Cidades

Privatização da Eletrobras gera protesto

Também contra venda da Ceal, urbanitários fazem paralisação de 24 horas; novas manifestações devem acontecer dias 27 e 28

Por Lucas França, com Carlos Amaral com Tribuna Independente 20/12/2018 09h26
Privatização da Eletrobras gera protesto
Reprodução - Foto: Assessoria
Os trabalhadores da Eletrobras Distribuição Alagoas, paralisaram as atividades, na manhã de ontem (19), na sede da empresa em Maceió. E deliberaram em assembleia novos manifestações para os dias 27 e 28, considerando que o último é a data anunciada pelo Governo Federal para a realização do leilão da Companhia Energética de Alagoas (Ceal). Os protestos são realizados contra o leilão da unidade alagoana e contra a privatização da companhia. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, José Cícero da Silva, a medida pode causar a demissão de funcionários. “Os trabalhadores consideram que a medida poderá representar demissão de funcionários e o fim dos direitos trabalhistas, adquiridos pelos funcionários concursados da ainda estatal. Estamos mobilizados contra essa iniciativa de privatizar a Eletrobras. Os funcionários da empresa já promoveram várias manifestações ao longo do ano contra o processo de privatização”, ressalta Cícero. Para o presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, Nestor Powell, o que ocorre com a Ceal não é privatização, mas entrega do patrimônio público. Ele também ressalta a disputa judicial entre o Governo do Estado e a União em relação à empresa. “Hoje [ontem] realizamos um protesto e uma assembleia pela manhã. Estamos lutando com duas frentes. A primeira é a tentativa de não deixar entregar o patrimônio público. E a segunda, é a garantia dos direitos dos trabalhadores. Uma comissão está agora à tarde [ontem] na Assembleia Legislativa reunidos com deputados em relação a um projeto de emenda constitucional que prevê a absorção em caso de demissão de servidores – não só da Ceal, mas de qualquer empresa que foi constituída no estado e ela for ‘privatizada ou vendida’ você possa ter essas pessoas direcionadas e reaproveitadas para o estado, uma vez que elas fizeram concursos públicos. Ela não está sendo vendida, na verdade está sendo entregue. Dia 27 paralisamos e estaremos na Assembleia o dia inteiro e dia 28 iremos ocupar a sede da empresa”, explica Powell. ELETROBRAS Em nota, a direção da empresa afirma que, apesar do movimento paredista que aconteceu ontem, os serviços foram mantidos dentro da normalidade tanto o atendimento presencial  que funciona normalmente em Maceió,  nos Já! dos shoppings Maceió e Pátio e nos locais de atendimento em 72 dos 101 municípios do interior. O contato pelo Call Center da companhia, 0800 082 0196, também está disponível normalmente às 24h, para registro de ocorrências e esclarecimentos necessários, conforme o comunicado. “As equipes de operação e manutenção da Empresa estarão à disposição da população apenas para o atendimento de serviços essenciais e emergenciais, como queda de energia, e que causem risco à vida, como cabos partidos e abalroamentos. Serviços comerciais, como ligação nova e desligamento de unidade consumidora, entre outros, serão retomados na quinta-feira (20), após o término da paralisação”. Leilão previsto para ontem foi adiado para o dia 28   O certame estava marcado para ontem (19), mas foi adiado para o próximo dia 28. O que não mudou foi o valor do lance inicial, que é de R$ 50 mil. Na segunda-feira (17), o presidente-executivo da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., disse à Reuters que o adiamento do leilão foi para atender investidores interessados na compra da Ceal, uma vez que a procura por informações, segundo ele, foi alta nos últimos dias. O prazo de entrega de documentos para participação do certame é no dia 27, a sessão pública para a abertura das propostas será realizadas às 17h do dia 28. O edital para o leilão da Ceal – e de mais cinco distribuidoras – foi publicado em junho deste ano, e apenas a empresa alagoana segue sem ter sido vendida. O motivo é uma ação do Governo do Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) na qual se cobra valores não pagos pela União quando da federalização da empresa. De acordo com o Governo do Estado, a União deve pouco mais de R$ 1,7 bilhão ao estado. Já a União afirma que a Ceal se desvalorizou e que os valores já repassados a Alagoas, inclusive, superam seu atual valor de mercado. Somente no fim de novembro o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, proferiu decisão autorizando o leilão, mas que uma auditoria seja feita para determinar quem tem razão na disputa entre os entes federados.