Cidades

Ações no Pinheiro dependem da União

Reconhecimento da situação de emergência pelo Governo Federal ainda não tem data prevista, diz Defesa Civil

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 11/12/2018 09h07
Ações no Pinheiro dependem da União
Reprodução - Foto: Assessoria
As ações emergenciais, previstas no decreto publicado no último dia (5), para os bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro dependem do Governo Federal. Segundo o titular da Defesa Civil de Maceió Dinário Lemos, a Prefeitura não dispõe de recursos para dar assistência aos moradores da região afetada pelas fissuras. “Existe um projeto pedindo ao CPRM solicitando recursos para o monitoramento das famílias e que seja feito um plano de evacuação. Aí vai ter assistência, com pessoas especializadas. Não há recursos próprios. A Defesa Civil está fazendo o monitoramento depois do tremor, detectou e mapeou. Fomos a Brasília e dissemos que está havendo o problema. Mas recursos não têm. O subsolo é da Nação e eles precisam apontar as possíveis causas, para daí para frente o Governo Federal diga o que vai ser feito”, explica Lemos. No decreto, a Prefeitura autoriza a mobilização de diversos órgãos para ações de resposta, além disso, prevê a convocação de voluntários para reforçar atividades e realizar campanhas de arrecadação para auxiliar a população no enfrentamento da situação. No entanto, segundo Dinário tais ações precisam de recursos federais para a execução que só podem ser liberados após o reconhecimento da situação de emergência que ainda não tem data para ocorrer. “Os estudos realizados pelo CPRM ainda não indicaram a possível causa, mas indicam que tem risco, porque o negócio não parou. Na reunião em Brasília fomos orientados a decretar estado de emergência. O Governo Federal reconhece e aí isso facilita a contratação de estudos, equipamentos, softwares para concluir essa análise. Para o município também, precisamos de recursos para contratar ajuda humanitária, imaginamos que aquelas pessoas precisam de ajuda e o Governo Federal vai entrar nesse processo”, pontua Dinário. Na semana passada, uma manifestação organizada por moradores do bairro do Pinheiro cobrou mais atenção do poder público em relação às consequências das fissuras. Novas rachaduras têm surgido sequencialmente e o medo da população é que o período chuvoso cause ainda mais estragos. “Nós estamos pedindo, assim que sair o reconhecimento, ao Ministério da Integração que existe um mapa feito e que pedimos o reconhecimento e a ajuda humanitária. A ajuda humanitária seria para ter recursos para que na proporção que for monitorando e vendo que a casa está piorando, fazer a remoção, essa família ser assistida com um aluguel até que os estudos deem a causa exata. A prefeitura não tem como bancar. Imagine a população afetada, como a prefeitura vai bancar. Um aluguel social é R$ 250 e é para famílias de baixa renda dentro da legislação do município. A região não é baixa renda e R$ 250 não dá para nada. Estamos falando de um fenômeno num bairro onde não se sabe ainda o que é”, destaca Dinário Lemos. SOS: moradores continuam mobilizados   Na busca por alternativas que deem assistência aos atingidos pelos efeitos das rachaduras, moradores do bairro têm se articulado de forma paralela. Um grupo intitulado SOS Pinheiro tem organizado mobilizações como da semana passada e comunicado rotineiramente a imprensa sobre os fatos da região. [caption id="attachment_265297" align="aligncenter" width="640"] Com estragos dentro de casa, moradores se articulam buscando soluções (Foto: Adailson Calheiros)[/caption] “Temos um núcleo geral, uma diretoria, uma coordenadoria de comunicação, de articulação política, judicial, todos voluntários, todos moradores. Estamos nos articulando, vamos vender camisas para angariar fundos, conscientizando a comunidade para tentar achar uma solução do ponto de vista das consequências, por que das causas nem o prefeito, nem o governador, nem técnico nenhum do mundo vão conseguir parar em curto prazo. Um fenômeno como esse não pode ser parado e uma hora para outra. Enquanto eles estudam, se um prédio desse cair, o que irá ser feito? Tem vidas em jogo” questiona Geraldo Castro Júnior. Outra queixa dos moradores é a descontinuidade do censo iniciado há cerca de três meses. O trabalho é uma das exigências do Serviço Geológico Nacional (CPRM) e serviria para identificar a quantidade de pessoas atingidas pelos efeitos das fissuras. Sobre o assunto a Defesa Civil explicou que a atividade foi interrompida “por falta de expertise”. “A gente tentou fazer com a Secretaria de Assistência Social. Tentamos com o IBGE, demorou muito mas a gente não teve resultado. Alguns não queriam fazer, outros pensaram que era cadastro, passamos três meses e não tivemos resultado. Não temos expertise. A Defesa Civil solicitou ao IBGE e temos uma reunião marcada para a próxima semana para ver o que eles podem fornecer para a gente, concluiu Dinário Lemos.”