Cidades

'É preciso falar verdadeiramente das emoções'

Psicóloga fala sobre a campanha Janeiro Branco e destaca que as pessoas precisam cuidar da mente

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 15/01/2019 10h52
'É preciso falar verdadeiramente das emoções'
Reprodução - Foto: Assessoria
O mês de janeiro foi escolhido pelos idealizados da Campanha Janeiro Branco, que tem como foco a saúde mental, porque as pessoas têm a sensação de um novo começo, novos planos e até um novo estilo de vida no início do ano. Devido a esse clima, os criadores da campanha quiseram aproveitar para introduzir o tema, com intuito de que as pessoas comecem o ano pensando também em sua saúde mental. A psicóloga Evelyne Vasconcelos explicou ao TH Entrevista que o ser humano precisa estar em equilíbrio: corpo e mente e não tem como separar. Ela diz que a cor branca representa simbolicamente a paz, e que geralmente tanto se usa na virada no ano (réveillon). “O branco representa um recomeço e é em janeiro que as pessoas pensam em novos objetivos e perspectivas, quando se começa a escrever é em uma folha de papel em branco”, frisou. Janeiro, ela acrescenta que é um processo de renovação de um ano anterior que não foi muito legal. Evelyne Vasconcelos disse ainda que a Campanha Janeiro Branco é uma ação decentralizada em que as pessoas do Brasil precisam conhecer. A cada ano surgem mais casos de depressão, ansiedade, fobias e pânico em todo o mundo. E segundo a psicóloga, isso sinaliza aos profissionais do campo da saúde mental a importância de mostrar que as pessoas precisam começar a cuidar não somente do corpo, mas também da mente e emoção. “É preciso falar verdadeiramente das emoções – o que você está sentindo? - A cultura rotulada de que só vai a um psicólogo quem é doido. Não existe, é preciso compreender e desmistificar o conceito”, destacou. A psicóloga deu algumas dicas para quem quer ficar em dia com sua saúde mental. Caminhar, dormir bem, sair da zona de conforto, ser mais assertivo nas relações, saber dizer não, ter novas experiências já é um bom começo para manter o corpo e a mente em equilíbrio. “Não significa que vamos deixar de sentir tristeza, ansiedade... O que não se pode vivenciá-la é de forma adoecida. O ideal é se acalmar, busca ajuda de um profissional”. Ela alerta relembrando que não é somente os adultos que vivenciam a ansiedade, e que há muitas crianças com ritmos acelerados como dos adultos. “A agenda das crianças estão cada vez mais preenchidas, e é necessário que se faça uma pausa”. Atendimentos gratuitos estão sendo oferecidos em janeiro para a população, quem tiver interesse em agendar pode entrar em contato pelo número 2126-0829. A consulta acontece todas as sextas-feiras deste mês com os plantões psicológicos. Campanha busca estratégias de combate ao adoecimento emocional   O criador da campanha, Leonardo Abraão, em sua página na internet ressalta que o foco é mostrar às pessoas – e à sociedade – que os seres humanos são seres de conteúdos psicológicos e subjetivos, que suas vidas, necessariamente, são estruturadas em torno de questões mentais, sentimentais, emocionais, relacionais e comportamentais, sendo, portanto, imperioso e necessário que a subjetividade humana possua lugar de destaque na cultura e no cotidiano, sob pena de sermos vítimas de nós mesmos e de quem despreza as próprias necessidades psicológicas e as necessidades psicológicas alheias. A campanha foi pensada, planejada e projetada para a promoção de Saúde Emocional nas vidas de todos os indivíduos que compõe a humanidade, buscando estratégias políticas, sociais e culturais para que o adoecimento emocional seja prevenido, conhecido e combatido em todos os campos, esferas, dimensões e espaços em que o humano se faz presente. Para ele, a campanha tem dando certo no Brasil e em outros países. Cidadãos, psicólogos e demais profissionais (da saúde ou não), estão se mobilizando para levar mensagens e reflexões aos indivíduos e às instituições às quais esses mesmos indivíduos encontram-se entrelaçados: “quem cuida da mente, cuida da vida”; “quem cuida das emoções, cuida da humanidade”; “quem cuida de si, já cuida do outro”; “sem psicoeducação não haverá solução”; “autoconhecimento: isso também tem a ver com a sua saúde mental”; “o que você não resolve em sua mente, o corpo transforma em doença”; “saúde mental pressupõe políticas públicas”, entre várias outras orientações, dicas e reflexões que têm o poder de chamar a atenção de todos para os cuidados consigo, com os outros e, também, para a importância das lutas por políticas públicas em defesa da saúde mental de todos. Isso se chama Psicoeducação e o Janeiro Branco nasceu para isso, por amor à humanidade, senso de responsabilidade social, senso de dever profissional e pura solidariedade humanística. Porque há sofrimentos que podem ser prevenidos. Dores que podem ser evitadas. Violências que podem ser impedidas, cuidadas ou reparadas. Exemplos que podem ser partilhados. Ensinamentos que podem ser difundidos em nome de povos mais saudáveis e mais bem resolvidos em termos emocionais.   Assista à íntegra da entrevista:   https://www.youtube.com/watch?v=S7n5hJVUvy0