Cidades

AL: 40 mulheres mortas por arma de fogo em 2018

Casos registrados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado são de feminicídio, homicídio doloso, entre outros

Por Texto: Lucas França com Tribuna Independente 13/02/2019 09h41
AL: 40 mulheres mortas por arma de fogo em 2018
Reprodução - Foto: Assessoria
De acordo com dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em 2018, 40 mulheres foram vítimas de arma de fogo em Alagoas. Desse total, oito foram casos de feminicídios. As outras vítimas foram distribuídas em homicídio doloso, resistência seguido de morte, roubo com resultado de morte entre outros. Já em 2017, dados preliminares do Ministério da Saúde (MS) apontaram que 19 mulheres foram vítimas de arma de fogo dentro do domicílio, e no ano anterior foram 20 casos registrados. OUTRAS CAUSAS Já vítimas de arma branca e outras causas como espancamento foram 23 casos registrados pela SSP em 2018. Os números ainda assustam.  E com o decreto do presidente Jair Bolsonaro que facilita a posse de arma a preocupação está se tornando cada vez maior por grande parte da população. Órgãos de defesa como a Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) também ver com preocupação a facilitação da posse de arma. [caption id="attachment_279518" align="aligncenter" width="640"] Presidente da OAB/AL, Nivaldo Barbosa, avalia como perigoso decreto que facilita a posse de arma (foto: Edilson Omena)[/caption] Para o presidente da OAB/AL, Nivaldo Barbosa, a arma dentro de casa pode ser um perigo para todos. “Quando se fala em violência contra a mulher infelizmente a realidade em todo o país é alarmante. Mas é necessária bastante cautela com essa temática. Uma arma dentro de casa pode ser um perigo para ambas as partes, seja nas mãos do agressor, sejam nas mãos da vítima. No calor da discussão ou das agressões, a arma pode se tornar ainda mais perigosa”, avalia o advogado. Ainda de acordo com Nivaldo, quando se fala em violência contra a mulher, a melhor ‘arma’ é a denúncia. “É fundamental mudar essa cultura e as mulheres precisam vencer o medo e não se calar diante das ameaças que sofrem. Claro que armado, o agressor se torna ainda mais perigoso. No entanto, não é necessária apenas uma arma de fogo para que ocorra uma tragédia dentro de qualquer lar. Armas brancas ou qualquer objeto cortante pode provocar um triste fim numa discussão. Por mais nobre que possa ser a intenção, infelizmente, armar a população não irá resolver a questão referente à segurança”, comenta Barbosa. As mulheres ouvidas pela reportagem da Tribuna Independente avaliam como perigoso o novo decreto de facilitação para a posse de arma e temem que casos de violência dentro da própria casa aumentem mesmo em uma simples discussão dos casais. A jornalista Emanuelle Vanderlei, membro da Marcha Mundial das Mulheres acredita que a facilitação põe ainda mais em risco a vida das mulheres. “Vivemos em um país com altos índices de feminicídio, em que mulheres são agredidas e mortas com uma frequência assustadora. A posse de armas facilitada provavelmente aumenta o risco de uma agressão se transformar em tragédia. A violência doméstica ainda é uma realidade para muitas mulheres, armar os potenciais agressores não me parece uma boa ideia”, pondera. “A violência seja contra a mulher ou contra qualquer pessoa, inclusive crianças está muito grande. E com a facilitação da posse de rama de fogo pode ficar ainda maior. Não é que, quem tem uma arma vai sair matando, mas a gente sabe que em uma discussão no ‘calor da emoção, estresse e nervosismo’ pode acontecer uma tragédia”, avalia a auxiliar de serviços gerais, Carla Gomes. “Sou contra a posse de arma porque assim vai haver mais violência, deveria acabar com a e só permitir para profissionais da segurança com a polícia, vigias e mais ninguém”, opina, a doméstica Maria de Lourdes Ribeiro “Com certeza os casos de mulheres vítimas de arma de fogo podem aumentar bastante. Existe uma falta de respeito entre os casais quando estão brigando e isso gera uma violência”, comenta Rena Lamenha, auxiliar de limpeza. Já a estudante Bárbara Mirelly acredita que é relativo, mas é algo que se deve ficar em alerta. “É bem relativo, não que irá aumentar devido a essa facilitação, porque sabemos que não será qualquer pessoa que poderá ter o porte de armas, levando em consideração dos valores para obter. Acredito que continuará existindo armas irregulares dentro das casas sim, que é aí onde está o problema pessoas desequilibradas e armadas, porque para ter o porte haverá vários pré-requisitos. Mas de todo modo, é de se ficar em alerta, eu como mulher acho que deve ser um caso a ser estudado. São dois pesos e duas medidas”.