Cidades

Lojista do Centro de Maceió denuncia que vitrine foi apedrejada por ambulantes

Camelôs saíram do mercado por movimento fraco e buscam lugar pra trabalhar

Por Texto: Bruno Martins e Evellyn Pimentel com Tribuna Hoje 06/12/2018 18h31
Lojista do Centro de Maceió denuncia que vitrine foi apedrejada por ambulantes
Reprodução - Foto: Assessoria
Na tarde desta quinta-feira (6) uma loja no Centro de Maceió teve o vidro da vitrine destruído por pedradas. O empresário denuncia que a situação ocorreu porque vendedores ambulantes reagiram acreditando que o lojista havia chamado a fiscalização da prefeitura para removê-los da frente do estabelecimento, localizado na esquina da Avenida Moreira Lima com a Rua Cincinato Pinto. Leandro Pagels, proprietário, relatou que não estava presente no momento, mas diz que testemunhas viram uma pessoa de camisa amarela jogar três pedras até a vitrine quebrar. "Eu faço aqui um trabalho com eles, mas nenhum deles gosta de mim porque eu peço pra eles saírem da frente da minha loja. Ficam tudo com raiva. Quando veio a fiscalização eles acharam que foi a gente que tinha denunciado, tem fiscalização todo dia aqui, todo dia passa fiscal aqui, aí um deles achou que eu tinha denunciado. Aí dez minutos depois da fiscalização, quando tava tudo tranquilo, uma pessoa veio e jogou uma pedra, três pedras, na verdade, para quebrar a vitrine. Eu não estava na hora, só conseguiram ver que foi uma pessoa de camisa amarela", relatou à reportagem da Tribuna. Do outro lado, Marco Antônio, que trabalha como ambulante há três anos, afirmou como ocorreu a situação: "O rapaz deixou o carro da uva ali na frente da loja aí ele [funcionário da loja] ficou falando, o cara não quis sair, ele foi e ligou pro 'rapa' [fiscalização], o 'rapa' veio e tomou o carro do rapaz, aí o rapaz chegou do nada, quebrou e saiu correndo. A fiscalização tem vindo todos os dias. Tem que arrumar um canto bom pra nós trabalhar, sem ser no mercado, eu antes trabalhava no mercado, mas vim pra cá porque lá o movimento é fraco, muito sujo, muito fedor, quem vai? Mas aqui todo mundo compra, a gente vem pra cá mesmo arriscando perder a mercadoria, tentando na coragem e na força", disse o camelô. Marco Antônio explicou como aconteceu a confusão na frente da loja (Foto: Edilson Omena) O empresário Leandro Pagels é filiado à Aliança Comercial e diz que quem trabalha no Centro sabe o que precisa ser feito para resolver. Um Boletim de Ocorrência (BO) foi realizado pelo lojista e ele crê que o prejuízo para recolocar o vidro da vitrine fique entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. "Se eles têm o direito de trabalhar, eu também tenho. Todo lojista está a mercê desses caras. A gente já falou milhares de vezes como a prefeitura tem que fazer pra fiscalizar porque quem tá aqui vivenciando o Centro sabe como é que é, então a gente tem que fechar as entradas, eles não fecham, ficam empurrando com a barriga. Tem um grupinho de camelôs, aí vêm 30 fiscais, dá pra ver a dois quilômetros de distância, vem a fiscalização, com dez minutos volta todo mundo de novo porque eles não fazem uma fiscalização ostensiva. Aí além dos ambulantes, vêm os feirantes do mercado. Quebram a vitrine e ficam 'pode filmar, me filme, fui eu não, vá filmar quem fez'. Fizemos um BO, mostramos as fotos e anexamos ao boletim e vamos ter que consertar a vitrine, comprar um vidro novo pra fazer, dois mil, três mil conto de prejuízo", reclama. Após o incidente desta quinta, Leandro teme que outros problemas ocorram futuramente porque acontecem ameaças constantes dos ambulantes. "Já falaram que vão queimar a loja, que vão invadir, saquear, que 'conserte para a gente quebrar de novo', dizem pra todo mundo ouvir, então assim a gente está lidando com um tipo de gente que chega errado, faz coisa errada e ainda fica no deboche. A gente como lojista, como empresário, eu não consigo ver um ambulante na minha porta e não pedir pra ele se afastas um pouco pro meu cliente poder entrar na minha loja. Eu nem isso tenho mais direito, quer dizer, onde é que isso vai parar? Será que vai ter que um cara me agredir, agredir um vizinho meu, fazer um atentado contra um lojista? As coisas só acontecem quando acontece uma agressão, para as entidades tomarem uma providência", pontuou Leandro. Leandro Pagels afirma que teme represálias de ambulantes (Foto: Edilson Omena) Segundo o dono do estabelecimento, o Ministério Público também já foi acionado sobre a questão e que os dois lados precisam de condições para trabalhar. "Já acionamos o Ministério Público e a gente está esperando uma atitude porque a prefeitura sabe que o ambulante não pode entrar, sabe que existe uma lei que não pode comercializar no Calçadão ainda por cima deixa o feirante do mercado vir pro Calçadão. Eles têm que ter o lugar deles para trabalhar, tranquilo, um lugar limpo, decente, então não adianta a gente estar falando aqui em condições de trabalho só pra um lado, tem que ter condições pros dois lados, eu tenho o direito de trabalhar tranquilo e eles também. Se existe uma lei que proíbe comercialização, paciência, a prefeitura tem que fiscalizar, não é deixar o ambulante entrar e fazer o que quiser, estão fazendo o que querem aqui no Calçadão", declarou o empresário à reportagem. Prefeitura Em nota, a prefeitura de Maceió, através da Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (SEMSCS), afirma que a confusão não foi causada pela fiscalização do órgão. "Houve um desentendimento entre ambulantes e agentes da Segurança Pública tentaram apaziguar, mas foram hostilizados, quando guardas municipais que estavam em serviço fizeram a contenção. A Secretaria ressalta que os agentes da Guarda Municipal são orientados e passam por constantes capacitações para fazer uma abordagem pacífica. A SEMSCS reforça que a fiscalização de posturas está trabalhando diariamente no ordenamento do Centro para garantir a mobilidade urbana e cumprir a legislação", explicou a secretaria. (Foto: Edilson Omena)