Cidades

Braskem sobre Pinheiro: 'Não somos a causa do problema, mas seremos parte da solução'

Presidente do TJ/AL cobra agilidade para resolver situação no Pinheiro

Por Texto: Rívison Batista 23/01/2019 21h40
Braskem sobre Pinheiro: 'Não somos a causa do problema, mas seremos parte da solução'
Reprodução - Foto: Assessoria

No final da tarde desta quarta-feira (23), representantes da Braskem tiveram uma reunião aberta à imprensa com representantes do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) na sede do órgão, no Centro. A reunião foi solicitada pela própria Braskem com o objetivo de explicar ao TJ/AL que não há culpa da empresa na situação que envolve o bairro do Pinheiro, em Maceió. O bairro vem sofrendo com rachaduras nos imóveis por causa de uma possível instabilidade no solo do local. A partir de uma explicação técnica com slides, os representantes da Braskem mostraram que há monitoramento constante nos poços de salmoura em Maceió e que nenhuma anormalidade na extração do material foi encontrada. O presidente do Tribunal, desembargador Tutmés Airan, aproveitou para cobrar agilidade na solução do problema, pois a situação, segundo ele, pode virar uma grande tragédia.

O gerente de Relações Institucionais da Braskem, Milton Pradines, esteve presente na reunião e afirmou: “Não somos a causa do problema, mas seremos parte da solução”. A Braskem, apesar de se isentar da responsabilidade do que acontece com o solo do Pinheiro, afirmou que também quer ajudar a identificar a causa do problema. De acordo com consultores contratados pela empresa para apurar o que acontece no bairro, a causa das rachaduras e buracos que aparecem no Pinheiro é uma possível falha geológica que foi reativada na região e agravada com o tremor de terra sentido na capital no ano passado.

“Nós observamos que o movimento do solo na região acontece em períodos de grandes chuvas. Isso é sazonal. Não vejo que pode acontecer uma avalanche, por exemplo, porém, se houver fortes chuvas no mês de março, podemos ter um problema”, afirmou o consultor acionado pela Braskem para apurar o caso, Álvaro Maia.

De acordo com a Braskem, dos 35 poços de extração de salmoura em Maceió, apenas 4 estão ativos, sendo estes fora da região do Pinheiro. “Inclusive, dois poços foram paralisados preventivamente por causa da situação no bairro. Temos que ressaltar também que, na época do tremor de terra sentido em Maceió [ocorrido em 3 de março de 2018], todos os poços da Braskem estavam paralisados”, afirmou Milton Pradines.

De acordo com os consultores, a possível falha geológica no Pinheiro agrava-se com a quantidade de água que vai para o subsolo. “Se esse for realmente o problema, toda a água que existe naquele subsolo deve ser drenada em algum momento”, disse Maia.

Monitoramento constante

Os representantes da empresa mostraram nos slides como é feita a extração de salmoura em Maceió e foi explicado que, nos poços, é colocada uma quantidade de água para se extrair o material, resultando em uma conta de 75% de água e 25% de sal. “Através da introdução de água nos poços, o sal sobe. Existe um controle constante. Temos o monitoramento de subsidência e com sonar”, disseram os consultores. No monitoramento de subsidência, os representantes da empresa disseram que é possível observar que, de 2013 a 2017, não houve nenhuma anormalidade com os poços de Maceió. Já com o sonar, existe a representação em 3D do solo onde o poço se encontra, mostrando que também não há desvios na posição do material.

“Se o problema fosse nos poços de extração, haveria em algum lugar, uma deformação grande no solo em forma de bacia, na forma elíptica”, disse Álvaro Maia.

TJ preocupado

O desembargador Tutmés Airan demonstrou grande preocupação com a situação no Pinheiro. Observando o esclarecimento da Braskem, Airan comentou que poderia intermediar um diálogo entre a empresa e a população atingida pelo problema. “As pessoas estão aflitas e precisam de uma explicação”, afirmou Tutmés.

Os representantes da Braskem afirmaram que a dimensão do problema é tão grande que não teria que ser resolvido apenas pela Prefeitura de Maceió ou pelo Governo do Estado, mas também teria que ter uma contribuição massiva do Governo Federal.

“Estão brincando com o tamanho do problema. Ouvi que, para 500 famílias que precisam ser retiradas do Pinheiro, querem dar um aluguel social de R$ 1.000 para cada. O problema não pode esperar. Tem que ter celeridade para a solução disso”, finalizou o presidente Tutmés Airan.