Cidades

Conselho mobiliza psicólogos para ajudar população do bairro Pinheiro

Presidente do CRP garante que atenção à saúde mental é fundamental para superar situação de perda

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Independente 29/01/2019 08h44
Conselho mobiliza psicólogos para ajudar população do bairro Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
A situação do bairro do Pinheiro tem preocupado autoridades do país inteiro com questões em relação à população exposta a uma possível tragédia com grandes perdas. Para além dos prejuízos materiais e financeiros, que estão sendo discutidas pelo poder público, essas pessoas tem sofrido grande abalo emocional. Pensando nisso, o Conselho Regional de Psicologia em Alagoas (CRP-15) está organizando uma campanha de atendimento voluntário a esses moradores, um trabalho que visa ajudá-los a atravessar o período preservando a saúde mental. A sede do conselho está localizada no bairro há quase 20 anos. Ao TH Entrevista dessa semana, a presidente do CRP, Laeuza Farias explicou que apesar de não estar na área de risco apresentada no mapa da defesa civil, a entidade tem vivenciado todas as incertezas e angústias junto com a comunidade sobre o que ela chama de “situação de extrema gravidade para população do bairro”. Ressaltando o papel dos psicólogos em momentos como esse, ela explica que a escuta qualificada faz toda a diferença. “Psicólogo na sua atuação, nas suas várias vertentes, é imprescindível para que a gente possa estar junto da população e entender um pouco do processo de perda de luto que as pessoas estão passando”. Percebendo o aumento da demanda pelo atendimento à saúde e até do uso de medicamentos, os profissionais analisam o contexto e maneiras de contribuir. “Nesse momento onde tudo parece uma interrogação tão grande na cabeça de todos nós, não só daqueles que moram ali, eu acho que é o momento de você escutar a angustia, diminuir a ansiedade do outro, para que a pessoa possa se tranquilizar e realmente pensar como vai ser a sua vida a partir daquele momento”, destaca Laeuza. Ela lembra que muitas pessoas nasceram e viveram a vida toda no local e por isso há questões mais profundas. “Mudança que não é somente material. Existem também as memórias, lembranças. Existe uma questão afetiva, e isso o dinheiro não compra. E cada um vai ter que lidar com essa perda, esse luto. E algumas pessoas têm mais dificuldade do que outras”. SOLIDARIEDADE Partindo de uma mobilização espontânea, o CRP-15 convocou colegas que tenham disponibilidade de tempo para que a sede se torne um ponto de atendimento para a saúde mental. Laeuza Farias explica que a ideia é ser um trabalho em conjunto. Está sendo feita uma articulação com setores da saúde mental no Estado e no Município de Maceió. A iniciativa pretende colaborar com o poder público para que Alagoas esteja preparada no caso de acontecer uma possível tragédia. A ideia é ter profissionais mais treinados para esse tipo de situação. A contrapartida que está sendo oferecida é justamente essa: Qualificação. Já está confirmada uma capacitação em Psicologia das Emergências com um especialista convidado pelo CRP. A psicóloga explica que quer oferecer todas as condições “para que possam realizar ato de solidariedade e ressaltar porque psicologia é importante”. Além disso, ela garante que é uma forma de proteger o profissional, antes de expor a uma situação incomum como essa. “É uma dúvida que só vai ter fim quando a tragédia se concretizar. O ponderável é o que coloca as pessoas em choque, em ansiedade, perturba o sono, a alimentação. Toda uma organização de vida que você já tem”. O trabalho vai ajudar a dar condições de recomeçar. “Como uma pessoa vê o seu mundo desmoronar vai se colocar novamente no mundo e ter sua saúde mental preservada? Porque eu sei que se ele tiver a sua saúde mental preservada ele consegue conquistar tudo de novo. Se não tiver, vai ser muito difícil esse indivíduo se reorganizar”, ressalta Laeuza Farias.   Assista à entrevista na íntegra:   https://www.youtube.com/watch?v=z9Dl5ITn55Q