Cidades

Nova etapa de estudos é iniciada no bairro do Pinheiro

Esta é a terceira vez que técnicos do Serviço de Geologia do Brasil vêm a Maceió para analisar fenômeno das fissuras

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 10/01/2019 08h50
Nova etapa de estudos é iniciada no bairro do Pinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria
Especialistas do Serviço de Geológico do Brasil (CPRM) estão em Maceió desde o início da semana para realizar uma nova etapa de estudos no bairro do Pinheiro. Esta é a terceira vez que equipes vêm ao Estado para analisar a situação que tem provocado rachaduras em imóveis e ruas da região e deixado moradores em pânico. Os técnicos devem permanecer até o dia 24 deste mês. Durante o período eles irão realizar estudo no relevo do Complexo Lagunar para saber se há algum movimento, além de avaliar a resistência do solo do Pinheiro com novos equipamentos. Segundo Dinário Lemos, coordenador da Defesa Civil Municipal, equipamentos devem chegar nos próximos dias. Um barco também foi locado para que os especialistas façam estudos nas Lagoas. “Investigações no relevo do fundo das Lagoas Mundaú e Manguaba, estudos geotécnicos no subsolo do bairro Pinheiro, investigações geofísicas pelo método eletroresistividade ao longo das ruas do bairro, investigações geofísicas pelo método audiomagnetotelúrico, análise de imagens por interferometria”, diz o CPRM. Nesta quarta-feira (9) durante a manhã, os técnicos estiveram na região do Porto de Maceió com uma espécie de régua para avaliar o nível e oscilação da água na região e comparar com o observado nas Lagoas. “O Serviço de Geologia vai começar a fazer o estudo de batimetria, medir a estrutura e subsolo para saber se o Complexo Lagunar está tendo interferência. Eles estiveram no cais do Porto. Eles pegaram um marco da Marinha, de georeferenciamento, colocaram uma régua comparando o nível do mar para que possa ficar medindo o nível de água da maré e quando estiver na lagoa também, para que através de satélite eles façam essa relação. Estão preparando, locaram um barco, eles estão montando a logística. Vamos ter uma reunião com a Secretaria de Recursos Hídricos, é uma série de ações”, afirma Dinário Lemos. Além disso, entre os dias 14 e 18, os técnicos estarão em contato com a população e órgãos públicos. De acordo com a assessoria de comunicação do CPRM, no próximo dia 16 está programada uma reunião com moradores do bairro do Pinheiro para explicar do que se trata a próxima etapa de estudos. “No dia 16 de janeiro a gente vai fazer uma reunião aí com a sociedade, inclusive com a imprensa para explicar o que a gente vai fazer, para explicar melhor, isso está previsto. A gente vai falar o que a gente vai fazer daqui para frente, as próximas etapas”, descreve a assessoria do CPRM. Crise no bairro está prestes a completar um ano   Prestes a completar um ano de crise no bairro, moradores aguardam respostas. No entanto, o Serviço de Geológico esclarece que os estudos não têm o objetivo de “apontar culpados”. “O que acontece aí é um fenômeno geológico. A CPRM não está aí para julgar ou apontar culpados. A gente não tem essa visão. Nossa visão é de ciências. É entender esse fenômeno que está acontecendo na região. Porque não é algo que é trivial, que você com um laudo consiga apontar uma resposta. A gente está estudando e não é algo fácil. Sabe-se que existe um anseio da sociedade para que se aponte o que está causando isso, mas não é fácil. A gente está estudando a geologia, entendendo. Em vários lugares do mundo acontece esse fenômeno e as vezes não é um fator, são vários, não dá para apontar um culpado, um responsável. A gente está tentando entender o que está acontecendo na região. São estudos complexos e demora a chegar a uma conclusão”, explica a assessoria de imprensa do órgão. Com o surgimento de chuvas mais intensas nos últimos dias, os moradores questionam a falta de informações. Conforme apurou a reportagem, mesmo com a presença de técnicos federais, não é possível garantir que a situação possa se agravar ou que possa haver desabamento de imóveis. Além disso, desde dezembro do ano passado, como adiantou a reportagem da Tribuna Independente, novas rachaduras continuam aparecendo. Segundo a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom), o monitoramento na região tem sido constante. “Os estudos estão em andamento sob a coordenação do Serviço Geológico do Brasil, que designou profissionais de todo o País para investigar a origem das fissuras e suas possíveis causas. Devido à raridade do fenômeno e à complexidade, não há diagnóstico definido para a situação ou qualquer avaliação preliminar. O monitoramento na região é constante, contando com o envolvimento de técnicos de diversas áreas”, diz o órgão. Para Geraldo Vasconcelos, coordenador do grupo SOS Pinheiro, é necessário que haja interlocução do poder público. “Sabemos que descobrir o que está causando as rachaduras não é uma tarefa fácil, mas a Defesa Civil não tem feito seu papel, a população do bairro está em desespero. Principalmente agora com o aumento das chuvas, as pessoas não dormem”, reforça. Em dezembro do ano passado, o grupo realizou uma manifestação em que cobrava ações por parte do poder público. Tecidos pretos foram instalados nos prédios mais comprometidos e cerca de 300 moradores usaram roupas pretas para simbolizar luto pela situação do bairro. Moradores reforçam que as rachaduras continuam surgindo todos os dias. “A atividade aqui não parou, a terra continua se movendo. Tem casas com aberturas de 15cm. Outra o chão está cedendo, o piso e as paredes estão ocas”, conta Vasconcelos. Para os moradores, é preciso ações efetivas principalmente na parte de assistência social. “A comunidade quer saber o que vai ser feito com o bairro do Pinheiro. A comunidade está se sentindo órfã de governador e prefeito e exigindo que eles venham conhecer in loco, entrar nas casas, conversar com os moradores, a comunidade precisa de amparo”, questiona.