Cidades

Alagoanos estão casando menos e se divorciando mais

Estudo divulgado nesta quarta-feira (31) pelo IBGE aponta que número de casamentos reduziu 6,6% e de divórcios aumentou 25%

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 01/11/2018 08h49
Alagoanos estão casando menos e se divorciando mais
Reprodução - Foto: Assessoria
Os alagoanos estão casando menos e se divorciando mais, pelo menos oficialmente. É o que apontam as Estatísticas de Registro Civil, levantamento divulgado nesta quarta-feira  (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando as duas últimas edições do levantamento, 2016 e 2017 (divulgada ontem) o número de casamentos oficializados em Alagoas foi de 15.789 em 2016. Já no ano passado, 14.747 casamentos foram registrados nos cartórios do estado. A redução foi de 6,6% no estado. Em todo o país os casamentos apresentaram retração de 2,3%. Em relação aos divórcios o crescimento foi acentuado, 25%, enquanto a média nacional foi de 8,3% de alta. Foram registrados 4.237 divórcios em 2016 e 5.321 em 2017 em todo o estado. Segundo o IBGE, o tempo médio dos casamentos também tem diminuído. Em dez anos, o tempo médio das uniões caiu de 17 para 14 anos. “Em 2017, o Brasil registrou 373.216 divórcios, um aumento de 8,3% em relação a 2016 (344.526 divórcios). A taxa geral de divórcio (número de divórcios em relação à população de 20 anos ou mais de idade) aumentou de 2,38 divórcios para cada mil pessoas, em 2016, para 2,48 em 2017”, aponta o IBGE em relatório. O levantamento mostra ainda que em média 40% das mães ficam com a guarda dos filhos, o percentual não sofreu grande variação entre os anos de 2016 e 2017. “De acordo com o tipo de arranjo familiar, a maior proporção dos divórcios se deu entre famílias somente com filhos menores de idade (45,8%). O percentual de divórcios com guarda compartilhada dos filhos teve aumento significativo, passando de 16,9%, em 2016, para 20,9% em 2017, com o maior percentual na região Sul (24,2%). Em 2014, essa proporção nacional era de 7,5%. As mulheres ainda predominam na responsabilidade da guarda dos filhos menores: em 2017, esse percentual atingiu o valor de 69,4%, apesar de inferior ao de 2016 (74,4%)”, informou o Instituto. “Até que a morte nos separe” caiu em desuso, diz psicólogo   Na avaliação do psicólogo Carlos Gonçalves, mudanças culturais têm contribuído para que o estigma do “até que a morte nos separe” seja rompido. “Cada vez mais as pessoas estão mais livres para fazer escolhas, sem cobrança, sem independência, viver sem muitas regras, sem aquela formalidade toda que é uma questão cultural... Hoje em dia não existe mais essa obrigação. Com certeza o número de casamento formal caindo e aumento o de separação mostra que as pessoas estão tendo oportunidades de escolher seus parceiros, experimentando, vivenciando, sem cobranças, vivendo e vendo realmente se é aquela pessoa que quer viver. Aquela visão de eterno, de até que a morte nos separe está mudando muito porque as pessoas estão mais voltadas para suas necessidades enquanto ser humano”, comenta. [caption id="attachment_256111" align="alignleft" width="234"] Para Gonçalves, a visão de eterno está mudando porque as pessoas estão mais voltadas para suas necessidades (Foto: Sandro Lima)[/caption] O psicólogo acrescenta que outro aspecto importante é que a estatística diz respeito a oficialização dos casamentos, enquanto que um movimento de união sem oficialização tem sido muito presente. “Muita gente tem deixado de lado essa questão ritual do casamento. Essa é uma questão cultural que tem mudado. A ideia de casar, fazer toda aquela encenação, todo aqueles ritos de uma religião, tem sido substituído por muita gente se unindo para ver se dá certo, sem oficializar”, ressalta. Para Gonçalves, a questão do imediatismo da sociedade também deve ser considerada, uma vez que as pessoas têm decidido cada vez mais cedo quando é hora de colocar um “ponto final” nos relacionamentos. “Isso me faz lembrar uma entrevista de Chico Anysio. Perguntaram o porquê de se casar tanto, ele casou sete vezes. Ele disse que casava e vivia enquanto durava a paixão. Algumas pessoas também são assim, vivem aquela paixão que cega, mas depois quando vem o dia a dia, a rotina, as dificuldades não querem mais. Tem muito do imediatismo da sociedade, tem a ver com a questão cultural. A mudança vem muito neste sentido, que algumas pessoas vão viver eternamente, mesmo com os conflitos, mas uma grande parte não vive mais para agradar o outro, a sociedade ou a família, vive para o que ela deseja. E isto tem um lado positivo porque quantos casamentos infelizes duraram tanto tempo? Com dor e sofrimento? Isso é bom neste aspecto, porque ninguém é obrigado a viver com o outro por convenções”, diz.