Cidades

Maceió preserva tradição com Carnaval nos bairros

Para carnavalesco Carlito Lima, festa em polos vai relembrar anos 1950 e 1960, quando festividades eram fortes na capital

Por Lucas França com Tribuna Independente 01/03/2019 09h04
Maceió preserva tradição com Carnaval nos bairros
Reprodução - Foto: Assessoria
Quem quer cair na folia sem precisar sair de Maceió terá uma programação carnavalesca variada em oito regiões da capital alagoana. E o polo Orla será o ponto de convergência do Carnaval, substituindo o papel da Rua do Comércio dos velhos tempos entre os anos 50 e 60 onde a tradição era constante.  Na orla, a programação vai de sábado (2) à terça-feira (5), com blocos de frevo, escolas de samba, Liga do Bumba-meu-Boi, Bloco Forrozeiros na Folia e blocos afros. Para o Carnavalesco Carlito Lima, Maceió tem tradição carnavalesca muito forte e está sendo resgatada a cada ano. “Nos anos 50/60 a Prefeitura de Maceió anunciava, no final do ano, a COC  [Comissão Organizadora do Carnaval], constituída por funcionários, jornalistas e carnavalescos que traçavam o planejamento do Carnaval. 15 dias antes do Carnaval iniciava a Maratona Carnavalesca na Rua do Comércio, diariamente a partir das 18h, quando o Comercio fechava, uma orquestra em cada esquina tocava frevo e a multidão caía no passo, enquanto o corso de carros rolava, dando a volta na Praça dos Martírios e na Rua da Praia. Assim continuava durante os dias de Carnaval no Centro da cidade”, relembra. Ainda segundo Carlito, durante o carnaval havia folia na Praça Moleque Namorador na Ponta Grossa, em Bebedouro, em Fernão Velho. Era o Carnaval de Rua de Maceió. “Depois de se divertir na Rua do Comércio, o folião terminava as noites até o dia amanhecer nos clubes: Fênix Alagoana, Iate Clube Pajussara, CRB, Portuguesa, Atlético do Poço, Jaraguá Tênis Clube entre outros”. ECONOMIA O carnavalesco comenta que há alguns anos por diversos motivos, o carnaval de rua e de clubes de Maceió se acabou. Fazendo com que mais de 200 mil maceioenses viajassem procurando a folia em outros lugares. Deixando de injetar dinheiro na cidade. “Se cada uma dessas pessoas que viajam gasta uma média de R$ 500 durante o Carnaval, deixa de circular mais de R$ 100 milhões de reais na cidade. Quem mais perde são os taxistas, os ambulantes, os músicos, as costureiras, as fábricas de camisas, as pousadas, os hotéis, entre outros que trabalham na preparação e durante o Carnaval. A festa é a síntese da economia criativa. O secretário de finanças da Bahia afirmou que para cada R$ 1 investido no carnaval, existe um retorno indireto de R$ 3 no Carnaval da Bahia”, ressalta Carlito Lima. Para ele, esse já seria o motivo principal para o resgate da tradição. “Por tudo isso, e também pelo direito da população em ter esses quatro dias de lazer, de fantasia e de alegria, um grupo de blocos antigos de frevo, resolveu se juntar com a Prefeitura de Maceió e organizar um Carnaval digno do maceioense. Afinal Carnaval é a maior manifestação popular, espontânea, cultural, do povo brasileiro”. Objetivo das festividades é fortalecer a pluralidade cultural     De acordo com o presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Vinicius Palmeira, o intuito das festividades é fortalecer a pluralidade cultural e fomentar as atividades tradicionais que acontecem nos bairros das partes alta e baixa da cidade. “Nós temos, em Maceió, uma vasta diversidade cultural, sobretudo, no período carnavalesco e em bairros mais afastados da orla marítima. Por isso, apostamos nesse formato desde o início da nossa gestão. Acredito que teremos quatro dias de muita folia e cultura não apenas para os maceioenses, mas também para quem está nos visitando”, afirmou o presidente. A programação abrange oito Polos de Carnaval, onde já existe tradição: Fernão Velho, Pontal da Barra, Praça Moleque Namorador (Ponta Grossa), Bebedouro, Jacintinho, Benedito Bentes, Ipioca e a Orla. Na Orla, todos os dias, a folia se inicia às 14h e termina às 23h. ‘’É uma festa para os alagoanos e para os turistas. Muitos turistas já encomendaram camisas para participar dos blocos”, afirma Carlito Lima. E para receber o folião, os grupos e a prefeitura irão montar um estrutura com arquibancadas, banheiros químicos e palco. “É o corredor da folia, entre os sete Coqueiros e o Alagoinha. Não entra trio elétrico, apenas os blocos de pé no chão tocando frevo e marchinhas antigas. Não há obrigatoriedade do uso de camisa para acompanhar o bloco. A organização prefere até que o folião apareça fantasiado. Uma mulher com uma flor no cabelo está fantasiada. Ou se quiser pode assistir confortavelmente da arquibancada os blocos passarem. Convidamos para levar seus filhos, inclusive irá desfilar o Bloco Sonho Encantado formado por jovens de 10 a 15 anos”, explica o carnavalesco. Para Dino Sony, um dos membros da Associação dos Moradores do Pontal da Barra, a festa é essencial porque junta a comunidade nos dias de folia. “A tradição não pode se perder. O Carnaval é o momento de lazer da população do Pontal que vive da cultura, da pesca e artesanato. E nesses dias nos reuníamos para festejar com desfiles de blocos. Este ano também vamos sair com a escola de samba. Nesta sexta-feira, já teremos o nosso último ensaio”, conta. CUSTOS As instituições sem fins lucrativos que irão realizar as festividades em oito bairros da capital irão receber R$ 10 mil para pagamento de cachês e custos de produção. Além disso, o Município está investindo R$ 470 mil na estrutura dos polos carnavalescos e das prévias, disponibilizando palco, som, iluminação e banheiros químicos. Também foram destinados pela prefeitura R$ 90 mil para a organização do desfile das escolas de samba de Maceió, agendado para a noite do dia 2 de março, e garantiu R$ 370 mil de ajuda de custo para 54 blocos de rua e dois coletivos culturais da capital. As festividades carnavalescas também irão contar com a atuação de diversos órgãos municipais, a exemplo das Superintendências de Transportes e Trânsito (SMTT), Iluminação Pública e Limpeza Urbana (Slum) e das Secretarias de Segurança Comunitária e Convívio Social (Semscs) e de Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente (Sedet). A programação completa já foi divulgada e pode ser acessada no site da Prefeitura.