Cidades

'Arquivar Escola Sem partido é vitória', afirma presidenta do Sinteal

Consuelo Correia diz que cenário para o próximo ano pode não ser promissor; Câmara conservadora é a preocupação

Por Lucas França com Tribuna Independente 13/12/2018 08h57
'Arquivar Escola Sem partido é vitória', afirma presidenta do Sinteal
Reprodução - Foto: Assessoria
Após seis semanas seguidas de reuniões, a votação do projeto “Escola sem Partido” foi adiada. O Presidente da comissão especial da Câmara dos Deputados que discute o projeto, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), encerrou os trabalhos na última terça-feira (11) e arquivou a proposta, que poderá ser votada no ano que vem. Para o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), o arquivamento é visto como uma vitória. “Foi uma grande vitória. Foram 12 reuniões onde nós, mesmo em minoria conseguimos barrar que ela fosse aprovada e que fosse para o pleno. Muito embora, sabemos que o cenário que está posto para nós em 2019 não é nada promissor. A Câmara conservadora que nós temos com a votação do presidente eleito, é de grande preocupação”, ressalta a presidenta do Sinteal, Consuelo Correia. Consuelo comenta ainda que existe duas Ações Diretas de Inconstitucionalidades (ADIs) no Supremo Tribunal Federal (STF) que não foram colocadas em pauta e que devem ser julgadas também ano que vem. “Elas estavam na pauta, mas não foram postas. Acredito que não irão ser pautadas esse ano. É uma luta constante. Sobre o Escola Sem Partido, temos o apoio da PGR [Procuradoria Geral da República] e alguns Ministérios Públicos são contrários ao projeto. O ministro Luiz Barroso em decisão monocrática já disse que a lei é inconstitucional, então precisamos está nessa luta engajados para não perdemos o direito”, explica Correia. FUTURO Consuelo disse que a luta vai continuar. “Cessar a liberdade do professor é acabar com a escola pública – é um desmonte. A escola é um espaço de formação humana, de discutir sim, sobre homofobia, preconceito, diversidade, racismo. É um espaço de empoderamento dos filhos da classe trabalhadora”, salienta. A presidente do Sinteal afirma que mesmo que a lei venha a ser aprovada futuramente, os professores irão atuar. “Ainda não sabemos o que vai acontecer, mas daqui pra lá faremos novas lutas. O ato de educar é um ato político. Não existe educação sem fazer política. Essa questão de neutralidade é falácia. Quando eu estou impondo que a escola não está discutindo tema A ou B ou já estou dizendo o que a escola diga para os alunos. Temos que orientar os companheiros da educação que não se intimidem, tenham apenas cautela, porque de fato as orientações que vem do presidente eleito pode nos intimidar. Mas, o debate tem que ser feito. Porque faltou merenda, porque não tem transporte – estou doutrinando o aluno por fazer essa fala? Temos que cobrar de quem?”, questiona Consuelo dizendo que doutrinação em escola é uma inverdade. “Mobilização do Sinteal foi fundamental”   Para o deputado Federal Paulão (PT), a comissão especial que trata do Escola Sem Partido conseguiu encerrar os trabalhos sem aprovar o projeto pela insistência de vários partidos. “Especialmente pela bancada do Partido dos Trabalhadores. Nesse exercício, esse projeto não será analisado. Mas, isso não quer dizer que em 2019, o presidente eleito Jair Bolsonaro não priorize esse tema. Foi fundamental a mobilização da categoria”, avalia o deputado. De acordo com o deputado, o destaque vai para os sindicatos em todo o Brasil que se mobilizaram para derrubar o veto. ‘’A luta vai continuar”, afirma Paulão. Consuelo Correia ressalta que o plano de fundo do projeto é apenas manter a direita mandando e se mantendo no poder. “Isso é para manter que as famílias que estão aí há mais de 190 anos se mantenham no poder. O que está por trás de tudo isso é a falta de compreensão. As pessoas estão desacreditadas nos partidos, nas leis e eles acabam conseguindo colocar esse discurso para ser de fácil adesão. Mas, temos o direito de ter direito. Temos que dá voz aos alunos, soberania sobre o que acontece em nosso país. A lei em nosso estado está suspensa por uma ADI e não tem como nenhum professor ser notificado.”