Cidades

Funcionários e pacientes denunciam problemas após transferência do CAPS do Pinheiro

Ambiente do hospital atrapalha tratamento. Local também não apresenta estrutura adequada

Por Evellyn Pimentel/Emanuelle Vanderlei com Tribuna Hoje 31/01/2019 18h03
Funcionários e pacientes denunciam problemas após transferência do CAPS do Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
Com a crise no Bairro do Pinheiro, muitas áreas foram afetadas. Instalado em uma casa na área considerada de risco, os atendimentos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Casa Verde foram transferidos para o Portugal Ramalho no dia 24 de janeiro. Poucos dias depois da mudança, funcionários e usuários da casa apresentam severas críticas às instalações e às condições de trabalho. As denúncias apontam para um ambiente inadequado, armazenamento inadequado de medicamentos e falta de condições de trabalho. Tanto usuários quanto profissionais demonstram insatisfação com a situação. A assessoria da Uncisal alega que os serviços estão sendo oferecidos temporariamente no Hospital Escola Portugal Ramalho, até que a Uncisal encontre um local adequado, mas que ainda não há previsão para essa solução definitiva. “Precisa ser um local que atenda às necessidades de atendimento. A Uncisal está empenhada em encontrar logo o local. Mas todo o atendimento aos usuários está acontecendo normalmente”, informou a assessoria. O reitor da Uncisal, Henrique Costa, garantiu no momento da transferência que não é objetivo da instituição extinguir a prestação do serviço. “A nossa grande preocupação é com a segurança dos envolvidos. Como o prédio está localizado em uma área considerada de alto risco, nós devemos deixar o local de imediato e evitar qualquer surpresa desagradável”. Na ocasião, ele se comprometeu a dar seguimento às ações desenvolvidas pelos profissionais e manter o atendimento com a qualidade que vinham acontecendo até então. A psiquiatra Paula Vilhena chegou a declarar que não haveria mudança na forma de atendimento ao público, apenas o local da sede. Mas não foi assim que os servidores, pacientes e suas famílias sentiram. Em reunião realizada nesta quinta-feira (31), a terapeuta ocupacional Claudete Lins explica que o serviço envolve convivência, e algumas pessoas não querem voltar para o ambiente do hospital. Claudete afirma que o trabalho dos Centros tem a função de recuperar condição de convívio com a sociedade, reabilitação social, o fazer humano cotidiano. Segundo ela, todos anseiam voltar a funcionar em um espaço como deve ser. “Que tenha salas para grupos terapêuticos, realizar oficinas, e receber novos casos”. Ainda segundo a terapeuta, o reitor informou que o aluguel está em atraso e não tem condições de fazer novo contrato. No entanto, é necessário alugar outra casa. Mãe de uma paciente acompanhada há 13 anos pelo CAPS, Sebastiana de Albuquerque critica as condições e demonstra preocupações com possíveis consequências em ter sua filha com problemas no mesmo ambiente que os internos do hospital. “Não tem outro lugar, a gente tá aqui, mas não dá certo isso. Ontem mesmo os internos estavam falando coisa com ela”, relatou. Maria Lindão relata o sofrimento que já passou com seu sobrinho ao longo de anos de internação, e considera o trabalho do CAPS fundamental em suas vidas. “É a segunda casa do usuário. Meu sobrinho passava 2, 3 anos internado aqui no Portugal ou no Miguel couto e 1 dia em casa. Perdendo muito tempo da vida dele. Isso não é vida. Não participava da vida da família. No CAPS  Casa Verde melhorou muito, ele vive na minha casa comigo” Ela apela para as autoridades resolverem a questão. “Na hora de pedir voto a gente não vota? Agora é hora de honrar e alugar uma casa para o CAPS voltar  a funcionar”. Superando um grave quadro de depressão, em que chegou a tentar suicídio, a usuária Gilza Maria da Conceição, de 55 anos, diz que não pode ficar sem o atendimento. “Eles conversam comigo, me orientam a tomar medicação, eu preciso muito do caps”. Sem condições de trabalhar, ela relata que passa muito tempo dentro da unidade, sendo acompanhada pelos profissionais. “Passo o dia lá. Preciso da Casa Verde para que a depressão não volte a me incomodar. Para Maria Aparecida Conselheiro, o serviço não está funcionando. “Preciso do CAPS pra tudo, questão medica, psicológica, terapêutica. Tudo isso existia, não existe mais. Estamos com serviço ruim, esse lugar traz imensas lembranças de coisas que a gente já passou, o espaço muito apertado, muito pequeno. Não tem condições”. O CAPS Casa Verde funciona há 23 anos, e atualmente acompanha uma média de 70 usuários por dia. Além de 350 consultas. Recebe muitos estudantes residentes da Uncisal e da Ufal. E assiste a uma boa parcela da população. Além disso, presta serviço de matriciamento, quando acolhem pessoas em sua residência porque não conseguem ir ao local, casos muito graves.