Cidades

Crianças têm cada vez mais influência sobre a economia

TH Entrevista conversa com economista sobre aquecimento nas vendas e o comportamento do consumidor no dia 12

Por Emanuelle Vanderlei com Tribuna Independente 09/10/2018 09h28
Crianças têm cada vez mais influência sobre a economia
Reprodução - Foto: Assessoria
https://www.youtube.com/watch?v=d-HUUYBe4AE Às vésperas do dia das crianças, o TH Entrevista desta semana conversou com o economista Felippe Rocha, da Federação do Comércio do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL). Ele falou sobre as perspectivas para uma das principais datas comerciais do calendário brasileiro e deu detalhes sobre o comportamento do público consumidor. Segundo o especialista, apesar do período de recuperação para a economia, e este ano ter tido uma leve redução em relação ao ano passado, está demonstrada uma certa estabilidade, o que ele considera positivo. “Se levarmos em consideração que a população economicamente ativa, mais da metade, irá consumir adquirindo produtos e serviços especialmente para o dia, é muito positivo e incentiva os empresários a fazer novos investimentos para o final do ano, como o Natal e o Ano Novo”, disse ele. A perspectiva para aquecimento na economia é muito boa. Além dos gastos com presentes, que estão estimados em pelo menos R$ 19 milhões, espera-se que sejam gastos no mínimo R$ 11 milhões só em serviços de lazer no dia 12. O ticket médio (valor médio que cada cliente compra) está projetado em R$ 89. Esses valores são expressivos, e na avaliação de Felippe ajudam o comércio a lucrar e manter empregos. A ascensão dos eletrônicos entre as crianças é uma realidade. Elas costumam “tomar” os eletrônicos dos seus pais à noite, mas isso ainda não mudou tanto o comportamento das compras. Ele explica que esses produtos ainda são muito caros, e a restrição orçamentária aumentou entre 2014 e 2018. “A perspectiva, pelo menos para Maceió, é de que 67% dos produtos que serão comprados serão brinquedos, seguido por vestuário e logo depois os calçados. Os celulares, smartphones serão demandados apenas por 2% da população”. Sobre os preços, a dica de Felippe é pesquisar. “Por conta da demanda ser atípica, os preços oscilam bastante”, ele alerta. “A mesma boneca numa loja custa R$ 50, e na loja do vizinho pode custar R$ 100”, exemplificou. Mesmo com as restrições de classe social, afirma que culturalmente o dia das crianças tem adesão de todas as classes sociais, da classe D até a classe A. “Claro que os presentes que são dados de faixas de renda diferentes são diferentes. As classes A e B dão presentes mais caros, podem dar até eletrônicos. As classes mais baixas acabam dando presentes mais modestos, presentes que são encontrados em armarinho, por exemplo. Mas eles não deixam de presentear”. Pequenos possuem poder de decisão maior nas compras Na era da tecnologia, o economista acredita que as crianças estão cada vez mais inteligentes, e que com essa fartura de dados e informações estão influenciando seus pais a procurar os melhores produtos, ou os que mais interessam a eles. Ele analisa que “as crianças que já tinham peso de decisão, estão tendo cada vez mais um peso maior, porque também estão gerando renda familiar. Hoje existem influenciadores digitais com menos de 10 anos que possuem uma renda oriunda do Youtube de pelo menos R$ 50 mil por mês. Então, as crianças hoje são mais inteligentes, possuem mais informações, e trazem renda para a família, e acabam tendo poder de decisão”. E mesmo com uma proibição na publicidade voltada para as crianças, que virou lei no Brasil há alguns anos, a economia tem se reinventado e se mantido com a mesma procura. “Hoje existem crianças que são influenciadoras digitais e possuem canais que acabam fazendo revisão de brinquedos. Estimulam as crianças a pedir a seus pais para comprar esses brinquedos”. Na leitura do especialista, isso não é saudável, porque as crianças não possuem maturidade para essas decisões. “Uma criança não deveria estar pensando em trabalhar com menos de 10 anos. Ela devia estar preocupada mais em brincar em aprender, se divertir. Mas infelizmente a cultura muda, a ética muda também, e isso influencia o trabalho, nas mudanças que ocorrem dentro da sociedade”.