Cidades

Pinheiro corre risco de desabamento, diz Defesa Civil

Órgãos preparam simulação de evacuação para o bairro, primeiro de uma série de treinamentos para a população

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 19/01/2019 09h16
Pinheiro corre risco de desabamento, diz Defesa Civil
Reprodução - Foto: Assessoria
As edificações do bairro do Pinheiro correm risco de desabar. A informação é do coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Moisés Melo. Uma simulação de evacuação no bairro do Pinheiro está prevista para ocorrer no dia 23 de fevereiro. Segundo a Defesa Civil Estadual, a simulação será o primeiro de uma série de treinamentos para a população do bairro e os órgãos públicos. Cerca de 600 agentes públicos deverão estar envolvidos na evacuação do bairro onde  residem mais de 20 mil moradores. Os órgãos pretendem realizar todo o procedimento em 45 minutos. “Será o start para a evacuação do bairro do Pinheiro. A concentração será às 14h no Cepa. É importante que a população participe. Será sábado a tarde para que a população esteja em sua residência. Que a população saia, vá ao ponto de encontro, esperamos retirar toda a população em 45 minutos. Tudo será cronometrado, teremos equipe de olheiros para observar os pontos falhos”, afirma Moisés Melo. Ainda de acordo com o Coronel, antes do dia 23 outras reuniões estão agendadas para acertar os detalhes. “Dia 5 de fevereiro teremos uma reunião no 59º. Dia 21 teremos uma reunião sobre a simulação. Entre os dias 5 e 21 poderemos ter reuniões extra. E no dia 23 teremos a simulação. “O simulado será realizado em mesa e depois no dia 23 envolvendo principalmente a população. Teremos a presença de secretarias, todos os órgãos de segurança do estado irão estar envolvidos. Isso será divulgado amplamente para que a população tenha conhecimento que é um simulado que está sendo organizado. Tudo que estamos fazendo aqui, unidos, integrados e para salvar pela prevenção”, informou Melo. As informações foram repassadas à imprensa na sexta-feira (18) durante a apresentação do Plano de Contingência para o bairro do Pinheiro no Palácio República dos Palmares. Participaram da reunião além das equipes das Defesas Civis Estaduais e Municipal, representantes da Defesa Civil Nacional, dos órgãos de segurança, do Serviço Geológico do Brasil, além de integrantes do Ministério do Desenvolvimento Regional, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e uma comissão de moradores do bairro. “Envolveremos cerca de 600 pessoas neste simulado. Nós convocaremos alunos do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Cadetes da Polícia Militar, guarnições do Exército. Para que possam estar presentes e se for possível fazer a simulação no bairro para caso se faça necessário a retirada. Um plano de contingência não é algo simples. Não pode ser confundido com um plano de evacuação. A retirada das pessoas do bairro se dá em situações extremas e é um dos pontos do plano de contingência.  O Plano de Contingência de Maceió já estava em prática a partir do momento que estávamos cadastrando as famílias, fazendo as leituras das medições de régua, trazendo assistência técnica de fora do estado, cientistas... mais de 200 estudiosos estão em Maceió”. No entanto, os órgãos não deixaram claro se toda a população do bairro será retiradas ou apenas as que estão na classificação de risco. Cabe ressaltar que em matéria publicada na edição de quinta-feira (17) a Tribuna Independente adiantou que o mapa de risco do bairro do Pinheiro deverá receber uma nova atualização em março, ou seja, a classificação atual foi elaborada em outubro do ano passado e como a situação não se estabilizou, o risco pode ter sido ampliado. “Trabalhamos com todas as possibilidades, o alerta será dado para todo o bairro, se for necessário iremos evacuar todo o bairro do Pinheiro. A melhor rota e o ponto mais seguro vai ser o mais próximo de sua residência. Então as pessoas deverão seguir para um dos seis pontos, seja no Cepa, próximo a Hyundai, Casa Vieira, seja no Terminal do Sanatório, Praça Lucena Maranhã ou IMA. Esses foram os pontos orientados pelos cientistas para que a população saia de sua casa e se dirija ao ponto mais próximo. Esse primeiro treinamento será realizado com dia e hora marcada, outros treinamentos poderão ser realizados sem dia e sem hora marcada. Independente da gente, seja Carnaval ou não,  a população tem que estar pronta para ser retirada. Quem gostar de pular Carnaval que pule Carnaval, mas nós manteremos o treinamento. Até o momento a Defesa Civil Estadual descarta o bloqueio da Avenida Fernandes Lima para a realização do simulado.´“Não geraremos caos para Maceió. A Fernandes Lima servirá se necessário para o deslocamento das viaturas e unidades de resgate levando para hospitais e centros mais apropriados. para as unidades hospitalares. O Cepa será nosso principal ponto de encontro onde nós montaremos toda a estrutura para receber as pessoas feridas.” Chuvas intensas podem desencadear agravamento rápido da situação A evacuação do Pinheiro é um dos pontos do Plano de Contingência porque, conforme explicado pelas Defesas Civis, as chuvas intensas podem desencadear um agravamento rápido da situação ou até mesmo desabamento das edificações do bairro. “O risco é de acomodação de solo, isso não quer dizer que a casa não possa desabar. O risco existe e é tão grande que existem as fissuras. Então estamos solicitando para que a população que reside na área de risco, com a proximidade da área chuvosa, solicitamos que saia de sua residência, vá para sua casa de praia, outro local, aluguel, porque o risco existe e é grande. Mais equipes estão sendo contratadas pela Defesa civil Estadual para novas avaliações. Nossa atualização será constante. O risco ali é de acomodação de solo e quanto mais o solo vai se acomodando, mais fissuras vão aparecendo”, destaca o Coronel O coordenador da Defesa civil estadual não descarta a possibilidade de novos tremores na região. Por isso, segundo ele, é necessário que a população saia das áreas críticas [vermelha e laranja] antes que o período chuvoso se intensifique na capital. “A orientação que nós passamos é que a população que esteja na área vermelha saia, da área laranja também se for o caso, antes do período chuvoso. Porque a chuva pode ser um gatilho para acionar tremores na região”. Além do treinamento, uma sala de monitoramento para a região deverá ser implantada na capital integrada com os centros que estudam o fenômeno. “O Plano de Contingência será atualizado constantemente a partir das informações que recebermos das equipes que realizam os estudos. Um plano de contingência não se faz para o resto da vida. Será acompanhado diariamente pela Defesa Civil Municipal e analisado por todos os entes. Será acompanhado com a criação da sala de alerta, que vai ser em Maceió, ligada diretamente com o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília” SUSPENSÃO DE ALVARÁS Dinário Lemos afirmou à Tribuna Independente que alvarás para novas construções no bairro estão suspensos. No entanto, conforme apurou a reportagem, um edifício de mais de 10 andares continua em obras. “Já foi passado à Sedet para não emitir nenhum alvará naquela região. O secretário da Sedet me informou que é uma coisa bem antiga, que é um convênio com a Caixa e já estava em evolução. Já que não tem ainda estudos preliminares que indiquem que deva paralisar, eu acredito que em 60 dias, com as causas, aí teremos definição se a obra será embargada. Até porque existem os cronogramas de pagamento, mas essa questão dos embargos ficaria a cargo da Sedet”, esclarece Dinário. INCONFORMADOS Moradores presentes na reunião deixaram o local bastante abalados, alguns inclusive chorando. Sebastião Vasconcelos foi um destes. Ele conta que toda a família mora no bairro há bastante tempo além dele,  uma tia e seus pais possuem imóveis na região. A constatação de que o bairro inteiro está em risco é desoladora, segundo ele. “Eu fico pensando o que vou dizer a eles? Minha tia já saiu, ela morava no Jardim Acácia no 7B e o bloco precisou ser evacuado. Os meus pais saíram também. Mas o que me deixa triste é que o bairro precisa ser evacuado, naquelas zonas. A sensação é muito ruim, é triste. O pior é explicar para as pessoas que ainda estão lá que elas precisam sair. Principalmente as que estão na zona vermelha. Esse para mim é o dia mais difícil nesse período”, relata emocionado. Desde o ano passado o grupo SOS Pinheiro exigia respostas dos órgãos responsáveis pela investigação do fenômeno. Agora, após a apresentação do Plano de Contingência, o coordenador do grupo Geraldo Vasconcelos afirma que a situação deve ficar ainda mais difícil para a população. “Ainda não conseguimos as resposta que queríamos. A população ainda não teve respostas. Ela quer a presença deles. As autoridades que têm ido ao bairro são a pedido do grupo. O prefeito não esteve por lá, não entendemos porque o prefeito ainda não foi, desde fevereiro não apareceu. O Governador também, a população merecia mais atenção”, critica Geraldo.