - Foto: Assessoria
Comerciantes e banhistas que frequentam a Praia do Saco, no Povoado Massagueirinha, denunciam descaso e abandono da escadaria que dá o principal acesso à praia. Local está destruído e dificultando a entrada de turistas e frequentadores da praia. “O pessoal que comercializa por aqui, que tem suas barracas na praia, já foi até a prefeitura reclamar do descaso. Como vocês podem notar está destruído, quase não dá para ninguém passar”, comenta a comerciante Maria Helena da Conceição relatando que já presenciou vários banhistas cair da escadaria por falta da manutenção. “Na semana do Carnaval mesmo, teve um acidente. Um turista acabou caindo. Mas isso acontece direto. Já presenciei vários ‘acidentes’. Principalmente nos fins de semana quando o fluxo de banhista é maior. Idosos quase não conseguem descer”, conta a comerciante. Outro comerciante que se identificou apenas com as inicias JC afirma que o grupo que foi até a prefeitura não obteve retorno satisfatório. “Pedimos o apoio da prefeitura, falamos da situação. Lá, eles disseram que iam vir aqui fazer a medição. De fato vieram, mas até o momento não iniciaram nada. Isso já faz alguns anos. O acesso está tão acabado que quase não tem como descer. O que queremos é que reforme esse acesso para que as pessoas possam frequentar normalmente a praia sem ter risco de acidentes”. Helena, JC e demais comerciantes que trabalham no local disseram que o acesso é importante, sem eles os banhistas não irão conhecer a praia e assim prejudica as vendas de seus produtos. “É ruim até para a gente que trabalha aqui. Sem acesso, ninguém frequenta e a gente não vende nada. E também quem chega aqui já nos pergunta: ‘Cadê a prefeitura, não ver isso? Tá ruim pra gente descer’. No Carnaval todos que estavam aqui reclamaram desce acesso. Eles até pediram para que a comunidade se organize e faça uma nova escadaria sem esperar o poder público, mas é dever da prefeitura fazer isso”, comentaram os comerciantes. Mariana Gabriela, neta de Helena que ajuda os familiares no local, afirma que é constante banhista cair. Nós comerciantes reclamamos à prefeitura para que eles possam vir até aqui e fazer a escada, porque está caindo. Ninguém sobe ninguém desce. Sem condições, falamos com o prefeito para ele ajudar a fazer a escada. O mesmo disse que vinha no domingo (16) de fevereiro e até hoje não chegou nem para olhar a praia.” [caption id="attachment_285178" align="aligncenter" width="600"] Praticamente único acesso à praia, escadaria está completamente destruída e dificulta que banhistas frequentem local (Foto: Edilson Omena)[/caption] Frequentadores também reclamam da “privatização” do local Além da dificuldade no acesso à praia, banhistas também reclamam da suposta “privatização’’ da praia. “Se não bastasse o acesso, as pessoas ainda se acham no direito de fazer um cercado desses tomando parte do terreno, dificultando a passagem. Isso é um absurdo. Ok, se o espaço é dele e pretende fazer um jardim, faça, mas coloque outro tipo de plantas. Essas com espinhos são perigosas, a gente pode passar e acabar se acidentando. Engraçado, o rico pode tudo a gente que perde”, reclama o banhista José Bernardo, se referindo a uma das mansões que cercou parte da calçada próximo ao acesso a escadaria. A coordenadora financeira, Isabel Almeida, disse ter o hábito de ir à praia do Saco porque acha um local bonito, apesar de não haver muita divulgação como em outras praias. Para ela, além do acesso ser ruim, o fato que chama atenção é uma suposta tendência de privatização do local. “No Carnaval fui uma vez este ano. Mas já frequento o local há bastante tempo, inclusive minha mãe já foi vítima desce acesso. Ela tem dificuldade de locomoção e acabou escorregando. Acho a praia linda, mas o acesso é ruim, a estrada horrível. Ela é tão bonita quanto à praia do Francês. Só não tem o glamour por conta do descaso. O que parece é a falta de interesse do poder público para o local. Não sei porque, mas existem muitas mansões que estão invadindo o espaço. A praia parece estar sendo privatizada com as mansões invadindo o mar. É uma pena ver isso, uma praia tão linda e esse descaso”, pontua Isabel. A banhista diz ainda que por conta do acesso ruim da escadaria desta vez foi à praia por um segundo acesso que fica em um terreno particular. “Eu não duvido que em breve nem acesso a praia vai ter. Estão dificultando ao máximo. A praia é quase toda cercada praticamente. Pra mim, existe um contraste entre as mansões (ricos e com muito dinheiro) e os frequentadores que são de classe média a baixa. Acredito que isso dificulta que o poder público tenha o interesse em arrumar. Quando falo que a prefeitura não tem interesse em arrumar é para não entrar em choque com os proprietários das mansões. É a única explicação plausível”, opina a coordenadora financeira, acrescentando que teima em ir a praia porque acha uma das mais lindas. PREFEITURA Em nota a Prefeitura de Marechal Deodoro, disse que tomou conhecimento sobre a situação da escadaria de acesso à Praia do Saco e que está em fase de finalização do projeto de revitalização do local. No entanto, não divulgou prazo para inicio de recuperação e entrega da obra. Já em decorrência a denúncia da invasão de um morador e a implantação de uma cerca na região da Praia, o município disse desconhecer o ocorrido, mas irá enviar uma equipe de fiscalização para averiguar a situação e tomar as devidas providências. SPU e MPF ainda não possuem conhecimento de suposta ‘’invasão’’ A reportagem da Tribuna Independente entrou em contato com o Ministério Público Federal em Alagoas (MPF/AL) e com a Superintendência do Patrimônio da União em Alagoas (SPU/AL), para saber se os órgãos tinham conhecimento do que está acontecendo na região da Praia do Saco.  E nenhum dos órgãos federais receberam nenhum tipo de denúncia relacionada a isso. A assessoria de comunicação do Ministério da Economia, responsável pela SPU explicou que para informar a situação do caso mencionado, a Superintendência precisaria de dados mais precisos em relação ao local. ‘’De posse da denúncia e da localização exata, a SPU/AL terá condições de apurar eventuais irregularidades, por meio de vistoria.’’ No caso do MPF/AL, em seus bancos de registros também não existe denúncia relacionada ao local. “A partir destas informações não foi encontrada nenhuma representação ao MPF sobre o tema. Sugerimos que as pessoas informem por meio dos canais oficiais do órgão sobre a situação. Que pode ser no site link http://www.mpf.mp.br/mpfservicos o cidadão pode apresentar denúncias sobre crimes ou irregularidades. No Aplicativo MPF Serviços – O MPF disponibiliza aplicativo para smartphones (Android ou iOS), por meio do qual o cidadão pode denunciar, com a inserção de texto, vídeo, áudio ou foto. “Em ambos os canais e presencialmente, o cidadão pode apresentar todos os elementos que comprovem a denúncia, que possa contribuir para a apuração dos fatos e adoção de eventuais medidas.’’ Segundo o MPF, sem uma apuração para constatar a irregularidade, em tese, o órgão não pode falar sobre o caso.