Cidades

Comitê da Passagem quer acompanhar auditoria das empresas de transporte

Questionando valor da passagem, entidades apresentaram problemas no serviço e debate sobre reajuste foi suspenso

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Hoje 06/02/2019 16h45
Comitê da Passagem quer acompanhar auditoria das empresas de transporte
Reprodução - Foto: Assessoria
Em reunião realizada na terça-feira (5) com a Agência Municipal de Regulação de Serviços Delegados (ARSER), o Comitê Pela Qualidade do Transporte Público em Maceió reivindicou a participação na construção do edital responsável pela auditoria que será realizada nos contratos das empresas de ônibus. “Argumentamos que o sistema de bilhetagem e dinheiro de outorga deveriam servir o fundo Municipal de transporte, mas os empresários não o fazem, o que precariza o transporte podendo diminuir o número de passageiros, somado a passagem cara. Então, se o fundo funcionar o preço da passagem pode ser reduzido”, explicou Magno Francisco, representante do Comitê. Segundo ele, o presidente da ARSER se comprometeu em receber as sugestões do Comitê para o edital, e que o valor da tarifa só deve ser debatido depois que o estudo da consultoria for finalizado, mas o edital para a contratação da consultoria só será lançado no final de fevereiro. “O presidente disse que o Comitê apresenta é pertinente, e que a consultoria vai apresentar um estudo que pode ratificar a proposição do Comitê”. Pauta antiga da cidade de Maceió, a discussão sobre o reajuste da passagem mudou de tom em 2019. Cansados de perder a briga ano após ano, os movimentos que representam os cidadãos usuários de transporte coletivo decidiram sair da defensiva e atacar. Além dos tradicionais protestos e questionamento sobre o valor, as mais de 45 entidades criaram o Comitê em Defesa do Transporte Público de Maceió para debater o contrato com profundidade de dados e argumentos as razões para baixar o valor e melhorar o serviço. Acompanhando o processo desde a licitação, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público de Contas receberam os manifestantes e realizaram uma audiência pública no dia 24 de janeiro. Na ocasião, foram levantados pontos como o poder aquisitivo da população, a baixa qualidade e oferta escassa dos veículos oferecidos, também foi mencionado o contrato da licitação, que segundo eles estaria sendo descumprido por parte dos empresários. A resposta do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros - Sinturb, foi apresentar as perdas que tem sofrido. “Em 2018, a Empresa Veleiro perdeu quase um milhão de passageiros (976.535,00) um prejuízo de mais de 3 milhões de reais (3.564.352,72).  O caso da empresa Veleiro, é um reflexo do que acontece com as empresas que prestam o serviço para toda cidade de Maceió (Cidade de Maceió, Real Alagoas e São Francisco), que nos últimos dois anos registram mês a mês a queda de passageiros para o transporte clandestino, atividade ilegal que segue crescendo em todos os bairros de Maceió e sem fiscalização devida”. O representante das empresas alega que o cumprimento do contrato quanto o reajuste tarifário anual previsto para todo início de ano se faz necessário para ajudar no equilíbrio econômico-financeiro das empresas, arcar com prejuízos provenientes do transporte clandestino, trazer melhorias para o sistema de transporte e também cumprir com as obrigações, como pagamento de salário dos mais de 4 mil rodoviários. Em entrevista ao programa de TV do Tribunal de Contas, o procurador Ricardo Schineider falou que essa é uma questão complexa, porque as empresas tem seus custos, mas Maceió tem uma tarifa cara. “Vários aspectos norteiam a fixação desse valor”. Ele afirma que o poder público não está repassando os custos das gratuidades, mas os valores não deveriam estar sendo repassados para os usuários. Por outro lado, Algumas questões não estão sendo atendidas pelas empresas como a renovação da frota. “A questão do clandestino deve ser mensurada e combatida. Mas transporte que não tem qualidade adequada, desestimula o cidadão a procurá-lo”, alegou o procurador. Diante de tudo isso, os MPs tem agido com cautela. Desde o dia da sessão pública recomendaram ao poder público que suspenda o debate sobre o reajuste da tarifa até que todas essas outras questões sejam avaliadas.