Cidades

Bairro do Pinheiro pode ficar até 3h por dia sem energia por conta de estudos do solo

Testes feitos neste sábado vão determinar se haverá ou não desligamento nos próximos dias

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Hoje 08/02/2019 19h50
Bairro do Pinheiro pode ficar até 3h por dia sem energia por conta de estudos do solo
Reprodução - Foto: Assessoria
Nos próximos 20 dias, os moradores do bairro do Pinheiro devem ter suas rotinas ainda mais afetadas pelos estudos geológicos. Dando início a uma nova fase de estudos, a Companhia de Pesquisa e Recursos Hídricos e a Defesa Civil de Maceió anunciaram, em coletiva na tarde desta sexta-feira (8), que possivelmente será necessário desligar a energia para que não haja interferência nos resultados das pesquisas. Segundo Thales Sampaio, geólogo da CPRM, serão feitos testes com corrente elétrica na manhã deste sábado (9), caso tenha algum desvio será feito o teste sem corrente. “Haverá esse incômodo, me solidarizo com a população e solicito compreensão de todos. Não estou dizendo que vamos desligar, é possível”. O estudo conta com dois métodos nesta etapa, Gravimetria e audiomagnetotelurico. Ambas para analisar as propriedades físicas do solo, atualizar gravidade e movimento da massa. A gravimetria deve causar interrupções de algumas vias, como aconteceu na etapa anterior, com aviso prévio. Já o estudo audiomagnetotelurico envolve eletromagnetos como fonte de sinais, e por isso a provável necessidade de interrupção. Segundo os técnicos, talvez só seja necessário interromper o fornecimento de alta tensão, o que não interfere na vida dos moradores. Mas se for confirmada a necessidade de desligar o fornecimento de média tensão a energia dos moradores será cortada. O tempo estimado de suspensão por dia é de 40 minutos a até 3 horas. Durante 20 dias seguidos, a partir da próxima segunda-feira (11). A assessoria de imprensa informou que está tentando reduzir o desconforto “Estamos fazendo de tudo com a Eletrobras para pelo menos fracionar e não parar o bairro todo ao mesmo tempo”. O professor Fred Dantas, morador do bairro, lamenta o transtorno que sofrerá, mas reforça que apoia a apuração. “Estão em processo de investigação, queremos que seja apurado. Se é necessária para o equipamento a ausência de eletricidade, para desligar outros equipamentos que causa interferência, tudo bem, mas que também desliguem a energia que passa nos postes aqui na praça de altíssima tensão, vão direto para a subestação".

Geólogo da CPRM acredita que existe risco de acidentes (Foto: Adailson Calheiros)

“Pode sim acontecer um acidente grave sem aviso prévio”, disse a CPRM A CPRM explicou que a partir de agora estará permanentemente no bairro, inclusive no período de chuvas. “Não sairemos do bairro do Pinheiro. Estamos com a população”, disse Thales Sampaio. Mas orienta que a população deixe suas casas antes do período chuvoso. “Pode sim acontecer um acidente grave sem aviso prévio. A natureza está avisando que alguma coisa especial está acontecendo no bairro do Pinheiro”. Mas não prevê uma saída definitiva. “Passada a chuva, as pessoas poderão voltar para suas casas”. Ele relatou que tem sido feito o mapeamento de áreas de risco em todo o Brasil desde 2011, até agora já passaram por 1680 municípios. A equipe da CPRM esteve em Maceió em 2017, mas naquela ocasião o Pinheiro não estava entre as áreas de risco. “Estivemos nas encostas, como o bairro do Mutange, uma área de risco clássica”. Um ano depois da visita, com o tremor sentido pela população, eles foram chamados de volta para nova avaliação. “O Pinheiro é diferente de todas as áreas de risco que já vimos, não fica em regiões como as encostas”. Os primeiros técnicos da CPRM chegaram em março de 2018, em junho a equipe foi reforçada e em janeiro chegou um número maior de especialistas. “Os 53 melhores técnicos do país estão aqui”, garantiu. Até agora, já foram feitos estudos de 100 metros de profundidade, com detalhes. Geofísicos e geólogos agora vão além, para atingir até 1500 metros. “Precisamos saber se o que estamos vendo na superfície tem relação com o subsolo, e até que profundidade. Sabemos que está atingindo até 80 metros, mas chega a 1500? Vamos ultrapassar a camada de sal”, disse o geólogo. Também estão sendo avaliadas imagens de satélite. Uma empresa italiana tem imagens com precisão de várias regiões do mundo, e eles tem o bairro do Pinheiro, com muitos detalhes. Foram compradas imagens dos últimos 2 anos para tentar estudar com precisão o momento do tremor. Mas os moradores informaram que o problema das rachaduras já está acontecendo há 10 anos, portanto eles compraram as imagens dos 10 anos para estudar e quantificar o quanto modificou. Se desceu, subiu ou até se movimentou para os lados. Esse estudo deve ser concluído até o final de fevereiro. Não vai ajudar a identificar as causas, mas a compreender os movimentos.